𝟏𝟔. 𝐜𝐨𝐧𝐟𝐞𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧𝐬

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𝐒𝐈𝐑𝐈𝐔𝐒 𝐓𝐄𝐕𝐄 𝐐𝐔𝐄 admitir, mesmo que não quisesse, mesmo que tivesse implorado para que James não tocasse no assunto. Eles estavam sentados nos bancos do vestiário, recém-saídos do treino de Quadribol daquela semana, e Potter já havia notado a quietude e a sutil, porém estranha, mudança no humor do amigo. Achou melhor perguntar, mesmo já suspeitando da resposta.

— Você tem que se concentrar, Pads! – disse James, mais como um conselho do que um alerta.

— Desculpa, Prongs... – suspirou de forma desanimada.

Os olhos azuis de James estudaram as feições e a postura do amigo por alguns segundos. Não era preciso bola de cristal alguma para saber que algo não estava certo. E se James tivesse que fazer um chute, seria:

— É sobre o Remus?

Sirius levantou os olhos do chão para encarar o Potter. Parecia perplexo, em um completo estado de choque e confusão mental. Franziu o cenho ligeiramente, tentando entender como James poderia saber tão rapidamente.

— Eu sei o que tá acontecendo, Sirius... – James ajeitou a postura, encarando o moreno melhor – Gosta dele, não gosta?

Um nó se formou na garganta de Sirius. Era difícil demais de engolir, difícil demais de aceitar, difícil demais de encarar. Ele simplesmente não queria acreditar que estava apaixonado pelo melhor amigo, apesar de todos os sinais e memórias que o Black guardava com ele direcionarem sua mente para a exata resposta do problema: paixão.

Sirius, após se torturar muito durante aquela semana, soube. Pela primeira vez, ele soube que gostou de Remus desde que sentou ao seu lado no vagão do trem. Soube que gostava de Remus desde que ele e os meninos o ajudaram com as transformações. Desde que conversaram animadamente por horas sobre histórias em quadrinhos trouxas que tinham costume de ler – Sirius, escondido da família, claro.

Sirius simplesmente soube.

Black sentiu que iria desabar ali mesmo, na frente de James. Potter levou uma mão carinhosa ao ombro do amigo quando percebeu.

— Não quero falar sobre isso, James – fungou Sirius.

— Você vai ter que falar. Uma hora ou outra. Ou isso vai acabar com você.

Sirius suspirou. Sabia que era verdade. Mas de que adiantaria? Ele já estava acabado... Remus gostava de Hydra, era claro. E ela também, até onde Sirius sabia. Eram destinados um para o outro.

Por um momento, ele sentiu raiva de si mesmo pelos sentimentos e pensamentos horríveis que passavam por sua cabeça; por sentir, ainda que pouco, inveja de sua prima.

Ela tinha Remus. Tinha o coração dele, tinha o afeto e a incerteza dele, o carinho e cuidado. Tudo aquilo para ela... E para quê? Era inútil. Hydra ainda teria que se casar com um sangue-puro, mesmo que lutasse contra aquilo.

Sentiu que precisava e deveria desabafar com James. Ele entenderia, nunca o julgaria.

— Ele gosta da Hydra... Você sabe, não sabe?

James suspirou, assentindo lentamente.

— Sei. Mas isso não muda a amizade de vocês. Remus jamais se afastaria de você caso soubesse de algo assim, jamais faria algo para te machucar, mesmo que não sentisse o mesmo...

Sirius respirou fundo, tentando processar as palavras de James. No fim das contas, ele queria que Remus sentisse o mesmo.

— Eu só não sei como lidar com isso, James. – Sirius confessou, a voz tremendo. – Eu não sei como falar com ele, não sei o que fazer.

𝐔𝐍𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃 ❜ 𝗿𝗲𝗺𝘂𝘀 𝗹𝘂𝗽𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora