05: Encontro na biblioteca.

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Angel Zabini

Era uma tarde fria e chuvosa, e a biblioteca estava especialmente silenciosa. Meus livros estavam espalhados pela mesa, uma bagunça de anotações e papéis que refletia minha confusão. Eu estava tentando entender "Plantas Mágicas e Seus Usos", mas parecia que cada página só me fazia sentir mais perdida.

Ainda estava pensando bastante sobre o que havia acontecido com Neville ontem a tarde, mas ainda sim tentava me distrair e desviar de minhas próprias emoções. A chuva que caía lá fora parecia ecoar minha inquietação interna, batendo suavemente contra as janelas da biblioteca. O som monótono das gotas ajudava a criar um ambiente propício para a reflexão, mas também amplificava minha sensação de desconforto.

Cada vez que meus olhos se desviavam das páginas do livro, minha mente voltava para o gesto de Neville e a maneira como ele havia me olhado. Havia algo nele, algo que eu não conseguia exatamente definir, que mexia com meus sentimentos de forma perturbadora. Eu havia tentado racionalizar o motivo de ter me envolvido tanto naquela situação, mas, ao invés de clareza, a reflexão só aprofundava minha confusão.

A biblioteca, normalmente um refúgio para mim, parecia agora um lugar de pensamentos forçados. As estantes de livros ao redor pareciam me observar, como se esperassem que eu encontrasse respostas ali. A luz fraca que entrava pela janela era suficiente para iluminar as palavras nas páginas, mas não parecia capaz de clarear meus pensamentos.

Enquanto virava mais uma página do livro, sem realmente absorver seu conteúdo, a sensação de que estava tentando evitar algo ficou cada vez mais evidente. O que eu realmente estava tentando escapar era a confusão sobre meus próprios sentimentos em relação a Neville e o impacto que isso estava tendo em mim. Era como se a leitura fosse uma forma de distração, uma maneira de esconder o que estava acontecendo dentro de mim. Tentei me concentrar nos estudos.

Olhei novamente para as palavras à minha frente, tentando compreender como as propriedades mágicas das plantas poderiam ser tão complicadas. Os diagramas e termos técnicos, como "essência de raízes de mandrágora" e "preparação de infusão de hera venenosa", se misturavam na minha mente. Eu lutava para conectar a teoria com a prática, e minha frustração só aumentava. Minhas anotações estavam cheias de rabiscos e marcas erradas, uma representação visual da minha luta interna para entender o material.

No entanto, o que tornava tudo ainda mais desafiador era o fato de que, enquanto eu tentava concentrar minha atenção nos livros, os pensamentos sobre Neville continuavam a me assombrar. Ele, que era um entusiasta de Herbologia e se destacava na matéria com um brilho de paixão que eu nunca havia compreendido totalmente. A maneira como ele se dedicava aos estudos sobre plantas, sua facilidade em manusear e identificar as ervas, contrastava tão fortemente com a minha própria luta que era impossível não pensar nele enquanto lutava para entender o conteúdo.

Cada vez que eu lia sobre uma planta ou suas propriedades, a imagem de Neville vinha à mente, sua expressão concentrada e a maneira como ele falava com entusiasmo sobre suas descobertas em aula. Era como se a própria matéria estivesse carregada com a lembrança de sua paixão, forçando-me a confrontar não apenas minha dificuldade com o assunto, mas também a maneira como ele parecia estar entrelaçado com a experiência.

Eu me via pensando em como Neville se destacava onde eu falhava, em como sua dedicação e interesse contrastavam com a minha própria aversão e frustração. Sua presença, mesmo na forma de simples lembranças, parecia adicionar uma camada extra de complexidade ao meu estudo, tornando cada dificuldade uma reflexão de como ele era um exemplo do que eu não conseguia alcançar.

Amor Em Território Inimigo - Neville Longbottom Onde histórias criam vida. Descubra agora