Capítulo 22

10 3 0
                                    

O Professor Estranho Chamado Satoru Gojo

Nobara

— Tem certeza disso? — perguntou Gojo, depois da sua aula.

— Sim, por favor... Caso o senhor me veja com algum arranhão ou hematoma no futuro... Ou se por acaso eu não aparecer mais na escola, ligue para a polícia e denuncie essa mulher. Aqui tem todas as informações sobre ela, inclusive o nome do bar que ela mais frequenta.

Gojo cruzou uma perna e encarou o papel na ponta dos dedos com todos os dados possíveis que lhe passei sobre minha mãe. Seu olhar, geralmente alegre, parecia um pouco sério naquela tarde.

— Kugisaki, não é? — Assinto. — Você não tem parentes ou algum amigo responsável que possa ficar com você por um tempo?

— Não. Não tenho.

— E seu pai?

— Ele abandonou minha mãe quando ela ainda estava grávida de mim. É um político safado que já tem família. Ele nos largou na sarjeta. Não quer saber de mim, tenho certeza — Conto minha triste história, mas creio que está saindo com mais rancor e desdém do que acredito. Meu jeito bruto de falar torna qualquer história infeliz num noticiário de péssima categoria.

Gojo me fitou, a expressão analítica.

Eu o escolhi por um motivo que não sei muito bem como explicar. Gojo era um professor irresponsável que sempre chegava atrasado e perdia horas falando sobre teorias do que é o One Piece. Mesmo que eu não assistisse ao anime, já conhecia a história inteira e tinha um personagem favorito, a Robin. Gojo tinha um afeto especial por Megumi há muito tempo, e quando me ajudou naquele dia com Akane, coisa que nenhum outro professor já fez, decidi que ele seria o único que poderia cumprir a missão que lhe dei.

Ele suspirou e dobrou o papel, colocando no bolso da frente da camisa social branca, junto a caneta preta que carregava.

Embora ele fosse um mero professor substituto, coloquei meu destino em suas mãos. Pelo menos, até que eu fosse forte o suficiente para lidar com minha mãe sozinha.

Gojo ergueu a mão direita e estendeu o mindinho, sorrindo de forma angelical.

— Promessa?

Eu sorri, entrelaçando meu dedo ao dele.

— Promessa!

-ˋˏ✄┈┈┈┈┈┈┈┈┈

Quando voltei à escola na manhã seguinte, aparentava ser outra pessoa. O laço laranja continuava em meu cabelo. Seria meu novo marco de agora em diante.

Akane veio me incomodar, furiosa por ter levado um sermão de seu pai noite passada, mas eu simplesmente não me importava mais com nada.

Assim que ela se aproximou com o intuito de puxar o laço do meu cabelo, eu dei um giro e agarrei um tufo de seu cabelo preto, batendo sua cabeça uma, duas vezes, o mais forte possível, no armário de sapatos.

O choque dominou todo o corredor de alunos.

Akane caiu no chão, chorando.

— Parou de falar por quê? — questionei-a, agachando-me até estar na altura de seus olhos. — Tá com medinho?

Ela me encarou com horror.

— E-eu vou contar pro meu pai!!

— Conte e eu vou te bater mais forte, até que você quebre os dentes! — ameacei, abrindo bem os olhos, para que ela pudesse enxergar a loucura que tinha embaralhado dentro de mim por todos esses anos. — Se me incomodar outra vez, eu vou atrás de você. Acha que eu tô brincando? Quando você caminhar nos corredores, cuidado quando passar do lado da sala de ciências. Quando você subir as escadas, cuidado pra não cair. Quando você estiver na sua casa, vendo seus filmes de merda na TV tela plana, é bom lembrar que eu sou pior que qualquer vilãzinha de filme de princesa que você possa assistir. Entendeu bem?

Three is BetterOnde histórias criam vida. Descubra agora