capitulo-1

99 5 0
                                    

"conhece o Kimi?"cap-1

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"conhece o Kimi?"
cap-1

...

agosto de 2020.

Acordar com o som do alarme do celular não era exatamente o início de dia ideal, mas lá estava eu, sentada na cama, encarando a luz do sol que entrava pela janela. Os raios iluminavam os pôsteres de Fórmula 1 na parede atrás de mim, uma pequena coleção que me acompanhava por anos.

Levantei-me devagar, tentando espantar a preguiça, e logo tomei um banho rápido. Vesti meu uniforme escolar: saia vermelha, blusa social branca, gravata combinando, e, claro, o casaco que sempre me fazia sentir mais formal do que realmente precisava. Mas o item essencial, minha pulseira de prata com o número 16 de Leclerc, essa nunca podia faltar.

Caminhei até a cozinha, onde meus pais já estavam de pé, preparando o café da manhã.

– Bom dia – saudei, ainda meio sonolenta, mas forçando entusiasmo.

Peguei algumas frutas, sem muita fome para um café mais elaborado, e, logo depois, saí de casa, pronta para mais um dia de aula.

(~)

Ao chegar na escola, que por si só já era um tédio, fui direto para a minha carteira. A única coisa que realmente salvava o dia era a presença de Soo He, minha melhor amiga. Sem ela, a escola era ainda mais monótona. Felizmente, os dias tediosos estavam contados, pois logo seria o fim do ensino médio e, finalmente, a tão aguardada faculdade.

Enquanto comia pedaços de maçã e anotava alguns pensamentos soltos no caderno, Soo He apareceu, ofegante, como sempre.

– Amiga, perdi o ônibus! Foi uma confusão para chegar aqui – ela disse, se jogando na cadeira da frente.

– Qual é a novidade? – respondi, sem tirar os olhos das minhas anotações.

Ela ajeitou-se na cadeira e virou-se para mim, com uma expressão animada.

– Ei! Você conhece o Kimi?

Franzi o cenho com a pergunta aparentemente aleatória.

– O piloto da F2? O "gatinho" da Mercedes? – fiz aspas no ar, um tanto cética.

– Isso mesmo. Mas o amigo dele...esse sim é um gatinho – Soo He sorriu, os olhos brilhando.

Soo He sempre tinha uma queda por celebridades, fosse um cantor famoso ou um piloto de corrida. Desde que me mudei para Valência, nossa amizade floresceu. Ela tinha um senso de humor peculiar e uma personalidade cativante. Sempre foi muito popular, mas seus amores platônicos por celebridades que nunca sequer saberiam de sua existência eram praticamente uma piada interna entre nós.

– Ah, Soo He...você e suas paixões impossíveis – balancei a cabeça com um sorriso, voltando ao meu caderno.

Quando a professora entrou, Soo He virou-se, mas não sem antes sussurrar:

– Ainda vou me casar com ele, você vai ver.

Suspirei, acostumada com essas bobagens.

...

Mais tarde, no intervalo, sentada no refeitório, o tumulto dos alunos se misturava com as conversas e o barulho de bandejas batendo.

– Parece que essas pessoas não comem há três meses – Soo He comentou, sentando-se ao meu lado.

– O show de talentos é na próxima semana – lembrei, enquanto colocava mais uma colherada de comida na boca.

– E você vai, né? É o nosso último ano. Vai dessa vez! – ela fez um biquinho, insistente.

– Sinceramente, Soo He, prefiro passar meu sábado em casa, vendo minhas corridas – respondi, sem vontade.

– Deixa de ser chata – ela resmungou, batendo a colher contra minha bandeja – Dizem que terão convidados especiais. Quem será?

– Quem quer que seja, eu ainda não vou.

Soo He revirou os olhos, resmungando sobre minha falta de espírito de aventura. Nosso almoço continuou tranquilamente, até que um barulho alto interrompeu o refeitório, seguido por gritos. Quando olhei, vi Ares, o valentão da escola, derrubando a bandeja de um garoto no chão. Ele ainda empurrou o pobre coitado, que caiu com comida por todo o lado.

Sem pensar muito, levantei-me, determinada.

– Emma... o que você está fazendo? – Soo He tentou me parar, mas eu a ignorei.

Fui até o garoto no chão, ajoelhando ao seu lado.

– Você está bem? – perguntei.

Ele assentiu, visivelmente abalado, e Ares, atrás de mim, soltou um comentário sarcástico:

– E aí, maluca, o que você pensa que está fazendo?

Virei-me lentamente para ele, sem paciência.

– Me chamando de maluca? Olha quem fala.

Ares riu, provocador.

– E o que você vai fazer? Vai me bater?

Eu suspirei, exasperada, e deixei escapar:

– Todo esse bullying é só para esconder o fato de que você era o bebê chorão que apanhava na escola antiga, não é? Você só faz isso para não mostrar que tem medo de levar outra surra – declarei, a voz firme, enquanto o refeitório inteiro observava.

O rosto de Ares ficou vermelho, e ele tentou negar, mas o estrago já estava feito. Depois de um momento embaraçoso, ele saiu com seus amigos, enquanto o garoto que eu ajudei murmurou um agradecimento.

Soo He, é claro, olhava para mim com uma mistura de choque e admiração.

– Você foi incrível – ela sorriu, voltando a comer.

Dois dias depois, era um domingo perfeito para relaxar. Eu estava em casa, vestindo minha camiseta da Ferrari, assistindo ao GP da Bélgica. Russel deu um show, sinceramente, era hora do pódio.

– Boa Russel! – murmurei, animada, mesmo não torcendo.

Mas então a câmera da transmissão focou em Kimi Antonelli, que sorria largamente, e meu bom humor sumiu tão rápido quanto veio.

Minha atenção se desviou do mundo completamente ao ver aquele garoto sorrindo tão descontraído. Eu sinto alguma coisa estranha, alguma coisa que eu nunca havia sentido antes, de fato.

Ele era tão...

Filha, você vai com a gente na casa da sua tia? – minha mãe aparece na sala tirando minha atenção – A gente já tá indo.

Eu olho pra TV de novo e não vejo mais o Kimi na tela, balanço minha cabeça afastando todos os pensamentos e me levanto.

– Vou sim mãe – digo me levantando do sofá.

Na Velocidade do Destino - 𝙆𝙞𝙢𝙞 𝘼𝙣𝙩𝙤𝙣𝙚𝙡𝙡𝙞Onde histórias criam vida. Descubra agora