𝟏𝟒. 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐬

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— 𝐒𝐔𝐀 𝐅𝐀𝐌𝐈𝐋𝐈𝐀 𝐄 louca pra caralho, Hydra! – Peter comentou, espantado.

James lançou um olhar pesado para o amigo, indicando que aquele não era o momento para comentários desse tipo.

Hydra finalmente tinha revelado aos amigos sobre o casamento arranjado. Depois de conversar com Remus, percebeu que esconder algo tão sério dos amigos não era justo.

No sábado, um dos raros dias em que os alunos não iam a Hogsmeade, Hydra e Sirius decidiram discutir o assunto. O primo concordou rapidamente; ele também sentia o peso do acordo, tanto quanto Hydra.

Agora, estavam todos reunidos no salão comunal da Lufa-Lufa. Dorcas sugeriu o lugar por ser mais vazio aos sábados. A maioria dos lufanos preferia passear ao redor do Lago Negro ou visitar a Professora Sprout.

Marlene e Remus, que já estavam a par da situação, estavam ao lado de Hydra e Sirius, que explicavam os detalhes do casamento forçado para o restante dos amigos..

— Minha mãe concordou porque sempre quis um herdeiro. Se eu casar com Sirius, herdo a mesma fortuna que ele.

— E minha mãe achou que Hydra resolveria meus problemas com a família e nossas tradições – explicou Sirius.

Todos estavam chocados. Não é todo dia que se ouve que dois amigos, primos inclusive, estão destinados a se casar por um acordo familiar.

Lily, sempre empática, se inclinou para a frente — Eles não estão apenas decidindo por vocês, estão roubando o direito de vocês viverem suas próprias vidas.

— Isso é maluco – disse Dorcas, balançando a cabeça incrédula. – Ninguém deveria ser forçado a isso.

James estava sentado perto da lareira, pensativo — Precisamos pensar em algo para vocês se livrarem disso. Qualquer coisa.

— E se falarmos com Dumbledore? – sugeriu Peter, mas todos o encararam incrédulos, como se tivesse dito a maior bobagem.

— Pete, puta que pariu! – Marlene disse – Dumbledore não vai resolver um problema desse tipo. É algo estrutural na família deles, não dá pra mudar assim...

— Só traria mais problemas – concordou Hydra. – Meus pais já não simpatizam muito com Dumbledore...

— Nem os meus – completou Sirius.

De repente, Remus parou de fitar o chão do salão comunal, virando o rosto para Sirius  — E se tentássemos usar a própria lógica deles contra eles? Mostrar que esse casamento seria mais problemático do que benéfico para a família?

Hydra franziu a testa, intrigada. — Como assim?

— Se conseguirmos provar que vocês dois são completamente incompatíveis, pode ser que eles desistam da ideia.

— Mas os pais deles sabem que são incompatíveis. São primos! – disse Lily.

— Mas se provarmos que, por exemplo, Sirius está mais maleável ao que os Black pensam e as tradições deles... Ou então façamos parecer que Hydra se tornou mais cabeça-dura e não resolveria problema algum do Sirius... Talvez... Sabe... – comentou a Meadowes, mas acabava se perdendo em seus próprios pensamentos.

Remus assentiu, compreendendo a linha de raciocínio de Dorcas. — Isso. Precisamos que eles vejam que o casamento de vocês não resolverá problemas, só os agravará.

— E se fizermos isso de maneira pública, todos em Hogwarts vão falar sobre isso – sugeriu Marlene. – E não demorará muito para que isso chegue aos ouvidos dos Black.

Sirius se levantou, um pouco mais animado depois de escutar as ideias dos amigos — Eu sei exatamente quem adoraria uma fofoca dessas – sorriu.

— Quem? – perguntou Hydra, curiosa.

— Rita Skeeter – respondeu Sirius, com um sorriso malicioso. – Ela adora uma boa fofoca e faria de tudo por uma manchete exclusiva.

— Skeeter? – Marlene franziu o cenho. – Você confia nela?

— Não é uma questão de confiança – explicou Sirius. – É questão de saber usar as pessoas certas. Skeeter não tem escrúpulos, mas se dermos a ela uma história irresistível, ela fará o resto do trabalho por nós.

