Darling

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Haviam perdido minutos preciosos até Kath avistar o snorkel se insinuando para fora da água, um pouco adiante. Elvis aproximou o barco de Bryn que, apesar de vê-los se aproximando, apenas acenou e continuou o seu passeio. Lin suspirou.

— Eu vou buscá-lo.

Com um gesto preciso, mergulhou e nadou até Bryn. Estavam longe demais para que Kath ouvisse o que diziam, mas era evidente que Lin estava tendo dificuldade em convencer Bryn a voltar para o barco, apesar de apontar continuamente para a nuvem negra, cada vez mais ameaçadora.

Nitta assistia a tudo, ansiosa.

— Você não pode fazer nada? Ele vai ouvi-la, não vai?
— Não se achar que estou tentando convencê-lo a fazer o que Lin quer. Bryn tem ciúme de Lin porque... bem, você sabe...

Sim, Kath sabia, mas não parecia ser uma boa hora para ciúme bobo.

Felizmente, naquele momento alguém gritou que os dois estavam voltando ao barco. Ninguém soube ao certo o que Lin havia dito a Bryn, mas pela expressão no rosto de Bryn, não fora nada muito agradável.

— Não sei para que esse exagero todo. Essas nuvens não estão nem perto e, mesmo que estivessem, eu não tenho medo de uma chuvinha tropical!

Ele apontou com a cabeça o local onde Lin estava conversando com Elvis.

— A Kommandant parece estar insistindo em que voltemos, mas eu não entendo qual é o problema de ficarmos.
— Não há abrigo aqui.

Bryn apoiou a mão no mastro que prendia as velas.

— Isso basta para nos proteger da chuva. Talvez fiquemos um pouco molhados, mas logo passará. E sempre assim com essas tempestades tropicais.
— Vai ser mais que uma tempestade passageira. Aqui fora, ficamos expostos demais. Precisamos voltar para alguma daquelas ilhas pelas quais passamos e procurar abrigo. Pelo menos assim sairemos do barco. Ele não foi
concebido para o mau tempo.
— Pois eu digo que devemos ficar aqui mesmo.

Bryn desafiou, passando os olhos pelo grupo.

— Quem concorda comigo?

Lin avançou até ficar a menos de um palmo de distância de Bryn.

— Isso não está em votação.

Disse, baixinho, mas numa voz que fez um calafrio percorrer a espinha de Kath. Ela nunca ouvira Lin falar daquele jeito antes e ficou grata pela raiva não ser dirigida a ela.

— Há uma tempestade se aproximando. Esse barco não é seguro e, como Kath observou, não há como nos abrigarmos aqui. Eu não estou disposta a arriscar a vida de Kath ou de quem quer que seja apostando em "só uma tempestade tropical". Isso não está em votação. Vamos voltar para a última ilha o mais rápido que pudermos. É o mais prudente a fazer.

Bryn sentou-se na traineira, mal-humorado. Lin foi se sentar ao lado de Elvis, que parecia nervoso e mais jovem do que nunca.

— Tudo certo, Elvis.

Disse Lin, tocando o rapaz no ombro.

— Toda força à frente!
— Com que direito ele fica dando ordens a todo mundo? Daqui a pouco vamos ter que marchar. Se eu soubesse que estava me alistando no
exército, nunca teria concordado em vir para essa semana.
— É uma pena que tenha.

Cochichou Cassandra ao lado de Kath.
Kath olhou os rostos ansiosos a sua volta.

— Lin sabe o que está fazendo.

Em tom de voz suave, Kath procurava tranquilizar os companheiros.

— É. Cale a boca, Bryn.

Disse Nitta, tensa. Continuava muito quente, não havia vento e o mar estava tão calmo e claro que era possível ver cardumes de peixes embaixo d'água. Havia algo assustador naquilo, pensou. Adiante, tudo estava calmo e perfeito. Atrás, a escuridão ameaçadora se aproximava cada vez mais, tomando conta do céu azul e avançando inexoravelmente sobre eles.

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