Amor Em Território Inimigo - Neville Longbottom

03: A flor da gratidão.

Angel Zabini

A noite no Grande Salão estava cheia de barulho e risos, especialmente com a agitação do Torneio Tribruxo dominando as conversas. As delegações de Beauxbatons e Durmstrang haviam chegado recentemente, e o clima estava vibrante. Eu não estava particularmente interessada na competição, mas parecia impossível escapar dos comentários e especulações sobre os campeões.

Sentada entre meus colegas da Sonserina, minha atenção foi desviada para a mesa dos Grifinórios. Mais especificamente, para Neville Longbottom, que parecia estar passando por um tipo de tortura pública, cercado por amigos que se divertiam às suas custas.

— Acha que os Grifinórios estão comemorando o Torneio ou apenas fazendo o Neville sofrer? — perguntou Draco, levantando uma sobrancelha enquanto observava a mesa ao longe.

— Com certeza é a segunda opção — respondeu Pansy, com um tom sarcástico. — Não que seja alguma novidade, ele só se expõe ao ridículo.

— É, parece que ele está meio que no meio de um espetáculo — observei, tentando manter a conversa leve.

Dafne deu um sorriso para a mesa de Beauxbatons. — Eles parecem tão sofisticados, não é? Eu ouvi que eles têm uma maneira bem elegante de lidar com as competições. Deve ser interessante ver como eles se destacam.

— E os Durmstrang? — questionou Blaise, com um tom mais intrigado. — Eu ouvi que eles têm uma abordagem bem mais agressiva. Deve ser um contraste e tanto.

— Exatamente — confirmou Draco. — E, claro, as fofocas não param. Já ouvi umas mil histórias sobre o que pode acontecer. Os campeões do Torneio sempre estão no centro das atenções.

— Bom, eu só espero que todo esse burburinho não acabe distraindo a gente — falei, tentando desviar os olhos de Neville . — De qualquer forma, temos nossos próprios afazeres.

Enquanto tentava me envolver novamente na conversa, a visão de Neville espreitava pelos cantos dos meus pensamentos. Eu sabia que precisava ignorar essa curiosidade e focar em minha própria vida e objetivos. De qualquer forma, eu estava em Hogwarts para me destacar, não para me perder em enredos e distrações.

Eu o observava de relance, sentindo uma leve irritação pela sua presença. A forma como ele tentava se esconder atrás do cabelo grande, o rosto vermelho, era quase patética. Eu não deveria me importar com ele —eu sempre evitei os Grifinórios e suas disputas. No entanto, algo naquele momento me fez sentir uma leve curiosidade. Talvez fosse o fato de que, em meio às piadas, os olhares de Neville pareciam se fixar em mim com uma intensidade que não podia ignorar.

Percebi também que, de vez em quando, os olhares dos outros Grifinórios se voltavam para mim. Era como se, de alguma forma, eu fosse o centro das piadas deles. Isso só aumentava meu desconforto. Não só eu estava tentando evitar qualquer tipo de conexão com Neville, mas agora parecia que eu também estava sendo inadvertidamente incluída na conversa deles. A ideia de que eu pudesse estar no centro da atenção deles me deixou inquieta.

Ele era apenas um Grifinório a mais na escola, e eu estava determinada a manter meu foco. Seria fácil. Apenas ignorar a presença insignificante dele e fingir que ele não existe.

No entanto, quanto mais eu tentava me concentrar, mais a imagem de Neville se entranhava na minha mente. Sua persistência era quase um desafio pessoal. Eu me pegava pensando em como ele olhava para mim, como se houvesse uma dúvida nos seus olhos que eu não conseguia decifrar. Havia algo em sua atitude que não conseguia ignorar, algo que provocava uma inquietação no meu interior.

E o fato de não conseguir entender esses sentimentos estavam me deixando cada vez mais aflita. Eu simplesmente não posso estar gostando dele. Esse pensamento me atormentava enquanto eu tentava me distrair com os eventos ao meu redor, com a comida e com as conversas dos meus colegas. A frustração de não conseguir afastar essa sensação e a dúvida persistente sobre o que realmente sentia estavam se tornando um peso constante. Cada vez que nossos olhares se cruzavam, o impacto era ainda mais forte, como se estivesse sendo puxada para uma correnteza que não conseguia controlar.