𝟑𝟏. 𝐬𝐚𝐧𝐜𝐭𝐮𝐚𝐫𝐲

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𝐌𝐀𝐒 𝐒𝐈𝐑𝐈𝐔𝐒 𝐍𝐀𝐎 conseguia dizer uma palavra sequer. A dor física que sentia não era nada comparado ao nó na garganta, ou os olhos ardendo antes do choro que ele tentou engolir.

Detestava pedir ajuda ou se sentir fraco, desde criança o ensinaram que ser fraco e demonstrar qualquer coisa que não fosse força, era ser ruim. Ainda assim, ali estava ele, parado na porta do seu melhor amigo, pedindo socorro e abrigo, com o rosto vermelho e os olhos marejados.

— Sirius, fala comigo! – James parecia aflito, enquanto fechava a porta atrás do amigo, os dois parados no hall de entrada.

— Eu... não sabia pra onde ir... – a voz do Black saiu baixa, indefesa e fraca.

James sabia que Sirius demoraria até realmente explicar o que havia acontecido, parecia estar passando por um grande choque. O Potter entendia, Sirius sabia que sim. Ele segurou o Black pelo antebraço de forma sutil, apesar do nervosismo, e subiu as escadas da frente de sua casa com ele.

Quando Sirius chegou até o que parecia ser a sala de estar, reparou não somente no ambiente acolhedor que a casa de James tinha, mas também no rosto preocupado de uma mulher com cabelos cacheados cor de chocolate.

Sirius agora se sentia pior ainda. Sabia que a mulher era mãe de James e, provavelmente, a última coisa que ela esperaria naquela noite era ter um jovem desolado e sem teto na sala de sua casa, que por acaso é amigo de seu filho.

— James, o que...?

A mulher parecia tão em choque quanto Sirius.

James fez um curto aceno de cabeça para ela, como se tentasse acalmá-la, mesmo sem dizer nada. Indicou que Sirius se sentasse na poltrona em frente à lareira e foi rapidamente para o outro cômodo da casa.

Parecia quase que impróprio ele estar ali, com um passado horrível e um presente nada bom também. Se apropriando de móveis e ambientes lotados de amor e conforto... Parecia uma peça errada do quebra-cabeça.

Black agradeceu quando James voltou da cozinha o mais rápido que pôde, segurando duas xícaras. Só pelo cheiro Sirius soube que era café.

Bebeu a xícara enquanto sentia os olhos castanhos de James e de sua mãe o encarando, esperando até que ele estivesse pronto para falar. Mas a realidade era que, Sirius não sabia como falar, nem por onde começar.

— O que aconteceu, Pads? – a voz do Potter era mais suave agora, quase que com medo de ferir Sirius ainda mais.

Apesar da dor ainda constante em suas costelas, o rapaz de cabelos negros fez o quê pôde para endireitar sua coluna, para que finalmente pudesse conversar sobre a situação com James.

— Minha mãe apareceu hoje, na casa de Andrômeda. Lembra que eu te disse que ficaria lá depois que tivesse certeza de que o casamento não aconteceria? – James assentiu – Ela me machucou e... – ele sentia sua voz ficar mais trêmula, com mais vontade de chorar.

A expressão de horror no rosto da mãe de James foi nítido, o suspiro chocado apenas evidenciava tudo ainda mais para Sirius.

— Eu não podia ficar lá, com Andy... Você sabe, não sabe? – os olhos cinzentos tinham agora um brilho diferente, algo opaco neles que afundava o coração de James no meio de seu peito.

O de óculos assentiu repetidas vezes, como se enfatizasse para seu amigo que estava tudo bem e que ele compreendia. Pousou as mãos delicadamente nos joelhos de Sirius, fazendo com que o Black o encarasse.

— Está tudo bem, Pads. Você vai ficar bem...

— Me desculpa. Eu não tinha mais para onde ir... – Sirius largou a xícara que segurava, apoiando-a na mesa de centro ao seu lado e colocou-a em seu próprio rosto, escondendo suas lágrimas persistentes.

𝐔𝐍𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃 ❜ 𝗿𝗲𝗺𝘂𝘀 𝗹𝘂𝗽𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora