𝟏. 𝐏𝐫𝐨𝐟𝐞𝐭𝐢𝐬𝐚

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Querida irmã, pode me ajudar a mentir?

Eu disse a verdade por tantos anos

Mas ninguém parece querer ouvir que

Eu não sou outra pessoa por dentro

Dear Sister — The Pretty Reckless

Quando criança, a jovem Isadore tinha alguns sonhos

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Quando criança, a jovem Isadore tinha alguns sonhos.

O primeiro de todos e o mais especial para um daqueles que viviam nos grandes muros, era ter uma família. Apenas desejava um pouco de afeto, uma cama quentinha e um beijo de boa noite, coisas que não teve e nem teria.

O segundo desejava era encontrar a mãe ou o pai, mas tudo apenas indicava que eles sequer estariam vivos depois de tanto tempo. Mesmo que tivesse tentado arrancar algumas informações das freiras que circulavam o local, não teve muito sucesso. Elas sempre olhavam em seus olhos e desviavam como se estivessem cometendo algum pecado. A única informação que conseguiu por meio de muita insistência foi que foi deixada na escadaria da capela.

Ela não poderia dizer que esteve sozinha durante sua vida, embora não tivesse sido adotada, assim como outras crianças, quanto mais velha fosse se tornando, mais difícil era para se conseguir um lar. Na verdade, Isadore teve um lugar junto de outras pessoas, uma base para se apoiar junto das irmãs, mas, queria mais.

Perdida em seus pensamentos nem percebeu que alguém se aproximava.

— Espero que esteja se comportando — A mão calejada da superiora alcançou o seu ombro, pressionando-a, fazendo se endireitar. — Já eu não estou lá para me certificar disso.

Isadore arrumou sua postura acima da madeira prensada usada como sustentação no balanço improvisado e afundou os pés no gramado. Um montante de terra abria espaço entre seus dedos, lhe fazendo cócegas. Aquilo foi como reviver alguns bons momentos de um passado distante.

— Eu ju... — Ela iniciou, mas parou ao ver a sobrancelha arqueada da superiora esperando que ela cometesse o erro, porém deu um jeito de contornar a situação. — Prometo que estou.

Aprenderá que nunca deveria usar o juramento.

Jurar é pecado!

A jovem a olhava por cima do ombro e a via, mantendo a mesma postura ereta e o nariz empinado, que mesmo com aquela carranca não conseguia esconder que era uma mulher de bom coração que fazia de tudo para manter a disciplina dentro daqueles muros.

Seus olhos escuros escondiam uma dor que sempre tentava mascarar, mas se prestasse bem atenção, saberia que havia algo lá, bem, no fundo, e não importava o esforço que colocasse, sempre iria ficar ali presente.

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