𝟐𝟕. 𝐭𝐡𝐞 𝐧𝐨𝐛𝐥𝐞 𝐡𝐨𝐮𝐬𝐞

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𝐎𝐒 𝐆𝐑𝐔𝐍𝐇𝐈𝐃𝐎𝐒 𝐄 gritos de Regulus ecoavam pelos corredores da casa, penetrando o sono inquieto de Sirius. Ele acordou com um sobressalto, o coração acelerado e o corpo coberto de suor. O desespero tomou conta dele, e a sensação de que algo terrível estava prestes a acontecer o deixou em pânico.

Ele se levantou apressado da cama, sentindo os pés e as mãos como se fossem menores do que lembrava, como se tivesse voltado à infância. Correu escada abaixo, os degraus pareciam se estender interminavelmente, e o desespero o obrigava a descer mais rápido. Ao chegar ao hall de entrada, a visão que encontrou quase o fez desmoronar.

Regulus estava no chão, o rosto vermelho e suado, contorcido de dor. Ele parecia mais jovem, com o cabelo mais curto e uma estatura menor, como se o tempo não tivesse passado e ele ainda fosse criança. A imagem era angustiante e surreal.

Walburga estava à frente de Regulus, sua varinha empunhada com uma expressão de crueldade absoluta. O olhar de ódio que a mãe mantinha no rosto era muito conhecido por Sirius, sabia o quê estava acontecendo mas... Por que com Regulus? Sempre fora tão excepcionalmente correto e alinhado ao que os pais esperavam...

Sirius tentou se aproximar, querendo ajudar o irmão, mas seus pés pareciam estar grudados no chão, como se algo o impedisse de se mexer. O pânico tomou conta dele, e o terror fez com que a visão diante de seus olhos se tornasse um borrão. O desejo de gritar, de pedir ajuda, de intervir era esmagador, mas as palavras não saíam e o corpo parecia paralisado.

Walburga virou-se abruptamente para Sirius, seu olhar cheio de desdém e raiva. Suas palavras eram um eco distante, distorcidas pelo pânico e pela confusão.

— É culpa sua!

Sirius sentiu a realidade escorregar de suas mãos. A cena estava desaparecendo, e a única coisa que restava era um vazio angustiante e a sensação de que, de alguma forma, ele havia falhado em proteger seu irmão.

O garoto acordou com um sobressalto, o coração disparado e a respiração acelerada. A visão de Regulus caído e a mãe, com a varinha erguida, ainda estava vívida em sua mente. O suor escorria pelo seu rosto, e seu corpo tremia involuntariamente. Tentava desesperadamente retomar à realidade, mas continuava preso na memória recente.

Era o mesmo pesadelo que assombrava suas noites há anos. A memória daquele dia terrível, quando ele tinha apenas nove anos, rodava sua mente, de novo e de novo. O motivo pelo qual sua mãe lançara uma Maldição Cruciatus no próprio filho Sirius não se lembrava, o tempo e o trauma esvaíram a razão de sua cabeça. Tudo que Sirius sabia era o sentimento de impotência e terror, os mesmos que sentiu aos nove anos, voltando.

Ele passou a mão pelo rosto, tentando afastar o suor e a sensação de pânico que ainda o envolvia. O relógio na mesinha de cabeceira marcava três da manhã, e o quarto estava escuro o suficiente para que Sirius não enxergasse seu reflexo, provavelmente cansado, no espelho à sua frente.

Levantou-se da cama com movimentos pesados, seus pés tocando o chão frio como se fossem papel, uma sensação estranha. Passou os dedos pelos cabelos desgrenhados e dirigiu-se lentamente até a cozinha, na esperança de que um copo de água pudesse ajudar a reverter o sentimento de desespero que o dominava.

Ao descer as escadas, se sentiu paralisado no hall de entrada, encarando um ponto fixo no cômodo várias e várias vezes, revivendo o pesadelo. Sentiu uma pontada ruim no peito. Não conseguira jamais salvar Regulus da Maldição de sua mãe, nem no pesadelo, nem no fatídico dia. Aquilo assombrava Sirius mais do que um dia ele conseguiria admitir.

Ignorou o sentimento ruim e foi até a cozinha. Se serviu de um copo de água, ignorando os resmungos e olhares maldosos de Monstro, que estava de plantão como sempre. O elfo murmurou algo sobre a hora, mas Sirius estava longe de prestar atenção. Sentou-se na mesa do cômodo, a água fresca aliviando um pouco o calor e tensão que ainda sentia.

𝐔𝐍𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃 ❜ 𝗿𝗲𝗺𝘂𝘀 𝗹𝘂𝗽𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora