66- Neri Montoya

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Era o dia após o chá revelação, todos de ambas famílias estavam juntos no apartamento de Richard enquanto gargalhavam com as histórias contadas pelo meu grupo de amigos. O grande grupo estava dividido na sala por todas as partes, Richard estava no CT e iria para o Rio de Janeiro a trabalho mais tarde, jogos contra flamengo e bota fogo, importantíssimos para o Brasileirão e libertadores. Iríamos acompanhar tudo juntos de casa e eu estava muito feliz em poder fazer isso com a minha família como nos velhos tempos. A noite passada foi mágica de todas as formas inimagináveis. Pela primeira vez estou começando a me animar e a mudar o pensamento sobre essa criança depois de todo o amor que ela vem recebendo. Estou parando de achar que ela veio no momento errado, e acho que eu é que não consigo entender direito ainda os propósitos que ela deve trazer em minha vida.

Toda a família Montoya faziam perguntas sobre minha infância e adolescência e meus amigos e familiares respondiam com fervor. Era engraçado ver como cada um estava tentando conversar com o outro em línguas diferentes, sempre que alguém não entendia uma palavra arrumavam um jeito de traduzi-la sem necessitar do Google. Perguntaram se eu era quieta durante a infância e meu irmão estava contando do dia em que nós dois caímos de um muro e quebramos dois membros do corpo. Eu tinha seis anos e quebrei um braço e Leonardo caiu por cima de mim e quebrou a perna. Minha sogra começou a contar histórias de Richard que me tiraram muitas risadas, principalmente em saber que o menino vivia fugindo de casa para fazer qualquer coisa.

O clima estava bom e até agora muito amistoso, minha família chegou de surpresa antes do tempo combinado. Não sabia que precisava tanto estar com eles, mas assim que senti o abraço de cada um eu tive a resposta que eu precisava muito deles pra aliviar minha cabeça. Conheci Theo e ele era a coisa mais fofa que você pode imaginar, a criança mais gorduchinha do planeta e com as bochechas mais fofas. Estava tão feliz de ser a madrinha dessa criança, meu irmão também ficou muito contente em descobrir que seria o padrinho do meu filho.

Aproveitei esse acolhimento que tive com eles e me senti aberta para conversar com minha tia Penélope, Solange e com Mariana sobre tudo que eu estava sentindo ultimamente. Sobre os medos, os problemas futuros que me assustavam, sobre alguns momentos com a família de Richard. Óbvio que não dei detalhes sobre a minha discussão com a mãe do colombiano, na verdade sequer comentei realmente sobre tudo que aconteceu.
Meus irmãos também perceberam o que estava acontecendo e fui sincera de uma forma menos detalhada sobre meus medos. Fiquei feliz em ter Larissa, Kevin, Gabriel e Melissa ali comigo, são meus amigos de anos que cresceram comigo, ninguém me conhecia melhor que eles e com toda certeza os conselhos de todos me ajudaram a fixar a ideia da minha nova vida e realidade e finalmente aceitar com mais calma.

Passamos o dia juntos arrumando as lembrancinhas da festa e foi um momento muito gostoso, não acompanhei Richard quando o mesmo foi buscar sua família durante a madrugada, preferi que ele tivesse esse momento a sós com eles. Matei também a saudade que estava de todos, Thian tinha virado meu novo xodó e eu amava isso por me recordar da época em que eu e Thiago vivíamos assim, antes do mesmo crescer e virar um adolescente padrão. Matei a saudades da Juvena e da Eloísa, também fiquei muito de carinho com Helena e Theo. Essa família agora estava lotando de crianças, Thian fez festa ao descobrir que seria um menino, já Lorena caiu no choro porque queria muito uma menina na família, enquanto uma parte de toda a família torcia para que a primeira menininha viesse depois de tanto tempo, mas infelizmente não foi dessa vez.

Não sei como sentimos, mas algo nos conectou com essa criança desde o momento em que ouvimos seu coração e simplesmente algo nos disse que era um menino, todo mundo ao redor também dizia o mesmo e aparentemente todos acertaram. Richard já tinha comprado uma mini chuteira na lojinha de presentes do palmeiras, Thales nem nasceu e já tem conjuntos personalizados do palmeiras com várias opções. Os presentes dados por todos do elenco também sempre tinham algo relacionado com o time, aquele menino tinha que ser o maior palmeirense que já pisou na face da Terra. Enquanto eu ainda estava tentando processar a noite de ontem, as mulheres em minha volta já planejavam decoração de quarto e viam roupas de grife para usar como saída maternidade.

Vizinhos - Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora