15: A sala precisa.

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Angel Zabini

Saí da Sala Comunal da Sonserina com uma expressão que eu esperava parecer neutra, mas por dentro, meus pensamentos estavam a mil. Por que justo Neville? Eu não conseguia entender como ele tinha se tornado alguém com quem eu parecia não me importar de estar perto. Talvez fosse o fato de que, ao contrário de todos os outros, ele não esperava nada de mim. Ou talvez eu estivesse apenas cansada de lutar contra isso.

Relaxa Angel, é só entregar o trabalho e depois me livrar dele.

Ao virar o corredor, o avistei. Lá estava ele, esperando com aquele jeito desajeitado e ansioso, segurando o pergaminho do nosso trabalho de Herbologia. O jeito que ele sorria quando me viu se alastrou por dentro de mim de um jeito que eu detestava admitir que gostava.

— Oi, Longbottom. Vamos logo com isso? — tentei soar indiferente, como se estivesse apenas cumprindo mais uma tarefa, mas sabia que a minha voz saiu menos fria do que eu queria.

— Claro, Angel — ele respondeu com aquele sorriso nervoso, mas genuíno. Havia algo tão simples e real nele que me desarmava de um jeito que ninguém mais conseguia.

Andamos juntos até a estufa da Professora Sprout, o silêncio entre nós era diferente do que eu estava acostumada. Não era desconfortável, mas carregava algo que eu não sabia muito bem como nomear. Eu observava Neville de soslaio, tentando entender o que exatamente era tão... reconfortante nele. Talvez fosse a forma como ele fazia questão de acompanhar meu ritmo, ou o fato de que ele nunca parecia esperar que eu fosse alguém que não sou.

Neville tentava, de maneira descontraída, falar sobre pequenos detalhes sobre o clima, e eu escutava, não por obrigação, mas porque ele parecia realmente envolvido no assunto.

Ao chegar à estufa, fomos recebidos pela professora Sprout, que estava ocupada organizando alguns papéis.

— Boa tarde, professora — disse Neville, entregando o pergaminho com o trabalho de Herbologia.

A professora Sprout olhou para nós com um sorriso caloroso e aceitou o trabalho.

— Boa tarde, vocês dois. Vamos ver o que vocês prepararam para nós.

Ela examinou o trabalho com atenção, fazendo algumas anotações enquanto conversava com a gente. O elogio dela ao nosso esforço foi algo que, apesar de eu tentar não mostrar, me deixou um pouco satisfeita.

— Muito bem feito. Vou analisar com calma e devolver para vocês com a nota na próxima aula — disse a professora Sprout, nos devolvendo um sorriso encorajador.

Eu apenas assenti, mantendo minha postura habitual, enquanto Neville, é claro, corava um pouco ao receber o elogio. Ele era sempre assim, tão fácil de ler, tão transparente. Eu, por outro lado, me esforçava para não deixar que ninguém soubesse o que se passava dentro de mim.

— Obrigado, professora — Neville agradeceu, sorrindo timidamente.

Saímos da estufa, e por um momento, esperei que ele sugerisse que nos separássemos ali. Mas ele não o fez. E eu, surpreendentemente, não estava com tanta pressa de ir embora. Então continuamos andando. Sem direção, sem destino, apenas seguindo em frente.

— Você quer... — ele começou a falar, hesitante, como se tivesse medo da minha reação. — Podemos andar um pouco, se você quiser.

Olhei para ele, curiosa. O que ele queria com isso? E mais importante, por que eu estava considerando a ideia? Qualquer outra pessoa já teria recebido uma desculpa rápida para me livrar dessa situação. Mas, ao invés disso, me ouvi respondendo:

— Por que não?

E então, seguimos. Caminhamos por corredores familiares, mas que naquele momento pareciam novos, como se estivéssemos redescobrindo cada canto do castelo. Passamos por janelas que deixavam o sol entrar em feixes dourados, por armaduras que pareciam nos observar em silêncio. Às vezes, Neville começava a falar sobre algo trivial, algum detalhe bobo sobre Herbologia que eu normalmente ignoraria, mas agora, eu estava escutando. Sua voz era suave, e havia algo reconfortante em ouvir a paixão dele por algo que eu achava tão mundano.

Amor Em Território Inimigo - Neville Longbottom Onde histórias criam vida. Descubra agora