45- Incômodo

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Acordei um pouco mais cedo hoje pra conseguir fazer um café da manhã na cama legal para mim e para Lauwana. Essa que ainda dormia serena ao meu lado.
Observei bem seu rosto angelical adormecido e comecei a imaginar o que essa mulher estava passando nos últimos tempos. Uma montanha russa, foi isso que a vida dela virou após me conhecer. Eu sei que tudo já era bem agitado em sua vida antes de me conhecer, ela já tinha muitos problemas mas todos eles eram considerados até simples de resolver comparado a tudo que ela estava tendo que viver agora.

Eu me sinto culpado por vê-la dessa maneira. A partir de hoje eu vou me esforçar o triplo para que não aconteçam mais vacilos, me levantei com cuidado para não despertar meu pequeno anjo que dormia calmamente. Me levantei e fui em direção ao banheiro, fiz minhas higienes de forma rápida e segui até a cozinha.
Meus dotes culinários eram bem escassos, fiz alguns sanduíches, um suco natural, uma salada de frutas com muito leite condensado. Mesmo fazendo isso tudo eu senti que estava faltando alguma coisa...

Bolo!

Era isso que estava faltando, mas onde eu arrumaria um bolo gostoso e em um lugar próximo pra que eu chegasse antes da morena acordar.
Procurei pela padaria mais próxima em meu celular e saí correndo à procura do melhor bolo que eu pudesse encontrar. Óbvio que eu também compraria mais algumas guloseimas.

Milena era como uma irmã para Lauwana. Elas viviam juntas, já moraram juntas, faziam tudo juntas e Lauwana passava os dias que ia para o Rio de Janeiro na casa da cacheada. Elas tinham a amizade mais forte que eu já vi em minha vida. Infelizmente tudo foi por água abaixo por causa de Milena.

Nunca dei sequer um indício de que ficaria com ela. Sempre fui o mais educado e respeitoso possível. Ela era uma pessoa importante para Lauwana e acabou virando uma boa amiga para mim, mas apenas isso. Sua revelação sobre esse possível sentimento por mim me pegou completamente desprevenido. Me senti muito desconfortável naquela boate, ela me agarrou na frente de todos, inclusive na frente da minha namorada, que também era sua melhor amiga.
Não sei o que se passou em sua cabeça naquele momento, o que ela pensou que aconteceria? Apesar de estar bêbada, nada justificava suas ações. Ela acolheu Lauwana em seus momentos mais frágeis, assim como a morena fez consigo, a única diferença era que Lauwana não a apunhalou pelas costas no último segundo.

Não toquei no assunto sobre o que aconteceu ontem, era o melhor a se fazer. Hoje eu queria que ela relaxasse depois de tudo que aconteceu. Tenho certeza que esse é um problema que ela não vai querer resolver agora.

Assim que encontrei a padaria estacionei o meu carro e fui na direção da mesma. Comprei uma torta de morango caseira que estava com uma cara maravilhosa, também comprei pão de queijo, que eu sei que ela ama, mini coxinhas, mini esfirras, rosquinhas. Comprei várias pequenas guloseimas para nós dois. Paguei tudo e tirei foto com a equipe da padaria antes de ir embora. Pelo visto a filha dela que estava no caixa me conhecia, mas mesmo assim a família toda quis tirar foto com alguém "famoso". Tirei a fotografia de bom grado e corri novamente até meu carro, voltando para casa o mais rápido possível. Assim que cheguei no prédio e fui na direção do elevador dei de cara com Eloah. A loira estava com um óculos escuros no rosto provavelmente para esconder a ressaca que estava pesadíssima para todos.

- Bom dia. - falei para a mesma cumprimentando ela com um abraço.

- Bom dia Richa, como está o meu sol? - perguntou ela se referindo a Lauwana. Apertei o número vinte e quatro no elevador e subimos em direção ao andar correto.

- Eu espero que ela ainda esteja apagada, comprei umas coisas pra paparicar ela um pouco. Ela está precisando ser mimada. - falei e Eloah riu, me encarando com os braços cruzados.

- Você sabe bem como tratar uma dama, continue assim. - falou ela em tom de sarcasmo e eu revirei os olhos. - ela tá melhor?

- Não sei bem, ela preferiu não tocar no assunto ontem antes de dormir. Então eu só deixei quieto, vou ver se ela quer conversar melhor hoje. - falei e ela concordou com a cabeça encarando novamente a porta da caixa de metal.

Vizinhos - Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora