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Ele acabou de estacionar o carro aqui no estacionamento do restaurante, ele destravou o carro e na hora que eu ia descer ele falou pra eu esperar, fiz o que ele pediu e esperei

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Ele acabou de estacionar o carro aqui no estacionamento do restaurante, ele destravou o carro e na hora que eu ia descer ele falou pra eu esperar, fiz o que ele pediu e esperei. Ele deu a volta no carro e abriu a porta pra mim e me estendeu a mão, agradeci.

Quando eu virei pra ir andando, senti a mão dele na minha cintura, travei por um instante mas tentei agir naturalmente e continuei andando.

Ele deu o nome dele na recepção e guiaram a gente para o segundo andar do restaurante em uma parte mais distante do pessoal, é até um pouco escura, mas nem tão, uma iluminação ideal.

— Gostou do lugar? — Perguntou se sentando na minha frente, o garçom veio até nós e entregou os cardápios.

— Amei aqui, lindo demais! — Eu já tinha vindo aqui uma vez, e o risoto daqui é magnífico, então já sabia o que eu ia pedir.

— Já sabe o que vai querer? — Perguntou me olhando.

— Já, vim aqui uma vez com o Rapha, e amei o risoto de camarão daqui, vou pedir ele.

— Acho que vou pedir o mesmo. E pra beber, vai querer o que? — Tirou os olhos do cardápio pra me olhar.

— Acho que pode ser vinho tinto, você gosta? — Ele assentiu com a cabeça e chamou o garçom que logo anotou os nossos pedidos.

— Me fala uma coisa, morena, como você e o Raphael são irmãos sendo que são nenhum pouco parecidos.

— Acho que pouca gente sabe, mas eu e o Raphael somos irmãos só por parte de pai.

— Como isso? Porque até onde eu sei, os pais dele ainda são casados, e você é mais nova do que ele. — Ele me olhou com a sua melhor cara de indignação e surpresa.

— Vou resumir. Os pais dele já era casados, mas pelo que eu sei, eles brigaram em uma noite por sei lá qual motivo, e terminaram. Meu pai decidiu sair com os amigos, e lá encontrou minha mãe, eles ficaram somente naquele dia e nunca mais. Minha mãe voltou pro Rio, e meu pai voltou pra casa e se entendeu com a minha madrasta. — Ia continuar contando a história quando o colombiano me interrompeu na melhor parte.

— Peraí, você é carioca? — Balancei em confirmação — Por isso percebi que seu sotaque é um pouco diferente do pessoal daqui, mas continua a história, tá interessante.

— Voltando, meses se passaram e os sintomas começaram a aparecer, minha mãe decidiu fazer o teste só por desencargo de consciência, e aí deu positivo na hora. Ela disse que ficou desesperada, até por que minha mãe tinha acabado de fazer dezoito e estava grávida. A mulher ficou em choque total, e outra, ela tinha acabado de começar a namorar, e tinha o risco do filho não ser do meu padrasto, aí que ela se desesperou mais ainda com medo do filho ser de um estranho, o namorado largar ela e ela ser mãe solo. Ela deu um jeito de conseguir o número do meu pai, ligou pra ele e avisou tudo, e avisou ao namorado dela também, e avisou a minha vó que ficou do lado da minha mãe desde o início. — Eu contava tudo na maior empolgação e o Ríos não piscava o olho por nada, parece até que eu estava contando a reta final da novela das nove. — Resumindo, eu sou filha do meu pai, ele me assumiu e cumpriu e cumpri até hoje seu papel de pai, minha mãe e meu padrasto estão juntos até hoje também, assim como a mãe do Rapha e meu pai.

— Caraca, que história. Juro, eu ia morrer e não ia saber que vocês não são filhos da mesma mãe, pensava que você poderia ter puxado algum tio, tia, avô m, sei lá. Mas nunca passou pela minha cabeça que fosse essa história toda. Mas se você é carioca, e seu pai mora aqui em São Paulo, como vocês faziam pra ser ver? — Ele tá muito interessado na história da minha vida, e isso me faz soltar um sorriso de canto, mas assim que eu o percebo trato logo de desfazer.

— Eu vinha pra cá nas férias, mas quando eu ainda era bebezinha meu pai que ia me visitar junto do Rapha. Eu só vim morar aqui com dezoito, quando estava preste a entrar na faculdade. — Assim que eu terminei de falar nossos pratos chegaram. Agradecemos ao garçom e começamos a comer.

— Que história hein, isso daria um bom filme, e com certeza eu assistiria. — Nunca parei pra reparar, mas ele fala puxando muito o S.

— Você é realmente colombiano? — Perguntei, não é possível, ele fala português perfeitamente bem, e ainda tem sotaque carioca. — Não por que assim, você fala bem demais, e ainda tem sotaque carioca. Tá no Brasil a quanto tempo?

— Eu estou no Brasil a uns cinco anos. Vim pra ca em 2019, pra poder jogar na base do Flamengo, e uns dois anos depois eu fui jogar no Guarani, e no ano passado assinei contrato com o Palmeiras. — Temrinou de falar e deu um gole no vinho. Ele fica feio nunca?

— Você jogou no Flamengo? — Ele concorda com a cabeça. — Acho que por isso você tem muito sotaque, você puxa muito o S nas frase, uma graça.

— Eu vim pro Brasil sem saber falar nada, e tive que aprender na marra a falar. Ou eu aprendia, ou era zoado pelo resto do time, então eu preferi aprender.

— Deu muito trabalho a aprender outra língua?

— Não muito, pelo menos eu achei, eu ouvia música direto, foi isso que me ajudou a aperfeiçoar melhor o meu português.

— Juro, se o pessoal não tivesse me dito que você era colombiano, eu nunca desconfiaria.

— Descobriu como o meu disfarce? — Falou em to de mistério e eu dei uma risada.

— Uma vez eu saí pra jantar com o pessoal do time, só com os que eu falo mesmo. Ai eles não paravam de falar do "Colômbia" — Fiz aspas pra me referir ao país dele. — E eu fiquei curiosa, juro, quando eles falaram quem era o Colômbia e o porque desse apelido eu fiquei chocada, minha boca fez um O perfeito. — Ele soltou uma risada da minha última fala e da imitação do O que minha boca se formou quando descobri a origem dele.

amor em jogo; Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora