Capítulo 26

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Nobara

A noite estava calma quando Megumi me perguntou se eu estava ansiosa agora que finalmente estava realizando meu sonho de estudar moda.

— Não sei bem dizer. Acho que qualquer pessoa ficaria nervosa ao entrar na universidade dos sonhos, não acha? — respondi enquanto organizava uma prateleira de produtos industrializados. Olhei por cima do ombro e vi aquele sorriso discreto que entregava o que ele realmente pensava. — Todos, menos você, Miss-Simpatia.

— Ah, qual é, eu também fiquei nervoso — Ele mentiu. — Um pouco.

— Me engana que eu gosto.

Terminei de arrumar a prateleira e bati as mãos nas calças para tirar o pó. Megumi estava sentado na minha cadeira de trabalho, bem em frente ao balcão de atendimento. Meu chefe me mataria se soubesse que eu deixei o motivo das minhas noites em claro tão perto da caixa registradora.

Mais uma vez, meu melhor amigo fazia companhia para mim tarde da noite. Megumi sempre demonstrava preocupação em suas ações, mesmo que não fosse de expressar muito verbalmente. Ele me acompanhava até em casa três vezes por semana, onde eu tinha o prazer de servir bebidas deliciosas em uma coleção adorável de copos fofos que comprei no mês passado.

— Falta muito pra fechar?

— Já disse que não, pela segunda vez — resmunguei, observando-o suspirar.

Não era comum ver Megumi impaciente. Perder tempo era uma coisa, mas durante as férias ele nunca agia assim.

— Você tem algum compromisso em casa, por acaso? — perguntei enquanto voltava ao balcão, retirando meu avental.

— Não tenho. Ou talvez... — Ele hesitou.

Franzi as sobrancelhas, confusa.

Já eram quase três da manhã e ele tinha um compromisso?

Senti meu coração apertar de repente.

— É uma mulher?

— Quê? — Ele me olhou surpreso. — Não, não é uma mulher. E antes que pergunte, também não é um homem.

Soltei um suspiro de alívio, tentando disfarçar.

— Então, o que é?

Megumi desviou o olhar, parecendo cansado, mas com a mente em outro lugar. Isso não me incomodava, mas sempre despertava minha curiosidade.

Ele se levantou da cadeira, pegando as chaves do comércio.

— Vou conferir a porta dos fundos. Enquanto isso, se prepare para fechar a loja.

— OK.

Depois que ele desapareceu pelos corredores, me dediquei a organizar o balcão e a fechar o caixa, contabilizando o total que havia reunido durante o turno da noite. Enquanto mexia no computador, o sino da porta anunciou a entrada de alguém.

Era o mesmo homem de antes, com o uniforme preto e laranja da academia Power & Muscle. Ele usava a mesma máscara, mas não parecia doente ou cansado.

— Desculpe, você já está fechando a loja? — perguntou educadamente, inclinando-se levemente.

— Estou, mas pode pegar o que precisar — respondi com um sorriso cordial, observando-o correr até a seção de energéticos.

Aproveitei o momento para pegar minha bolsa, que estava escondida debaixo da mesa. A noite não foi muito movimentada, então eu poderia fechar as portas mais cedo. O que me intrigava era ver um instrutor de academia por ali àquela hora.

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