Han Jisung
Minho estava dando a péssima notícia sobre as camas para os garotos e eu decidi ter um momentinho de paz.
Coloquei a mala de mão no chão do meu novo quarto e dei uma boa olhada ao redor. As paredes estavam manchadas e a cama parecia extremamente desconfortável.
Minho se ofereceu para trocar de cama comigo, já que eu fiquei com o quarto com a pior das camas, mas eu apenas recusei.
Eu poderia ter aceitado apenas para provocá-lo mais um pouco, já que não parece acreditar em nada do que digo sobre Adam e seu negócio sujo, mas preferi apenas encerrar a conversa e recusar.
Dormir em uma cama extremamente desconfortável não será pior que dividir uma cama com um cara como Adam.
Adam não era um bom marido e muito menos um bom pai. Ele não parava em casa mas sempre arranjava um jeito de controlar nossos passos.
Madelyne, a governanta da casa, estava sempre de olho nos meus passos. Ela gostava de ter o poder de me chamar atenção e me fazer quase implorar para que ficasse calada.
Adam a contratou exclusivamente para cuidar da minha vida. Ele só a chamava de governanta para soar um pouco mais aceitável. Mas a verdade é que Madelyne era paga para regular a quantidade de comida em meu prato, quantas horas eu ficava no computador e em quais sites eu entrava.
Ela contava a ele cada palavra que eu dizia e cada "bom dia" dado a algum empregado. E a mulher gostava do trabalho, gostava de se sentir no poder, ela sabia que eu não tinha como demiti-la, que quem pagava o salário dela era Adam.
Eu não podia dar um passo para fora de casa sem estar acompanhado por ela, o que me causava constrangimentos. Eu tinha que evitar olhares de mais de cinco segundos e não podia escolher meu próprio lanche.
Madelyne fazia as contas e anotava tudo que eu comprava. Mandava mensagens para Adam apenas para dizer que eu deixei o atendente conversar comigo.
Minha vida era um inferno vigiado.
Jimin tinha um pouco mais de liberdade pois Adam não se preocupava tanto assim com ele. Meu filho foi rejeitado desde o dia que nasceu.
Adam queria um marido troféu, um que pudesse controlar e mostrar para as pessoas, mas não um filho.
Adam não queria que eu engravidasse, queria até mesmo que eu tomasse remédios fortes e ilegais para garantir que não acontecesse. O único motivo pelo qual ele não me obrigou a tomá-los foi porque tinha risco de me fazer engordar, e era algo inadmissível.
Alface, tomate e queijo branco, esse era o meu almoço de todos os dias. Algumas noites Jimin levava pão e um pouco de refrigerante, tudo que ele pudesse esconder sob o moletom.
Até que eu passei a recusar os lanches. Adam me fazia subir na balança uma vez por semana, para garantir de que eu não estava ganhando peso excessivo.
Os copos de refrigerante e os pães com queijo amarelo me levaram a engordar quase um quilo, o que levou Adam a me obrigar a fazer exercícios duas horas por dia.
Madelyne era a pessoa designada a vigiar se eu estava cumprindo as duas horas de forma correta.
Ombros para trás, barriga para dentro e bumbum empinado. Eu também treinava como me comportar em reuniões, nas raras vezes que Adam me deixava participar.
Reuniões eram como tortura para mim, um castigo rígido, uma grande punição. Todos os petiscos, pratos refinados, bebidas gaseificadas e sobremesas deliciosas passavam direto por mim.
Os empregados eram instruídos a não me oferecerem, e pedir durante uma reunião era completamente inaceitável.
Adam fazia questão de dar as reuniões em nossa outra casa, para garantir que Jimin não participasse. Adam o excluía e nos separava sempre que podia, então Jimin se acostumou a não nos ver em casa.
A rejeição só piorou quando Adam achou aguns itens considerados femininos nas coisas de Jimin. Madelyne tinha que me vigiar mas isso não a impedia de pegar no pé do meu filho nas horas vagas.
Ela ligou para Adam assim que viu algumas sacolas de lojas femininas. O alfa foi correndo para casa, com sede de punição.
Foi a primeira vez em muito tempo que eu recebi um tapa no rosto. Recebi um tapa por tentar impedir que ele encostasse em meu filho.
Adam direcionou sua raiva para mim. Jogou todas as coisas fora e me levou para o nosso quarto.
Passei algumas semanas trancado, passando pomadas nos hematomas e os escondendo com moletons e cachecóis.
Jimin prometeu que acharia uma forma de nos livrarmos dele. Ele me disse que estava suspeitando de algumas coisas.
Jimin conseguiu reunir alguns documentos falsos que estavam no escritório do pai, mas não era o suficiente.
A amiga do meu filho o ajudou a comprar um celular para mim. Jimin queria garantir que eu conseguira falar com ele sempre, mesmo longe.
E foi com esse celular que eu consegui distrair Adam, para ele não me impedir de ir até a delegacia.
Ouvi algumas batidas na porta do quarto e limpei as lágrimas que escorreram pelo meu rosto. - Papai? Posso entrar? - Jimin colocou a cabeça para dentro e eu forcei um sorriso. - Estava chorando?
- Apenas estava lembrando de algumas coisas. - Decidi não mentir para meu filho, visto que já fazia isso a muitos anos.
- Adam? - Entrelaçou minha mão com a dele e apoiou a cabeça no meu ombro.
- Sim. - Murmurei.
- Estamos em uma casa caindo aos pedaços mas... Pelo menos estamos em segurança. Você não tem Madelyne vigiando, não tem Adam te censurando... Estamos vivendo. - Sorriu.
- Estou com medo. - Confessei. - Adam ainda pode nos encontrar, e eu não consigo esquecer tudo, muito menos me sentir seguro. - Formei um bico com os lábios. - Estamos em segurança, mas até quando? Adam não é amador.
- Acho que o policial também não é. - Me permiti rir um pouco.
- Eu acho que você está chamando ele de policial apenas para provocá-lo. - Mexi as sobrancelhas.
- Às vezes. - Riu com uma das mãos na boca. - Mas como eu estava dizendo... Não acho que os agentes sejam amadores, acho que eles sabem o que estão fazendo, quer dizer... Não colocariam eles para nos proteger se fossem. - Assenti devagar.
- Mas eles não acreditam em nós. - Suspirei cansado.
- E é por isso que eu nem me dou o trabalho de corrigir Jungkook e Sophia. - Franzi o cenho confuso. - Eles me acham um mimadinho de merda, mas não é bem assim... Eu cresci recebendo dinheiro e presentes porque Adam me rejeitava. Eu só fui perceber que tudo era para impedir as pessoas de especularem alguns anos atrás. Eu nem mesmo sabia o que ele fazia para você...
- Você ainda se sente culpado? Eu já disse que não tinha como você saber. Já disse que eu que preferi que não soubesse. - Senti meus lábios tremerem e funguei.
- Por que continuou com ele? - Olhei nos olhos de Jimin e não consegui mais conter meu choro.
- Eu não sei. - Escondi meu rosto com as mãos. - Eu não sei! - Grunhi.
...
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Different Sides | Versão JiKook | EnemiesToLovers
FanfictionLIVRO FÍSICO PELO SITE DA EDITORA SINNA Jisung esteve casado com Adam, um mafioso, por exatos dezenove anos e nunca sequer desconfiou. Adam é levado para a cadeia após seu marido descobrir e entregá-lo. Para colocar Adam de vez na cadeia a justiça...