— 𝐏𝐀𝐏𝐀𝐈 𝐕𝐀𝐈 reclamar que você não estará em casa... – comentou Narcisa, com um tom de reprovação leve na voz, enquanto espetava um pedaço de carne.
Hydra não conseguiu evitar um pequeno sorriso. Druella havia respondido sua carta quase imediatamente, o que já era um pequeno milagre por si só. E, apesar das ressalvas habituais, sua mãe havia dado permissão para que ela permanecesse em Hogwarts durante as férias de Natal. Era um presente inesperado, um alívio.
Naquele ponto, era claro que o restante da família também já sabia sobre a ausência de Hydra naquela data.
— Ele entenderá – ela respondeu, tentando manter a voz neutra, sem entregar o que realmente sentia.
Claro que ela não acreditava nas próprias palavras. Seu pai nunca entendia nada quando o assunto envolvia suas vontades, suas escolhas. Mas Hydra estava determinada a afastar-se, ainda que por poucos dias, da atmosfera sufocante da própria casa que a rondava sempre que voltava.
Ela percebeu, pelo canto do olho, que Regulus a observava com atenção. Havia algo em seu olhar – uma desconfiança contida, como se ele pudesse adivinhar cada pensamento que passava por sua mente. Ele não disse nada, apenas mastigou lentamente, a mandíbula tensa, como se estivesse ponderando se deveria ou não questioná-la.
Hydra sabia que ele estava desconfiado. Talvez ele não soubesse de tudo, mas Regulus era inteligente demais para não perceber que havia algo errado. Que ela estava mentindo sobre passar o Natal em Hogwarts.
— Seus amigos também passarão o Natal aqui? – Regulus finalmente disse algo, perguntando de forma desafiadora.
Hydra ergueu uma sobrancelha, fingindo indiferença.
— Não tenho certeza. Acho que talvez a Marlene. – ela deu de ombros, não se incomodando em fazer contato visual.
O nome de Marlene fora jogado ao acaso, como uma distração. Ela sabia que Regulus não tinha grande interesse em suas amizades. Mesmo assim, seu primo não parecia satisfeito com a resposta evasiva.
— Você sabe que vai perder a cerimônia, não sabe? – Regulus insistiu, sua voz assumindo um tom mais sério, quase acusatório.
— Que cerimônia? – a confusão de Hydra foi genuína, pois, naquele momento, não havia se lembrado de qualquer evento importante que justificasse a pergunta.
E então Hydra finalmente entendeu. O olhar de Narcissa à Lucius, que se sentava no canto da mesa, disse tudo.
A cerimônia dos Comensais mais jovens. Bellatrix tinha feito questão de proporcionar o Largo Grimmauld para Voldemort e os aliados como local para a iniciação. E claro que Regulus participaria, finalmente se tornaria um Comensal.
O Salão Principal pareceu girar com a realização, e Hydra sentiu o estômago embrulhar. Não importava quantas vezes aquele assunto fosse trazido à tona, ela sempre teria o mesmo pressentimento ruim, a mesma sensação esmagadora.
Ela engoliu em seco, olhando para as próprias pernas, sem saber o que responder. Era óbvio que ela não compactuava com aquilo, mais óbvio ainda que ela não queria assistir aquilo. Mas a amargura na voz de Regulus só fazia com que Hydra se sentisse pior.
— Você não precisa fazer isso... – foi tudo que ela conseguiu dizer, a voz baixa, quase acanhada.
Narcissa colocou a própria mão pálida sobre o rosto, como quem já sabia onde aquela conversa toda terminaria. Regulus, por sua vez, soltou um suspiro.
— Não vou discutir com você sobre isso de novo. Vou fazer, estará feito. Você não quer participar? Ótimo. Não participe.
Regulus encostou-se na cadeira, sua expressão endurecendo enquanto cruzava os braços, os olhos fixos nos de Hydra. Ele estava cansado das tentativas dela de mudá-lo, de salvá-lo de um destino que ele havia aceitado como inevitável. Hydra percebeu isso no seu tom, na rigidez de seus movimentos, e se odiou por não conseguir salvá-lo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐔𝐍𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃 ❜ 𝗿𝗲𝗺𝘂𝘀 𝗹𝘂𝗽𝗶𝗻
FanfictionHydra Black sempre foi uma rebelde dentro da tradicional e nobre família Black, repudiando veementemente as ideias de pureza de sangue que dominavam seu sobrenome. Destinada desde jovem a Sirius, seu primo e herdeiro da linhagem, Hydra enfrenta o pe...