75- Raiva

599 29 12
                                    

Tudo aconteceu muito rápido e em um piscar de olhos eu não me encontrava mais dentro de minha casa e sim com as bolsas prontas dentro do carro da loira, essa que se encontrava chingando minha sogra de todos os nomes existentes. Eu não tirava a razão dela de estar fazendo isso, eu mesmo tinha perdido a calma e estava fora de mim a minutos atrás. O único sentimento existente em meu peito é a raiva que eu estou sentindo dessa mulher em ousar inventar algo sobre meu filho.

Ela me manipulou durante o pouco tempo de amizade que tivemos, durou exatamente um dia apenas de paz entre nós, porque em horas depois ela novamente rompeu todo o sossego que estávamos tendo e achou não ter feito nada demais. Perdi o controle de mim ao ver a forma como ela observou aquela situação, Richard era seu filho, e ela agiu como se os sentimentos dele pelo filho não fossem nada colocando o orgulho e a vontade de me desmascarar de alguma forma acima dos sentimentos do próprio filho e de sua família. Ela era mais egoísta do que eu pensava, bem mais egoísta do que eu pensava.
Não deveria ter saído de minha casa e deixado ela lá como se ela tivesse alguma razão, mas eu não conseguiria passar nem um segundo a mais no meio daquela confusão toda e daquele ambiente que se tornou tóxico aos poucos.

Queria muito ficar e me doeu ver Richard quase chorar pedindo para que eu não fosse, mas eu não aguentaria ficar ali, precisava cuidar de mim e focar em Thales, no final era apenas ele que importava. Estava submersa nos meus pensamentos e sentimentos de mágoa e fúria, Eloah como sempre me acolheu em sua casa, era sempre assim, nos refugiando na casa uma da outra quando problemas vinham à tona. Juvena me ligava preocupada, também haviam algumas mensagens da minha cunhada, mas achei melhor ignorar todas e focar em tentar dormir hoje. Minha cabeça já estava explodindo de dor pelo ódio e Thales parecia meio confuso em meus braços. O menino já demonstrava os primeiros sinais de sono.

- Vai no CT amanhã como o Richard pediu? Sabe que se for ver o jogo a família dele vai estar lá né? - falou Eloah e eu bufei irritada.

Eu ia ter que perder um dos melhores jogos da temporada só para não ter que trombar com aquela velha do caralho. Porque eu tenho que ser tão trouxa e sempre acreditar na bondade de pessoas que nunca foram boas comigo.

- E eu me segurando no jogo de amanhã pra me distrair, que inferno. - falei, encostando a mão na cabeça ao sentir ela latejar.

- Podemos ficar em um lugar escondido e afastado, ou até mesmo no meio da torcida, eu toparia fazer essa loucura dessa vez apenas por você. - falou Eloah, e eu sorri cúmplice para ela.

- Valeu Elô, mas acho melhor ficar em casa mesmo, preciso falar com a doutora Val amanhã para não enlouquecer, acho que não vou conseguir dormir hoje. - falei choramingando.

- Você não deveria ter saído de lá, é sua casa, aquela desgraçada que se enfurnase no quarto e morresse lá apodrecendo. - falou a loira, jogando os cabelos para os lados.

- Eu sei, mas eu não ia conseguir ficar no mesmo teto que ela depois do que ela fez com o Tata. - falei, e Eloah bateu com a mão no volante irritada.

- Eu até agora não consigo acreditar que essa velha futriquenta teve coragem de fazer isso contra o Tata, o que passou na cabeça dela? " Eu vou fazer um teste e ele não vai ser filho do meu filho e o Richard vai se separar dela e viver feliz pra sempre longe do maior presente da vida dele? " Essa mulher só pode ser idiota ou odiar muito o pobre do Richard. - falou ela ríspida.

- Ou me odiar muito e não pensar na mágoa que está causando no filho. Tenho certeza que ela nunca pensa nele quando vai fazer essas merdas. - falei também irritada.

- Se eu fosse você tinha caído no tapa junto com ela, essa história não acabaria assim nunca. - falou ela, avistei a casa já começar a aparecer no horizonte.

Vizinhos - Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora