Capitulo 2 Tirania e Grosseria - pag 7

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Wei Wuxian saiu jogando a tigela fora, mas o fez tão rápido e despreocupado que acabou cegado pela luz do sol e ficou um tempão sem conseguir abrir os olhos; sua pele também estava formigando. Ergueu o braço até a sobrancelha e ficou com os olhos fechados por um

momento. Há pouco, A-Tong estava gritando mais alto que A-Ding, mas quando se concentrou para olhar, viu que aquele louco que todos podiam era intimidar. Então ficou mais corajoso e, achando que deveria recuperar a moral que perdeu, foi o expulsando e gritando como se enxotasse um cão:

— Vai, vai! Volta! Por que você saiu?

Um mendigo ou uma mosca não teriam um tratamento pior que esse. Aqueles servos certamente também trataram Mo Xuanyu assim no passado, e ele nunca se defendia, por isso eram tão desenfreados.

Wei Wuxian deu um leve chute e fez A-Tong cair dando uma cambalhota. Rindo daquilo, disse:

— Quem você acha que está desprezando?

Depois do chute, ele foi em direção de onde vinha o barulho na casa. O salão do pátio leste estava rodeado de pessoas, e assim que Wei Wuxian pisou no local, escutou a voz de uma mulher que soava mais alto que todo mundo:

— Temos um jovem na nossa família, também é um que já teve destino cultivador...

Com certeza aquela era Madame Mo tentando conseguir alguma relação com o clã cultivador. Wei Wuxian não esperou ela terminar de falar, enfiou-se entre as pessoas, entrou no salão e bateu palmas:

— Aqui, aqui! Estou aqui!

No centro do salão sentava-se uma mulher de meia-idade, com a aparência bem cuidada, a Madame Mo; ao seu lado estava seu marido; e, de frente, estavam alguns jovens de roupa branca que carregavam espadas nas costas. Como do nada aparecera um estranho todo despenteado no meio da multidão, todos se calaram num instante. Mas Wei Wuxian, que parecia não ter percebido a cena, perguntou:

— Quem estava me chamando? O que tem "destino cultivador" não sou eu mesmo?

Ele tinha pó demais no seu rosto, e assim que sorria, o pó começava a cair. Um jovem de roupa branca, que quase não segurou a risada, recebeu um olhar de repreensão do rapaz ao lado, que parecia estar liderando o grupo, e logo recuperou a compostura.

Wei Wuxian procurou por esse som e, quando encontrou, tomou um pequeno susto. Ele achava que os servos tinham exagerado devido à ignorância, mas quem diria que realmente vieram discípulos de um "clã proeminente".

Esses jovens vestiam roupas brancas e leves como o ar, passando uma aura de outro mundo, eram extremamente bonitos e só de bater o olho nesse traje era possível saber que vinham do Clã Lan de Gusu. Ainda eram discípulos familiares que carregavam o sangue da família Lan, pois todos vestiam na testa uma faixa branca com a largura de um dedo, com nuvens esvoaçantes bordadas.

O lema do Clã Lan era "retidão". Essa faixa na testa representava o princípio de "autocontenção" e as nuvens esvoaçantes eram o em- blema familiar do clã; as faixas que cultivadores convidados ou discípulos sem vínculo familiar vestiam não possuíam esse emblema.

A cabeça de Wei Wuxian doía só de ver as pessoas do Clã Lan. Na sua vida passada ele vivia julgando que o traje deles era igual roupa de luto³, não tinha como ele estar errado.

Fazia tempo desde a última vez que Madame Mo havia visto esse seu sobrinho, por conta disso, demorou um bom tempo para se recuperar

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3. Na China, veste-se branco quando está de luto.

Grandmaster of Cultivation Demoniac - Mo Dao Zu Shi (novel) Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora