20: Entre riscos e recompensas.

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Neville Longbottom

Estava tudo silencioso ao meu redor, mas, dentro de mim, o caos reinava. Desde que Angel disse aquelas palavras — "Podemos tentar, Longbottom" — minha mente não parava de reviver aquele momento. Eu devia estar aliviado, não? Ela não me afastou, não me ridicularizou, nem me ignorou, como eu temia. Mas o tom casual dela, a forma como ela falou... parecia estar me fazendo um favor, como se estivesse concedendo algo que eu não merecia. E, de certa forma, eu me sentia assim. Eu não conseguia entender como uma garota como Angel Zabini poderia sequer considerar estar comigo.

Ela era... tudo o que eu não sou. Confiante, orgulhosa, sempre no controle de cada situação. E eu? Um garoto que sempre esteve à sombra dos outros, que se escondia atrás de livros de Herbologia para tentar evitar o olhar dos mais corajosos. O que eu tinha feito para chegar aqui? Para estar nessa posição, tendo Angel — uma Sonserina, de todas as pessoas — abrindo uma pequena brecha em sua vida para mim?

"Podemos tentar", ecoava na minha cabeça. Isso deveria ser suficiente, não deveria?

Suspirei, me afundando no sofá da Sala Comunal da Grifinória. Meus amigos, Simas e Dino, jogavam xadrez bruxo perto da lareira, trocando provocações como sempre. Mas eu não estava realmente ouvindo. Meus olhos estavam fixos em algum ponto distante, enquanto minha mente vagava, perdida entre a realidade e a lembrança do que havia acontecido.

Eu estava com medo. De tudo. Medo de estragar tudo, de não ser o suficiente, de não conseguir lidar com alguém como ela. Mas também estava com medo de outra coisa... o que aquele beijo significava para mim.

"Eu não consigo parar de pensar nisso", eu havia dito para ela. E era verdade. Desde o momento em que nossos lábios se tocaram, algo dentro de mim havia mudado. Nunca pensei que sentiria algo assim. Uma mistura de felicidade e pavor, uma confusão de sensações que me fazia perder o sono. E agora, estávamos aqui, num território completamente desconhecido para mim.

Olhei ao redor da sala, tentando encontrar algo que me distraísse, mas não adiantava. As palavras de Angel estavam gravadas na minha cabeça. Ela estava com medo também. Aquilo me surpreendeu, porque Angel sempre parecia tão inabalável, tão controlada. Mas, no fundo, ela tinha admitido estar com medo. Medo de como isso mudaria as coisas. E, pela primeira vez, me senti um pouco menos sozinho nesse mar de incertezas.

— Você está bem, Neville? — A voz de Dino me tirou dos meus pensamentos.

— Hm? — Pisquei, percebendo que ele e Simas me olhavam com curiosidade.

— Você tá bem calado hoje, cara — Simas comentou, franzindo o cenho. — Tá tudo bem?

Tentei sorrir, mas sabia que não era convincente.

— Sim, estou... só pensando em algumas coisas.

Dino arqueou uma sobrancelha.

— Isso tem a ver com a Angel Zabini? — Ele perguntou, como se tivesse lido minha mente.

Engoli em seco. É claro que meus amigos tinham notado. Era impossível esconder algo assim. Desde o beijo, Angel estava em minha cabeça mais do que qualquer outra coisa, e eu sabia que eles haviam percebido a mudança no meu comportamento.

— Talvez — murmurei, tentando não dar muita importância ao assunto.

Simas riu, jogando as mãos para o alto como se tivesse vencido uma aposta silenciosa com Dino.

— Eu sabia! — Ele exclamou. — Nunca pensei que veria o dia em que Neville Longbottom iria se meter com uma Sonserina. E logo com a Zabini!

Senti meu rosto esquentar.

Amor Em Território Inimigo - Neville Longbottom Onde histórias criam vida. Descubra agora