57- Sermão

686 32 6
                                    

Apesar de todos estarem super tranquilos durante todo o almoço, conversando de forma natural e confortável, eu conseguia enxergar minha mãe do outro lado da mesa encarando Lauwana de uma forma assustadora, eu conhecia aquele olhar. Era o famoso olhar de julgamento da minha mãe, sempre que ela abria a boca colocava Lauwana em uma situação chata em que ela ficava desconcertada pra responder algumas coisas. Eu sabia que ela estava entendendo Lauwana mesmo ela estando conversando em português, mas ela fingia não entender e falava rápido propositalmente para fazer com que ficasse um pouco ruim para a morena entendê-la. Deixando assim Lauwana desconfortável por se sentir deslocada. Prestei atenção em cada mínimo detalhe daquele almoço. Meus irmãos foram muito acolhedores e receptivos, assim como minha cunhada e Juvena, precisava agradecer todos por terem feito pelo menos isso. Minha mãe deixava claro sua desconfiança para qualquer um, já meu pai era mais discreto e com o tempo foi se soltando e até mesmo entrou em um assunto com Lauwana sobre coisas aleatórias que ambos achavam interessantes na parte da sobremesa.

Depois de toda a refeição, a minha família se reuniu na sala para conversar mais e descansar o estômago depois da comilança, estamos empanturrados com toda a comida feita por minha mãe e minha tia. Essa que só apareceu após o almoço para dar um oi e conhecer Lauwana pessoalmente. Estava seguindo meu caminho em direção a sala quando alguém pegou no meu braço. Eu tentei fugir, mas agora estando ali não tinha como.

— Necesitamos hablar ahora. - falou meu pai me encarando seriamente, concordei com ele e segui o mesmo quando ele apontou com a cabeça para o andar de cima. Indo em direção ao quarto dele e da minha mãe.

Sempre me entendi muito bem com meu pai, ele foi quem mais incentivou o meu sonho, e quando minha mãe me proibia de ir aos treinos por medo de ferimentos ou de estar longe, ele foi quem me ajudou a convencê-la que ali era o meu lugar. Sempre que discordamos com algo ou que acontece algum problema, nós dois conseguimos conversar com muito mais facilidade do que minha mãe e eu. Ela era tão teimosa e cabeça dura quanto eu. Eu era seu filho afinal, minha teimosia tinha que vir de alguém, e meu pai era tranquilo demais para me dar aquele gene.

Assim que entrei dentro do quarto dei de cara com minha mãe sentada na cama enquanto me encarava parecendo que ia me estrangular.

— Mira que increíble que esta vez no se haya escapado. - ela falou em deboche e eu suspirei pesadamente, vai ser uma longa conversa. - ¿Querrás hablar o tendremos que interrogarlo?

— Mamá por favor no seas ignorante. - pedi me sentando ao seu lado e meu pai permaneceu em pé com os braços cruzados me encarando.

— Dejaste embarazada a una chica que conoces desde hace menos de cinco meses, ¿cómo puedes ser tan irresponsable? Te advertimos mucho que tuvieras cuidado con esta chica pero aparentemente te envenenó. -
(Você engravidou uma garota que conhece a menos de cinco meses, como pode ser tão irresponsável? Avisamos tanto para ter cuidado com essa menina, mas ela aparentemente te envenenou.)

Falou ela já com um tom um pouco mais alterado, sem qualquer tipo de paciência sobre aquela história. Meu pai por outro lado se permanecia calado nos encarando e esperando por uma resposta minha.

— No fue a propósito, fue un accidente. Y el tiempo no significa nada. - falei de forma calma e ela rolou os olhos.

— Richard, esta chica podría estar aprovechándose de ti, hijo mío, tratándote bien y haciéndose pasar por un personaje para robarte lo que tienes, y lo peor es que eres tan inteligente y te estás creyendo estas tonterías. - falou a mulher mais velha.

— Conozco a Lauwana, si fuera mala persona ya me habría dado cuenta y se le habría caído la máscara. Basta de juicios, la traje aquí para conocerla en persona y tener pruebas vivientes de que es la persona más encantadora que he conocido. Este bebé será muy querido por mí y por todos ustedes y aunque no estemos juntos haré todo por él. - falei um pouco impaciente pela forma como se referiam a ela.
(Conheço a Lauwana, se ela fosse uma pessoa ruim eu já teria percebido e sua máscara já teria caido. Chega de julgamentos, trouxe ela aqui para conhecerem ela pessoalmente e tirarem a prova viva que ela é a pessoa mais encantadora que já conheci. Esse bebê vai ser muito amado por mim e por todos vocês e mesmo a gente não ficando juntos eu irei fazer de tudo por ele.)

Vizinhos - Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora