It Was Always You

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Lin mal olhara para a cama. Ela havia aberto as portas corrediças, estava olhando o mar por entre os coqueiros e algo na posição de seus ombros trouxe um aperto à garganta de Kath.

Ela não aguentava vê-la tão infeliz.

Em silêncio, foi até Lin e as duas ficaram olhando a paisagem.

— É bonito, não? Quer ir nadar um pouco?
— Agora não. Acho que prefiro um banho de chuveiro.
— Está bem... Acho que eu vou.

Era quase como se Lin a estivesse evitando deliberadamente.

Enquanto colocava o biquíni e passava filtro solar, Kath disse a si mesma que era besteira ficar magoada.

Pela primeira vez na vida, sentiu-se intensamente consciente do próprio corpo. Lin já a vira de biquíni dezenas de vezes e no passado, ela não teria hesitado nem por um minuto em passar por ela a caminho da praia.

Mas aquilo era antes e agora tudo parecia diferente. Kath vasculhou a mala até achar uma saída de praia e amarrou-a firmemente em volta do busto antes de voltar para a varanda.

— Então, até mais tarde.

Disse o mais casualmente que pôde.

— Está bem.

A voz de Lin estava tensa. Ela ficou observando-a desaparecer pela areia branca por entre os coqueiros e reaparecer alguns momentos
depois em uma clareira, mais adiante.

Kath havia soltado a canga e caminhava só de biquíni rumo ao mar. Lin baixou os olhos para as próprias mãos. Estavam tremendo.

Como sobreviveria àquela semana?

Era tudo culpa de Nitta. Se ela tivesse ficado de boca fechada, teria seguido em frente como sempre fizera, confusa e incomodada com a intensidade da nova percepção física que desenvolvera por Kath, mas capaz de dizer a si mesma que só estava aborrecida com a rejeição de Nitta e impedida de raciocinar direito. Agora, não podia mais fazer isso. Estava tudo claro.

Era evidente que estava apaixonada por Kath e que talvez sempre tivesse estado. Enquanto conseguira convencer a si mesma de que a amava como amiga, tudo havia ficado bem, mas agora que a verdade fora exposta, não havia mais como negar: não era só amor que sentia por Kath. Ela precisava de Kath, a desejava, suas mãos tremiam para tocá-la, tomá-la e fazê-la sua.

Só que não podia se permitir sequer pensar no assunto. Kath havia deixado muito claro que estava ali para apoiá-la como amiga. Não era certo tirar vantagem dela, especialmente sabendo o que ela ainda sentia por Lisandre. E mesmo que pudesse dizer que a amava, que motivos Kath teria para acreditar?

Ela lhe julgaria volúvel por ser capaz de estar noiva de uma mulher na sexta-feira e apaixonado por outra na segunda.

Se Nitta não tivesse concluído que seu amor por Bryn era forte demais para resistir, Lin teria se casado com ela.

Ou não? O noivado de ambos sempre tivera um quê de irrealidade.

Quando Nitta sugerira que se casassem, a ideia fizera todo sentido.

Agora, Lin estava vendo que tudo não passara de um ato de desespero de Nitta para tentar superar Bryn, mas a forma como as coisas haviam saído de controle era alarmante.

Lin não guardava ressentimentos.

Estava satisfeita pelas coisas terem vindo à tona antes que fosse tarde demais. E agora não conseguia pensar em mais nada a não ser em Kath, na forma como ela sorria e andava, no calor suave do seu corpo, na textura suave da pele, no brilho dos sedosos cabelos loiros, na vivacidade dos olhos, na risada contagiante e no aroma que enchia o ar mesmo depois que ela havia saído. Lin precisara de muita força de vontade para não passar o braço em torno dela quando Kath dormira no avião e sofrerá ainda mais para ficar ali e deixá-la passar por ela naquela canga sugestiva que implorava para ser aberta. Ela a beijaria e a puxaria de volta para o quarto e para a cama fresca e convidativa.

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