16: A procura de repostas.

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Neville Longbottom

O silêncio do dormitório da Grifinória é uma presença constante, mas essa noite ele parece mais pesado. Os outros já estão dormindo, mas eu estou acordado, perdido em pensamentos sobre o que aconteceu hoje. Não consigo parar de pensar nisso.

Tudo começou de forma tão comum: eu e Angel entregando o trabalho de Herbologia para a professora Sprout. Eu estava nervoso, como sempre fico quando tenho que lidar com trabalhos importantes, mas ela parecia tranquila, até impassível. A gente fez nosso papel, entregou o que precisava e, para minha surpresa, ela não foi embora. Angel não inventou uma desculpa, não se afastou como normalmente faz. Em vez disso, ficamos juntos, vagando pelos corredores de Hogwarts, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo.

Isso foi... inesperado. Ela sempre manteve a postura de alguém distante, inacessível, mas hoje foi diferente. Ela estava ali, ao meu lado, e parecia disposta a permanecer assim. Eu não sabia o que dizer, mas as palavras vieram naturalmente. Conversamos sobre as aulas, sobre os professores, e até sobre coisas que normalmente eu guardaria para mim. E ela me ouviu, de verdade. Isso foi o mais estranho e ao mesmo tempo o mais... especial.

A gente continuou andando, sem destino certo, até que encontramos a Sala Precisa. Eu não sabia o que esperar, mas não podia deixar passar a oportunidade. Quando a porta se abriu e nós entramos, parecia que a sala sabia exatamente do que eu precisava. Era como se o ambiente estivesse preparado para que eu finalmente tivesse coragem de falar o que estava preso na minha garganta há tanto tempo.

E foi isso que eu fiz.

Angel ficou me olhando, com aquele olhar penetrante que só ela tem, e eu soube que não podia mais me esconder. Disse a ela o que estava sentindo, o que estava pensando. Falei de um jeito que nem eu sabia que era capaz. Senti meu coração acelerado, minhas mãos suando, mas não parei. Fui em frente, deixei que as palavras saíssem, mesmo com o medo de que ela me rejeitasse, de que risse de mim ou simplesmente fosse embora.

Mas nada disso aconteceu.

Ela ouviu, e pela primeira vez eu vi algo em seus olhos que eu nunca tinha visto antes: vulnerabilidade. Por um instante, ela baixou a guarda, e eu senti que, de algum modo, a gente se conectou. Quando saímos da Sala Precisa, eu sabia que algo tinha mudado. Mas o quê?

Agora, deitado aqui, revivo cada momento. Fico me perguntando o que ela está pensando agora, se também está acordada, refletindo sobre o que aconteceu entre nós. Sei que não posso esperar que tudo mude de uma hora para outra, mas hoje foi mais um dos primeiros passos, e sinto que não quero voltar atrás.

Angel Zabini é um mistério, uma pessoa cheia de camadas que estou apenas começando a descobrir. Não sei o que o futuro reserva para nós dois, mas estou decidido a não deixar essa chance escapar. Hoje eu fui corajoso, mais corajoso do que jamais fui. E isso me faz pensar que talvez, só talvez, eu tenha uma chance.

Fecho os olhos, finalmente deixando o sono me levar, mas com a mente cheia de pensamentos e o coração cheio de esperança. Amanhã é um novo dia, e eu estou pronto para o que vier.

(...)

O Salão Principal estava cheio, o burburinho das conversas e risadas misturando-se à expectativa pelo início da primeira prova do Torneio Tribruxo, mas minha mente estava em um lugar bem diferente. Eu tentava focar nos preparativos do torneio, mas não conseguia parar de pensar em Angel. Desde nossa conversa na noite anterior, tudo parecia diferente, mais intenso.

Ela entrou no Salão, como sempre, acompanhada de Draco e Blaise. Seu andar era confiante, como se nada no mundo pudesse abalá-la. Mas eu sabia que, debaixo daquela fachada, havia algo mais. Ontem à noite, Angel havia se mostrado diferente, mais aberta, quase vulnerável. Aquele momento na Sala Precisa... Foi real. Eu senti. Mas será que ela também?

Amor Em Território Inimigo - Neville Longbottom Onde histórias criam vida. Descubra agora