𝟒𝟏. 𝐢𝐦𝐩𝐮𝐥𝐬𝐞

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𝐀 𝐌𝐔𝐒𝐈𝐂𝐀 𝐄𝐋𝐄𝐓𝐑𝐈𝐙𝐀𝐍𝐓𝐄 preenchia cada canto do salão, as batidas graves pareciam sincronizar com os batimentos cardíacos de Hydra. O Salão Comunal da Lufa-Lufa estava irreconhecível; a decoração amarela e preta, com faixas pendendo do teto e balões flutuantes, criava uma vibração que deixava até os mais reservados à vontade. As mesas estavam abarrotadas de bebidas coloridas e petiscos que pareciam desaparecer assim que surgiam, enquanto um cheiro doce e terroso tomava conta do lugar.

Hydra, que acabara de entrar acompanhada das amigas, sentiu um desconforto imediato. A ideia de ir à festa era para distrair-se e aliviar a tensão daquela semana tumultuada, mas a sensação de deslocamento persistia. Seus olhos, inevitavelmente, encontraram o canto onde seus amigos se reuniam, e ali estava ele. Remus.

Normalmente, a visão dele em uma festa tão animada seria o suficiente para aquecer seu coração. Mas naquela noite, o nó em sua garganta era impossível de ignorar. Ela tentou, com pouco sucesso, concentrar-se na conversa entre Lily, Dorcas e Marlene, mas a agitação interna a impedia de participar genuinamente.

Após algum tempo, Hydra pediu licença para as amigas, dizendo que precisava de um momento sozinha. Dirigiu-se a um dos sofás no canto mais isolado do salão e se sentou, observando o fluxo de pessoas ao redor enquanto seus pensamentos vagavam.

Mal havia levantado o copo para tomar um gole de sua bebida quando a figura inconfundível de Sirius apareceu à sua frente. O primo parecia radiar energia, com um sorriso de orelha a orelha e os olhos brilhando de entusiasmo. Ele se jogou ao lado dela no sofá sem a menor cerimônia, a música alta tornando sua animação ainda mais exagerada.

— Hydie, você não vai acreditar! – ele praticamente gritou, ignorando o volume absurdo da música e se jogando ao lado dela no sofá.

— Sirius... – ela tentou soar impaciente, mas o alívio de vê-lo era claro em sua voz – O que foi agora?

Ele a puxou para mais perto, passando um braço despreocupado por seus ombros, o sorriso travesso que Hydra conhecia tão bem estampado em seu rosto.

— Lembra quando me disse que Tio Alphard queria falar comigo? – ele começou, o rosto iluminado como se estivesse prestes a compartilhar o segredo do século. Hydra assentiu, curiosa, enquanto Sirius praticamente explodia de euforia – Ele vai me dar uma mesada! Uma mesada! Eu tô feito, Hydra!

A morena riu junto com o primo, sabendo exatamente o quão importante aquela notícia era para ele. Desde que Sirius tinha sido expulso de casa, ela imaginava que os pais de James estavam ajudando com as questões financeiras. E, conhecendo bem o primo, sabia o quanto isso devia pesar em sua consciência.

Sirius sempre odiou depender dos outros. Agora, deserdado e sem lar, ele se via obrigado a aceitar a ajuda que tanto desprezava. Hydra tinha plena certeza de que, embora Euphemia e Fleamont não se importassem de cuidar de mais um, Sirius se importava, e muito.

Com a novidade, Hydra sentiu um alívio em meio ao desconforto daquela festa. Agora, Sirius teria um pouco mais de "liberdade", pelo menos no quesito financeiro, e, claro, se sentiria menos sufocado enquanto estivesse morando com os Potter.

Ela retribuiu o abraço torto que Sirius lhe ofereceu, agora os dois sorridentes.

— Isso é ótimo, Siri! Agora você pode me comprar alguns presentes, hein? – ela brincou.

Sirius revirou os olhos — Sonhe, Hydra, sonhe.

O momento entre os dois permaneceu no mesmo conforto de sempre, apesar da música alta e da multidão ao redor – gente rindo, bebendo, gritando. Agora, Hydra não se sentia mais tão deslocada ou desconfortável.

𝐔𝐍𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃 ❜ 𝗿𝗲𝗺𝘂𝘀 𝗹𝘂𝗽𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora