Capitulo 2 Tirania e Grosseria - pag 12

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Mas não deu nem a hora de amanhecer e ele já foi despertado da sua meditação pelo barulho que estava fazendo lá fora. No meio de uma enxurrada de passos, choros e gritos se misturavam. O barulho começou a se aproximar, e Wei Wuxian escutou algumas frases:

— ...Entra e arrasta logo para foral

— Denunciem às autoridades!

— Que denunciar o quê, mata logo!

Ele abriu os olhos e viu que alguns servos já haviam invadido. O pátio estava todo iluminado quando alguém gritou:

— Arrastem esse louco assassino para o salão, façam-no pagar com a própria vida!

O primeiro pensamento que ele teve foi: "Será que deu algo de erra- do com o arranjo que aqueles jovens fizeram?".

Era uma invenção dele, bastava um pouco de descuido no uso que já poderia causar um desastre, e era exatamente por isso que ele foi lá para checar se o desenho da Bandeira de Atração Yin estava correto.

Quando as mãos começaram a puxá-lo para fora, ele simplesmente se deixou levar, assim, pelo menos, não precisaria mais bater perna. Depois de ser arrastado até o salão do pátio leste, o que ele viu lembrava uma festa. A quantidade de pessoas presentes não perdia para o tanto de moradores da vila que estavam ali durante o dia; todos os parentes e servos estavam presentes, alguns ainda vestidos com trajes íntimos e despenteados, com cara de apavorados.

Madame Mo estava sentada e parecia que tinha acabado de acordar de um desmaio - marcas de lágrimas mancharam seu rosto e os olhos ain- da pareciam estar molhados. Mas foi só Wei Wuxian ser arrastado para dentro da sala que seu olhar se tornou sinistro.

No chão, estava deitado algo parecido com um corpo humano, coberto com pano branco e mostrando apenas a cabeça. Lan Sizhui e aqueles jovens estavam com uma cara séria e concentrada, agachados no chão enquanto verificavam o corpo e discutindo algo em voz baixa.

— ....Acharam faz menos de meia hora?

— Quando estávamos contendo os cadáveres ambulantes, fomos do
pátio oeste até o pátio leste e o cadáver estava no corredor. Aquela coisa que parecia um corpo era Mo Ziyuan. Wei Wuxian deu uma olhada, não aguentou e olhou de novo.

O corpo parecia ser Mo Ziyuan, mas ao mesmo tempo também não parecia ser ele. Apesar dos traços faciais serem exatamente iguais àqueles de seu pseudoprimo - até porque não era dele, e sim de Mo Xuanyu -, o rosto estava afundado, destacando a órbita e os globos oculares, e a pele toda enrugada. Comparando com o jovem Mo Ziyuan, era como Se tivesse envelhecido vinte anos ou como se todo seu sangue tivesse sido sugado, restando apenas um esqueleto coberto por uma finíssima camada de pele. Se antes o jovem era considerado apenas feio, agora seu corpo estava feio e velho ao mesmo tempo.

Wei Wuxian observava detalhadamente quando, de repente, Madame Mo veio para cima dele. Viu um reflexo frio vindo de algo que segurava - era uma faca. Lan Sizhui rapidamente bateu na mão e a desarmou; a mulher, por sua vez, nem esperou ele abrir a boca e já estava gritando com raiva:

— Meu filho teve uma morte tão trágica, eu quero me vingar por ele! Por que está me impedindo?

Wei Wuxian se escondeu de novo, agachado, atrás de Lan Sizhui.

— O que eu tenho a ver com a morte trágica do seu filho?

De manhã, Lan Sizhui viu Wei Wuxian fazer o maior alvoroço no alão leste, depois ouviu os outros vários boatos exagerados sobre esse lho ilegítimo; sentia muito por essa pessoa adoecida e não se segurou para defendê-lo:

— Madame Mo, no estado que o corpo do seu filho se encontra, com a carne, o sangue e a energia toda devorada, claramente foram espíritos malignos que o mataram. Não deve ter sido ele.

Grandmaster of Cultivation Demoniac - Mo Dao Zu Shi (novel) Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora