𝟏𝟎. 𝐌𝐚𝐥 𝐄𝐬𝐭𝐚𝐠𝐧𝐚𝐝𝐨

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A vida é bela, mas você não tem a menor ideia

O Sol e o azul do oceano

A magnificência deles não faz sentido para você

Black Beauty — Lana Del Rey

Uma existência baseada em ilusões ainda é uma vida? Precisa haver um propósito, sentimento ou razão? Mas e se não houvesse nada disso, e o que tivesse fosse apenas uma voz incensurável dentro de sua cabeça ordenando algo?

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Uma existência baseada em ilusões ainda é uma vida? Precisa haver um propósito, sentimento ou razão? Mas e se não houvesse nada disso, e o que tivesse fosse apenas uma voz incensurável dentro de sua cabeça ordenando algo?

Demon ouvia aquela voz, por vezes calma, outras, irada. Nada a silenciava, estava por toda parte e lugar. Houve um tempo em que ela o deixou em paz, e foi o suficiente para ele recobrar a sua autonomia, embora imaginasse que ela ainda tinha um certo poder sobre ele.

Como um vento que sopra sobre um tabuleiro e muda as peças de lugar, ela volta, bagunçando e o retirando do centro das próprias escolhas. Isso é perigoso, como uma arma sem controle atirando sem parar.

Elevando as mãos frente ao rosto, esfregou aquela parte, coçando os olhos. Isso não lhe ajudaria a driblar os pensamentos, mas por um instante pensou que pudesse.

Ainda estava em seu escritório, passando os olhos entre os papéis e o relógio. Em outra ocasião, teria aberto uma garrafa de uísque e bebido lá embaixo, no bar, e teria pedido para Stella dançar para ele, o que ela faria de bom grado, só que ultimamente não tinha nenhum interesse em vê-la ou pedir algo para ela ou para qualquer outra mulher.

Sua mão voltou para a mesa em busca de um lápis, procurava rabiscar algo quando a porta se abriu e uma mulher passou por ela. Os sapatos faziam um som abafado naquela área e não conseguia evitar se sentir incomodado com isso.

— Disse confiar em mim para as escolhas dos funcionários — Agatha entrelaçou os braços sobre a camiseta branca que usava — Aconteceu alguma coisa?

— Trouxe as informações? — Demon estendeu o braço sobre a mesa — E confio em você para isso, só quero saber de algumas coisas.

— Eu sei o que aconteceu com ela... — Seus olhos se fecharam e suspirou — Não devia ter deixado ela sair sozinha tão tarde.

— Vou cuidar disso — ele prometeu. Agatha estendeu os papéis na pasta para ele, que segurou rapidamente — Não se preocupe, ela está bem.

— Não é só com ela que estou preocupada. — As mãos encontraram a cintura fina e a apertou. — Demon, não acha que precisa tirar um tempo para si?

Ele parou por alguns instantes segurando o papel entre as duas mãos, com o olhar perdido nas letras digitalizadas. Não leu nada, tudo à frente de seus olhos era como um grande redemoinho.

— Todos nós às vezes precisamos de alguém que nos guie por um caminho — Agatha se apoiou contra o estofado da cadeira — Sei que Ghoul via em você uma espécie de máquina, mas não precisa ser assim agora. Você está no controle.

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