Hydra assentiu lentamente, vendo a lógica no plano de Sirius. — Então precisamos criar uma situação que chame a atenção dela e que pareça autêntica.

— Exato – disse James, já animado com a ideia. – Mas precisamos de uma ideia que seja realmente boa, algo que atraia a atenção dela.

— Talvez uma briga pública – sugeriu Remus. – Algo que pareça real o suficiente para convencer qualquer um que veja.

— Uma briga sobre o quê? – perguntou Lily. – Tem que ser algo que realmente mexa com as famílias de vocês.

Sirius pensou por um momento. — Tradições de sangue puro. Algo que mostre que Hydra é contra tudo isso e que eu estou tentando me aliar novamente aos ideais supremacistas deles... Algo assim.

Hydra ficou contente ao ver seus amigos discutindo sobre o que deveria ser feito e como fazê-lo. No final, o problema do casamento parecia um desafio, mas nada que eles não pudessem resolver.

Eles continuaram juntos por mais um tempo, conversando sobre seus planos e, depois, mudaram de assunto para amenidades. Quando a hora do jantar chegou, desceram todos juntos para a refeição.


— O idiota do Snape achou que eu fosse francês no primeiro ano! – Remus ria.

Ele e Hydra estavam caminhando em volta do Lago Negro, como já era costume. Estavam no intervalo do almoço e decidiram passar um tempo juntos. O Lupin carregava dois dos livros que Hydra levava, desde que a ouvira reclamar de que estavam pesados.

— Como? Seu sotaque é bem galês, não tinha como não perceber!

O garoto revirou os olhos. — Ele era burro demais para ter percebido. Aí vivia tentando tirar uma comigo, até os meninos começarem a incomodar ele de volta.

Hydra riu. — E ele nunca se tocou?

Remus deu de ombros. — Acho que não. Até hoje ele me olha estranho.

— Engraçado isso – Hydra sorriu, olhando para o horizonte. – Meu pai é francês.

Remus a olhou surpreso. — Sério?

— Sim, ele e minha tia Walburga. A maior parte da família vem de lá, na verdade. Eu e minhas irmãs já passamos algumas férias por lá quando criança.

Remus sorriu. — Isso é incrível. Então você fala francês?

Oui.

— Ah, corta essa, Hydra! Até eu sei falar "Oui"! – ele revirou os olhos.

Hydra riu alto, empurrando Remus de leve pelos ombros.

— Besta. Eu falo mesmo. Minha mãe fez questão de ensinar para mim e minhas irmãs. Isso e mais outras milhares de coisas...

Remus focou o olhar na Black, parecendo encantado ao ouvi-la falar.

— O quê mais você sabe?

— Sei tocar piano.

Ele assobiou levemente, como quem se mostrava impressionado com tal informação. Sorriu pra Hydra.

— Isso sim é legal. Sempre quis aprender a tocar piano.

Hydra parou de andar e o encarou de forma profunda, mas ainda mantendo o mesmo sorriso travesso nos lábios. Por um momento, Remus sentiu os pelos do braço arrepiarem, mas ignorou, pensando ser por conta do frio.

— Pode passar lá em casa que eu te ensino. Temos um piano grande na sala – a morena brincou e voltou a andar.

Remus, ainda inebriado pelos olhos cinzentos de Hydra, acelerou os passos para acompanhá-la.

— Claro, como se eu fosse ser aceito dentro da casa de um Black – ele revirou os olhos.

Mas Hydra não pareceu achar muita graça, porquê sabia que era verdade. O fato de Remus ser mestiço poderia sim implicar em muita coisa na amizade deles e sabia que, se sua família soubesse que ela andava com pessoas que não eram sangue-puro, seria motivo de mais brigas ainda.

E o momento também não era muito propício para uma brincadeira daquelas, com Remus já ciente sobre a situação do casamento e da Marca Negra que Regulus estava prestes à fazer... Deixou um clima estranho pairando sob os dois.

Hydra não respondeu a brincadeira, e Remus pareceu ter percebido. Se sentiu o maior idiota do século por ter dito tamanha besteira. Sem saber o quê mais dizer, e Hydra absorta em seus próprios pensamentos sobre a situação, caminharam em silêncio de volta ao castelo.

𝐔𝐍𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃 ❜ 𝗿𝗲𝗺𝘂𝘀 𝗹𝘂𝗽𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora