Capítulo 11

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Revelando os sentimentos

Megumi

Se me perguntassem um dia se eu gostaria de visitar um estúdio de design de moda, certamente eu responderia que não. Já tive a experiência de estar ao lado de uma estilista louca em ascensão, cuja prioridade sempre foi criar peças extravagantes, transformando sua casa em uma verdadeira zona de guerra, com papéis e tecidos espalhados por todos os cantos.

No entanto, esse lugar ultrapassa em muito a sensação de caos que resume bem o que é estar na casa de Nobara quando ela está empolgada em criar algo novo. O estúdio de design de moda é amplo, mas ao mesmo tempo abarrotado de mesas de costura, manequins e materiais de desenho. Cada mesa exibe uma quantidade impressionante de informações, algumas das quais reconheço, como réguas e canetas, que também utilizo em meus próprios projetos. Pelo menos nisso nossos cursos têm algo em comum.

Nobara está no fundo da sala com uma expressão emburrada e quase chorosa estampada em seu rosto. Ela está ocupada organizando uma pilha de tecidos sobre a mesa de corte, alheia à minha presença.

Fecho a porta devagar atrás de mim.

Em silêncio, contorno as fileiras de manequins brancos, cada um mais peculiar que o outro, vestindo roupas em diferentes estágios de criação. Penso na crueldade que é deixar toda a arrumação nas mãos dela, mas então me lembro do que Mei Mei me disse anteriormente.

Nobara dispensou a turma para ficar sozinha.

Isso, por si só, já diz muito.

Alguém como Nobara detesta ficar sozinha.

Avanço pela lateral da sala, buscando surpreendê-la. Contudo, meus olhos são atraídos para a parede adornada com vários desenhos. Uma parte parece comum, porém bonita, mas sem nada a acrescentar. As ideias dos estudantes soam como algo que qualquer pessoa usaria ao sair numa noite de verão.

Entretanto, ao chegar ao centro, deparo-me com uma parede repleta de desenhos diferentes. Ao invés de modelos femininos, como a maioria apresentava, esses eram mistos, com corpos e modelos distintos, altos e baixos, mulheres e homens, um mais impressionante que o outro.

Tenho que admitir, são criações de uma elegância incomum, repletas de cores vivas e naturais. Cada obra traz à tona uma ideia brilhante de amarelo e laranja, que me lembra um girassol. Elas se destacam mais que os outros. E, à medida que me aproximo um pouco mais, reconheço uma assinatura torta no "N" que forma um laço, confirmando que esses desenhos são uma expressão genuína de uma artista que conheço há muito, muito tempo.

Afinal, fui eu quem disse que aquela assinatura combinava perfeitamente com ela.

Recuo um passo para admirar melhor.

Há quanto tempo eu não vejo Nobara desenhando? Me pergunto, intrigado. Acho que a última vez que dei atenção a isso foi antes de Yuji me chamar para morar com ele. E isso foi há sete meses.

Não, meu cérebro me adverte, e denuncia: Já faz anos que não dou a devida atenção a Nobara.

Observo atentamente um par de desenhos de modelos masculinos, cada um exibindo um estilo único para roupas de verão. O primeiro apresenta um físico alto e esguio, vestindo uma roupa elegante de cores neutras. Apesar da ausência do rosto, sua pose ereta e postura indicam a imagem de um estudante de engenharia relaxando com um café após uma prova terrível. Seu cabelo preto, pincelado com destreza, confere-lhe um toque especial que o destaca dos demais.

No segundo desenho, um modelo de físico notável, possuindo a quantidade certa de músculos, destaca-se. Sua roupa esportiva é perfeita para corridas, acompanhada por tênis de design intrigante e radical, de cor vermelha. Assim como os outros desenhos, ele carece de rosto, mas se fosse representado, certamente exibiria uma expressão alegre. Sua postura extrovertida é complementada pela cor rosa vibrante de seu cabelo.

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