Marília está em sua sala na empresa, emersa em pilhas e mais pilhas de papéis.
Sentanda em sua cadeira com óculos de grau de armação branca, lia alguns documentos na companhia da Maiara.
Marília: não entendo como deixarem chegar nesse ponto. Olha isso, a uns 5 anos atrás o nível era totalmente o oposto do que está aqui hoje.
Maiara: devo dizer que os gestores fizeram uma péssima administração.
Não se faz um rombo desses de uma hora pra outra.
Marília: como não perceberam antes? (Pega o interfone). Ana! Preciso dos nomes dos últimos acionistas e presidentes que estavam à frente das empresas alianças nos últimos 7 anos... Isso Ana, todos que de alguma forma tiveram acesso às contas da empresa. O mais rápido possível.
Maiara: dos últimos sete anos?
Marília: isso. Antes de investirmos dinheiro aqui, precisamos saber o que aconteceu para praticamente declarar falência.
Maiara: entendi. Você acha que se achar a falha, saberemos o que provocou, assim não terá riscos de acontecer de novo.
Marilia: isso, pelo que vi, a crise começou entre 2018 e 2019. Vamos analisar e comparar os gráficos de um ou dois anos atrás, vê se mostra discrepância, com base nisso vamos analisar quem estava no comando. Se precisar, investigaremos particularmente cada um deles, com toda certeza o rombo não foi apenas azar nos negócios. Alguém estava ou está roubando a aliança e não posso permitir que continui. Foram milhões investidos pra deixar afundar junto.
Maiara: fico impressionada com sua visão.
Marília: tenho muito conhecimento teórico, graças a minha mãe consegui concluir a faculdade enquanto estava presa e pode até fazer algumas especializações, porém nunca pude por em prática, a não ser na administração do presídio, quando ajudava a diretora com as contas.
Maiara: o que não impede de fazer agora.
Marília: não mesmo. Pelo jeito experiência não é tudo aqui. Anos no comando e os Huffs deixaram isso acontecer. Quer apostar quanto que se quer desconfiam que a empresa pode ter passado por um desfalque.
Maiara: será?
Marília: depois que analisarmos todos os balancetes, vamos descobrir. (Batidas na porta). Entre!
Ana: com licença senhora. Aqui está alguns dos documentos que pediu. Estes são dos últimos dois anos. Os demais está no depósito, assim que chegarem trago-os para a senhora.
Marília: obrigada.
Ana: algo mais senhora?
Marília: sim!
Ana: em que posso ajudar?
Marília: pra começar pare de me chamar de senhora!
Ana: perdão mas...
Marília: éramos amigas não?
Ana: antes da senhora viajar e simplesmente não voltar mais? Antes de morrer? Sim eu também acha que éramos amigas.
Maiara: vejo que tem que conversar. Vou pegar um café enquanto isso.
Ana: eu pego, esse é meu trabalho. ( Sai).
Maiara: ela parece chateada.
Marília: a Ana, era a única amiga que tinha antes de tudo. Foi madrinha do meu casamento com o... Você sabe.
Maiara: não fala o nome dele não vai fazer ele sumir do mapa.
Marília: bem que poderia. (Maiara ri). Quando fui presa não pude falar com ninguém. Tive direito a ligações mas não estava com o celular então nao tinha como entra em contato com ela. Só uma única vez que falei com a madrinha.
