13. Óculos escuros

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Hyunjin passou na minha casa na manhã seguinte para me levar até o colégio. Ele disse que queria conversar com o pessoal e ver como as coisas estavam. Aparentemente ele estava de bom humor, estava com um sorriso radiante.

– Nossa, estamos num ótimo dia. – Falei quando entrei no carro. Ao contrário dele, meu humor estava lá embaixo.

– Claro que estamos. – Ele respondeu dando partida. – É bom estar de volta. E agora com uma B-list do meu lado significa que teremos festas.

Ri sem humor quando ele deu partida no carro. Depois de chorar a noite toda, decidi conversar seriamente com a Jennie... Isso se ela aceitasse conversar comigo. Fiz até uma oração para que ela estivesse aberta ao meu pedido de desculpas.

– Taehyung vai dar uma festa, convidou Felix e o convite se estendeu a mim por eu ter voltado.

– Uhul! – Exclamei rabugenta. Eu sabia que não era justo descontar no Hyunjin, mas eu não conseguia controlar.

– E você vai comigo. – Ele continuou.

– Não vou não.

– Ah, Lisa. Só vou passar esse final de semana aqui. Vai mesmo me deixar sozinho? Não me ama mais? – Ele fez beicinho.

– Vou pensar, ok? – Revirei os olhos. Ir a uma festa não estava nos meus planos, muito menos sem a Jennie. Duvido que ela não tenha sido convidada, mas ir como acompanhante do Hyunjin me parecia tão errado.

Quando entramos no estacionamento do colégio, por ironia do destino Jennie estava saindo de seu carro. Ela me viu com Hyunjin e desviou o olhar, buscando a mochila no banco de trás. Assim que a vi me apressei para sair do carro.

– Valeu pela carona! – Falei batendo a porta do carro e andando rápido em direção a Jennie.

– Pensa com carinho! – Ele gritou e eu fingi que não ouvi.

Jennie estava mexendo na mochila quando cheguei perto dela. Ela estava de óculos escuros, eu queria tanto ver seus olhos de gatinho.

– Oi! – Falei tentando soar animada, como se eu não estivesse tremendo até por dentro.

– O namorado te trouxe hoje? Que meigo. – Ela respondeu secamente.

– Não, quem me trouxe foi o Hyunjin. – Ela bufou quando respondi e passou a mochila pelas costas, andando em direção ao colégio. – Imaginei que você não iria me buscar.

– Por que eu faria isso?

– A gente precisa conversar.

– Vai terminar comigo? – Ela parou e se virou para mim. – Não precisa, não precisamos terminar o que nem começamos. – E voltou a andar.

– Não, não vou. E começamos sim. – Falei tentando acompanhar o ritmo de sua caminhada. Seus passos eram largos, ela fugia da minha companhia. Segurei seu braço para ela parar um pouco. – Você pode por favor me ouvir?

– Não.

– Por favor, Jen.

– Para você é Jennie. – Ela respondeu azedamente. Se a intenção era magoar, ela conseguiu. Mas eu sabia que seria difícil e não desistiria tão facilmente.

Jennie estava magoada com toda razão.

– Olha, eu sei que errei muitas vezes, sei que parece que não estou tão interessada assim, mas eu estou. – Eu me aproximei um pouco e passei uma mecha de seu cabelo por trás de sua orelha. – Eu sou louca por você, ninguém vai mudar isso. Pode me perdoar?

– Lisa. Chega de papo furado. – Ela empurrou minha mão e se afastou de mim. – Você me largou ontem para ir atrás de um cara que você não via desde os dezesseis anos. E eu entendo, é mais fácil para você. Sem preocupação, sem culpa, você pode dar um beijo e desejar boa aula e não precisa se esconder no banheiro.

– Não é nada disso.

– Mas pode ser isso também. – Ela tirou os óculos escuros. Percebi que seus olhos estavam inchados, como se tivesse chorado bastante. Provavelmente segurava as lágrimas naquele momento. – Está difícil para você, está difícil para mim. Mas se você não está disposta...

– Eu estou. – Sussurrei.

– Alguém está. – Ela continuou, me ignorando. – Eu não vou ficar me humilhando atrás de você.

– Oi, Jennie. – Ouvi uma voz chegando perto de nós. Jennie colocou os óculos de novo. – E aí, Manoban.

– Moonbyul. – Jennie respondeu com uma falsa alegria antes de sair enroscando os braços na outra, me abandonando atrás delas para apenas assistir o casalzinho.

Eu quis tanto pegar aquele cabelo bonito de Moonbyul e arrastar até o chão. A existência dela me irritava. A forma com que ela passou os braços pelo ombro da Jennie me irritou. A ideia de ela ser melhor do que eu para Jennie me irritou.

Quase chorei ali de frustração. Jennie parecia bastante decidida a me ignorar pelo resto da vida dela. Eu já tinha presenciado a raiva dela, mas não assim. E as palavras dela sobre ser mais fácil estar com Hyunjin vinham de um lugar que eu conhecia. Também passei madrugadas pensando nisso.

Mas eu não queria o que era mais fácil, eu queria Jennie Kim. Que por acaso parecia ser muito difícil de conseguir.

The heaven between us | JENLISAOnde histórias criam vida. Descubra agora