Capítulo 10

32 4 1
                                    

A caminho de ti

Megumi

Gojo me propôs uma carona até a universidade, pois iria pegar um notebook cheio de notas que esqueceu com Nanami, meu professor antissocial de Topografia do quarto semestre (nunca compreendi como esses dois se tornaram amigos). Nobara está em uma despedida da turma que deve durar o dia inteiro. Pelo que eu soube, através de Gojo, sua professora planejou conversar sobre o ensaio em particular com ela, o que levaria cerca de algumas horas.

Me vesti o melhor que pude para disfarçar a catástrofe que estava horas atrás. Uma calça jeans e uma camisa preta devem servir. Quando sai do quarto, Gojo fazia toda uma cerimônia dramática de despedida para os meus cachorros, como se fosse seu tio indo pra guerra. Nunca foi tão irritante fechar a porta da frente com Nescau e Cereal uivando um belíssimo réquiem.

Fomos até o elevador.

— Não acredito que estou seguindo um conselho seu — murmuro quando as portas do elevador se abrem.

— É que sou irresistível — diz Gojo, sem nenhuma modéstia.

— Aliás, como sabia o apartamento e o número do andar que eu moro? — pergunto quando Gojo ocupa o espaço vazio ao meu lado e pressiona o botão do estacionamento.

— Foi no final da minha aula que o Yuji te chamou pra ir morar com ele, lembra? Escutei você pular de felicidade no fundão da sala enquanto fazia uma ligação pra Nobara, informando que ia morar num prédio rico de uma área nobre.

Fico estático diante de suas palavras. Absolutamente é mentira. Eu nunca pulei de felicidade. Apenas informei a Nobara o local e o andar que ela deveria ir caso quisesse me encontrar no futuro.

E isso tudo foi quando eu já estava no PÁTIO.

— Porra, tu é um grande de um fofoque...!

As portas se fecham.

Yuji e eu moramos no nono andar, então o elevador demorou alguns segundos para chegar ao subterrâneo. Passamos por uma fila de veículos comuns de uma população japonesa, como Honda, Toyota, Nissan e Mitsubishi, mas é quando Gojo desativa o alarme de seu carro estacionado na lateral do prédio que me vejo tomado pela incredulidade.

O carro dele não é um carro normal, era a porra de um Bugatti Chiron preto, avaliado em 3,9 milhões de dólares americanos! O carro dos sonhos! Nem se eu vendesse meus órgãos poderia conseguir uma máquina dessas!

— Você é o Batman por acaso?! Desde quando o salário de um professor consegue pagar uma relíquia dessas?

— E quem disse que sou apenas um professor? — retruca Gojo com um sorrisinho sacana, balançando as chaves no dedo indicador. — Deixa de frescura e entra. Temos um longo caminho até a universidade.

Me aconchego no banco da frente sentindo-me como uma criança que vai dar um passeio no trenó do papai Noel. Tudo é muito elegante, luxuoso e absurdamente tecnológico. Cuspir nesse carro deve ser considerado um crime com direito a execução na cadeira elétrica.

Gojo aperta o acelerador e o motor do carro ronca, me dando uma animação embriagante. Ele dirige o veículo para fora e se despede do porteiro que baba em cima do carro, assim como eu. Estou fascinado por tudo, e minha alma se deleita na maciez que os pneus têm em deslizar pelas ruas, atingindo uma velocidade de 100Km/h em segundos quando entra na estrada. Parece que estou no céu.

É durante o trajeto pelas ruas de Tóquio, saindo de Shinjuku para Bunkyo, que sinto alguma coisa incomodar meu pé.

Deve ser uma liga presa no tapete.

Three is BetterOnde histórias criam vida. Descubra agora