6. Leve-me à igreja

324 31 22
                                    

– Acorda, Lili, está na hora do culto. – Ouvi minha mãe dizer da porta do quarto. Era a primeira vez em muitos anos que eu não queria ir ao culto. Minha cabeça doía, meu corpo doía ainda mais.

Quando cheguei em casa tomei um banho bem longo para tirar o cheiro de Jennie de mim, aquele perfume estava me enlouquecendo o caminho inteiro. Durante o banho percebi algumas marcas feitas por ela ao longo do meu corpo. Esfreguei minha pele como se todo o pecado fosse sair de mim com aquela esponja, como se o sabão fosse capaz de tirar da minha mente todas as lembranças.

Lembranças visuais do corpo de Jennie. Lembranças auditivas dos sons de Jennie. Lembranças olfativas do cheiro de Jennie.

Lembranças de Jennie.

Obviamente o banho não resolveu nada, pois quando me levantei da cama para ir ao culto até os lábios dela em meu pescoço eu consegui sentir.

O culto foi uma experiência muito difícil para mim. Assim que cheguei os mesmos atletas da festa vieram falar comigo como se fôssemos muito próximos. Jennie sorriu para mim do lugar dela, o que quase me fez chorar, pois meu coração estava saltitante, mas minha mente me fez virar o rosto e fingir que não a vi.

Quando me sentei ao piano pouco antes de começar o culto, Rosé chegou perto de mim para perguntar sobre a festa. Balbuciei um "comum" desanimado, mas sabia que ela viria perguntar mais depois. Ela não gostava de respostas rápidas.

Antes da melodia começar, Jennie acenou para mim, e mais uma vez fingi que não vi, concentrando-me nas teclas do piano. Durante toda a canção eu não tive coragem de levantar os olhos. E não precisava. De olhos fechados eu estava com todos os pensamentos da madrugada visíveis. Jennie estava tão fresca, tão linda, tão perfeita em meus olhos fechados quanto se eu estivesse olhando para ela.

Não consegui prestar atenção em nenhuma palavra do pastor. Quando todos se levantaram foi até um susto para mim.

Rosé veio até mim em busca de suas respostas, mas antes mesmo dela abrir a boca, Jisoo chegou perto de nós.

– Manoban! Você fez sucesso ontem! Uma pena ter saído tão cedo. – Ela disse me dando um pequeno abraço de lado.

– Eu disse que aquele vestido ficaria ótimo. – Rosé se gabou, mas me lançou um olhar desconfiado bem rápido.

– Ela foi o assunto mais falado da minha festa... Fiquei quase chateada, o assunto deveria ser eu, mas ser você foi uma grata surpresa. – Jisoo riu.

-Uma grata surpresa com certeza. – Rosé me olhou com as sobrancelhas levantadas.

– Felix enlouqueceu. – Jisoo continuou.

-Felix? – Rosé moveu os lábios para que Jisoo não percebesse.

– E você, gatinha? Por que não foi? – Jisoo se virou para Rosé. – Jennie avisou que convidaria as duas. – A menção ao nome dela me arrepiou.

– Não é todo dia que nossas avós fazem cem anos... – Rosé sorriu quase sem jeito.

– Entendo. Na próxima você não pode faltar. – E saiu mandando beijinho para nós.

Rosé ficou com uma expressão surpresa enquanto olhava Jisoo caminhar até a saída da igreja.

– Ai. Meu. Deus. – Ela sussurrou. – Esse seu trabalho colocou a gente na A-list.

– Estamos mais para C-list. – Eu ri sem vontade enquanto juntava minhas partituras para guardar.

– O assunto mais comentado de uma festa de Kim Jisoo com certeza merece pelo menos um B-list. – Rosé brincou e sentou-se ao meu lado.

The heaven between us | JENLISAOnde histórias criam vida. Descubra agora