Amor Em Território Inimigo - Neville Longbottom

06: A arte da paciência.

Neville Longbottom

Depois de deixar Angel na porta da biblioteca, eu segui pelo corredor, a mente cheia de uma mistura de satisfação e nervosismo. A alegria de ter ajudado Angel e ter visto aquele sorriso genuíno era um alívio que eu não esperava sentir. Mas, ao mesmo tempo, uma sensação de inquietação se instalou em mim, como se aquele momento tivesse deixado uma marca que eu não sabia como lidar, especialmente o olhar dela quando eu estava explicando a matéria.

Eu fingi não perceber, pois sabia que isso a deixaria um pouco desconfortável e provavelmente faria com que ela parasse de me observar. A verdade é que eu estava adorando a sensação de ter seus lindos olhos sobre mim. Cada vez que nossos olhares se cruzavam, um calorzinho se espalhava pelo meu peito e eu mal conseguia esconder o sorriso bobo que surgia no meu rosto. Eu não tinha como disfarçar o quanto a presença dela me afetava; mesmo que tentasse ser discreto, a verdade era que eu estava completamente encantado por ela. Cada olhar seu era como um raio de sol em um dia nublado, e eu não queria de jeito nenhum que isso acabasse.

A biblioteca nunca foi o meu lugar favorito, para ser sincero. Sempre preferi a natureza e os espaços ao ar livre, especialmente jardins onde eu pudesse cuidar das plantas. No entanto, quando a vi indo em direção à biblioteca hoje, não consegui resistir e decidi segui-la. Queria encontrar uma desculpa para me aproximar.

No começo, confesso que estava bastante inseguro, mas algo me deu coragem e determinou a minha decisão de não desistir. Enquanto me aproximava, fui gradualmente me sentindo mais confiante, decidido a não só me aproximar dela, mas também a oferecer minha ajuda de alguma forma. Fiquei surpreso com a minha própria iniciativa, mas também satisfeito por ter conseguido revelar a ela uma parte de mim mais segura.

Enquanto caminhava, cada passo parecia me levar de volta àquele instante. Eu revivia o jeito como seus olhos brilhavam, o jeito como ela desviava o olhar quando eu me aproximava. Havia algo em sua expressão, uma vulnerabilidade oculta sob a superfície, que me fazia querer protegê-la ainda mais. E, ao mesmo tempo, a forma como ela tentava manter a distância, escondendo o quanto se importava, apenas acendia uma chama de curiosidade e desejo dentro de mim.

Eu sabia que não deveria me deixar levar pelos sentimentos, principalmente porque Angel estava claramente lutando para manter a distância. Mas havia algo de intrigante na maneira como ela tentava esconder o quanto estava se importando. Aquele momento em que nossos olhares se cruzaram, e a forma como ela desviava a cabeça, me fazia sentir que havia algo mais ali, algo que eu não conseguia alcançar facilmente.

Voltei para o dormitório, e, mesmo tentando focar nas minhas tarefas, não conseguia tirar Angel da minha cabeça. Era frustrante e, ao mesmo tempo, fascinante. Cada vez que pensava nela, sentia uma mistura de esperança e ansiedade. Eu queria acreditar que, talvez, havia uma chance de que ela realmente se importasse, de alguma forma. Mas eu também sabia que precisava respeitar o espaço dela e ser paciente.

Peguei o livro de Herbologia que estava na minha mesa, a capa agora parecendo carregar um peso extra. A conexão que eu havia sentido ao ajudar Angel parecia refletida na forma como eu via o material. Era como se, de repente, a Herbologia se tornasse mais do que apenas minha matéria favorita; era uma forma de me conectar com ela, de mostrar que me importava, não apenas com o conteúdo dos livros, mas com a pessoa que estava ao meu lado.

Olhei para o livro, imaginando como Angel lutava para entender o material. Havia algo quase poético em ver a forma como ela tentava lidar com suas dificuldades, e eu me via desejando estar lá para ela, não apenas como um tutor, mas como alguém que realmente se importava. Eu queria estar perto dela, ajudar, e, de alguma forma, mostrar que estava disposto a fazer qualquer coisa para tornar as coisas mais fáceis para ela.