𝟏𝟏. 𝐑𝐞𝐩𝐫𝐢𝐦𝐞𝐧𝐝𝐚

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Você parece tão inocente

Mas a culpa em sua voz te entrega

Você sabe o que eu quero dizer

Your Love Is A Lie  — Simple Plan

 Existe um momento na vida de todos os seres humanos

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 Existe um momento na vida de todos os seres humanos. Um tempo de transformação, por assim dizer. A puberdade.

Uma parte procura apoio entre si, amigos próximos que estão passando pela mesma fase ou busca entendimento com os pais, médicos e até aqueles vídeos no YouTube.

Pode ser algo especial ou completamente tenebroso para a maioria. No caso das meninas, elas experimentam a mudança de humor, muitas vezes radicais durante o dia, acompanhado de mudanças também em seus corpos e algo que terá que lidar por um bom tempo, a menstruação.

Ainda na adolescência, assistindo às garotas no orfanato comentarem sobre o que estava acontecendo em seus corpos, Isadore não entendia porque ainda não havia notado nada diferente. Continuava magra e seus peitos ainda estavam pequenos, assim pensava.

Não poderia lamentar isso para a Magda ou a Abadessa, tinha medo do que elas diriam quando ela demonstrasse qualquer descontentamento com o próprio corpo. Se falasse com as meninas, correria o risco da conversa se espalhar, então guardou tudo para si.

Evitar aquele assunto só fez com que ele perdurasse por muito mais tempo, e em certo momento pareceu ter esquecido ou poderia não dar a mínima. Mas o fato é que aquele pensamento ainda estava lá, no fundo, de sua mente.

Poderia haver um motivo para a ideia ter se afastado do seu consciente. Outros assuntos chegavam, substituindo e dando a ela outra direção para se afundar.

Mas agora, no presente, com sua imagem refletida no espelho gigante, algumas inseguranças voltavam à tona.

Isadore havia prendido seu cabelo em um rabo de cavalo e vestia uma camiseta branca de Demon sem nada por baixo. Seu corpo nu transparecia através do tecido, mas isso não lhe chocava muito, estava sozinha e esperava a sua roupa secar. Ela apertou as laterais da camiseta em volta do seu corpo, grudando a sua cintura. Seus peitos assumiam uma pequena protuberância logo abaixo de seu pescoço e suas pernas longínquas deslizam uma contra a outra em sinal de ansiedade e impaciência.

— Não parece tão mal... — Ela segurou a barra do tecido e a puxou na altura da metade das suas coxas. Deu uma meia volta em frente ao espelho, encarando seu corpo com os ladrilhos brancos e pretos ao fundo no espaço minúsculo da lavanderia. — Que droga, nem sei porque estou preocupada com isso.

O som da máquina de lavar avisando que o tempo havia acabado, lhe tirou dos pensamentos e até a agitou um pouco. Por sorte não teria que esperar muito para que suas roupas secarem, para isso tinha a secadora do lado.

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