Capítulo 4

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O ensaio fotográfico 

Megumi

Dois dias depois, na segunda-feira...

Nobara Kugisaki é um furacão por onde anda. E hoje ela aparenta estar tão impiedosa quanto sempre. Sua roupa planejada cuidadosamente para atrair atenção dos estudantes de moda é algo que se tornou comum para Yuji e eu no cotidiano. Decidimos, em segredo, guardar nossas opiniões sinceras, dando a vez a uma máscara de elogios forçada que evita acidentes — diga-se um estrangulamento com a alça da bolsa de couro dela ou ser pisoteado até a morte com aquelas botas coturno esmaga dedos.

Mas antes de encontrar a pessoa que eu menos queria ver na face da terra, o dia começou muito bem. Yuji preparou para nós um café da manhã extremamente saudável com frutas amarelas, pães com geleia de morango e vitamina, e fomos fazer nossa caminhada matinal na praça do lago com Nescau e Cereal. Eu mantinha uma velocidade de marcha razoável com Nescau em meu encalço, que é um cão bem tranquilo, já Yuji se aventurava com Cereal a todo pique, chamando atenção de todos ao redor.

Depois, voltamos para casa, tomamos banho e fomos de moto até a universidade.

Enquanto eu fazia uma prova que atiçava meu lado suicida, Yuji tinha ido se encontrar com Yuta para fazer o planejamento da próxima remessa de alunos que iria entrar na academia no verão que estava às portas.

Tentei focar minha atenção nas questões que pareciam ter sido vindas do próprio inferno, mas o rosto de Nobara Kugisaki aparecia em cada linha, zombando de mim a cada cálculo que eu fazia.

Comecei a delirar com pensamentos intrusivos, imaginando Yuji me deixar por não ter fechado a prova e considerar moda mais interessante que obras de infraestrutura e empreendedorismo.

Ao término do tempo mínimo, entreguei a prova junto à folha de cálculo para o demônio branco que nos lecionava, chamado Satoru Gojo.

Jamais compreendi como um homem que devia estar numa plataforma de origem sexual dava aulas de ciências exatas. Cada introdução de sua aula era uma história diferente de como ele se envolveu com uma celebridade milionária, teve uma incrível noite de sexo e que "tristemente" recusou a pessoa no final das contas.

"O verdadeiro amor nem sempre se encontra em uma só pessoa." Diz ele muitas vezes.

Em outras palavras: vadio.

Pelo visto, Gojo preferia manter-se um romântico incompreendido a um mero namorado comum.

Ele é meu terror nas segundas-feiras.

— Espero que tenha tirado nota máxima, Megumi — diz ele com um sorriso zombeteiro. Seus olhos azuis-claros brilham com ideias maléficas. — Do contrário, vai ter que repetir a cadeira comigo, docinho.

— Prefiro morrer.

— Credo, que menino malvado! — Gojo grita, fingindo estar ofendido. Eu ignoro suas brincadeiras e marcho pra fora da sala, fechando a porta em seguida.

Tudo que preciso é de uma nota alta para largar esse demônio por mais um semestre.

Suspiro cansado e procuro me saciar com um pouco de água no bebedouro mais próximo. Uma soma de seis árvores com flores de glicínia enfeita o pátio aberto, roubando minha atenção brevemente para admirar a paisagem violeta misturada ao céu límpido desta manhã.

É mais um dia comum na universidade, então não há muita emoção quando os alunos são liberados após as provas. O ambiente é sereno, então escolho me sentar no banco mais isolado, na sombra, e observo ao redor, esperando por Yuji.

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