The Kidnap - Hinny

cap. 8

Ginny Weasley -  The Kidnap
🎧Moth To A Flame - Swedish House Mafia, The Weeknd

-Queridos convidados, estamos aqui reunidos para celebrar o amor e a união de Fleur Delacour e Gui Weasley. Hoje, testemunharemos um momento único e especial, onde duas almas se encontram para compartilhar suas vidas.

A voz do cerimonialista penetra em só uma parte de minha mente, gostaria muito de dizer que estava perfeitamente focada em todas as coisas belas ditas no altar. Mas eu não estava, e isso se devia a repentina dor de cabeça que havia começado hoje de manhã.

Não quis ir reclamar com minha mãe, pois a cabeça dela estava prestes a explodir. Pensar em todas as nuances que surgem de última hora estava sendo um pesadelo para ela, bastava olhar para seu rosto e notar seu tom de voz enquanto atendia ligações de parentes afirmando as mesmas coisas: "O pedaço da praia onde será realizado o casamento é reconhecido como propriedade particular, vocês não precisam se preocupar quanto à segurança.", "Sim, estava no convite, o dress code deixava claro que sandálias eram uma opção para quem achasse confortável. Estamos em uma praia, ora!"

-Ei, Gin, lembra quando a gente surfava aqui? - Ron me surpreende, sussurrando em meu ouvido. Eu sabia que organizar as cadeiras de modo que eu e Ron ficássemos perto não iria dar certo, mas quisesse meu pai que fosse assim - isso porque ele queria que estivéssemos em ordem.

-Não quero lembrar, obrigada. - O respondo, em uma voz baixa que beirava a um grunhido.

-Isso porque você tomou tantos caldos que uma vez que Gui teve que levar para o hospital. Que pena, Harry estava quase fazendo um boca a boca. - Ele continua falando, e olha de relance para o mar.

Dou um tapa em sua perna, mas Ron permanece impassível.

-Qual é? Você não consegue ficar quieto? Nosso irmão está se casando, porque você foi lembrar disso justo agora? - Sussurro lentamente cada palavra, enquanto o belisco com a maior força que posso fazer sem poder demonstrar que estou fazendo isso.

Parte desse ódio se deve ao fato de que já é o suficiente ter que me deparar com Potter, e falar sobre ele só coloca um pouco mais de peso em minha pilha gigante de ressentimento.

-Aí, para com essa porra! - Ron fala, irritado. - Isso é porque tem uns caras ali na água, e eu tenho TDAH, você sabe. - Suas palavras me paralisam. Não ouso olhar para ele e nem ao menos piscar quando volto meu semblante para as ondas inquietas.

Merda. Tem mesmo algo no mar. Gostaria de dizer que não fui contagiada pela paranóia de Fleur e mamãe, mas isso realmente me preocupa. O que esses idiotas estão fazendo aqui?

-Merda. - Suspiro, murmurando e deixando toda minha frustração ser descarregada em uma só palavra.

Meu corpo levanta um tipo de bandeira vermelha, daquelas que ecoa um sinal ensurdecedor de que não devo olhar novamente. Talvez sejam só alguns curiosos em uma lancha, é o que quero responder a mim mesma, mas fica difícil pensar dessa maneira quando os únicos curiosos em uma lancha neste lugar costumam ser meus irmãos. E ironicamente, eles estão aqui do meu lado.

Decido arriscar mais uma olhada, e aquela droga de lancha está cada vez mais próxima. Busco o olhar dos outros convidados, já que Ron já se dispersou da situação enquanto tenta arrancar um fio solto da costura de seu traje, todos estão fixados na cena a qual que eu deveria estar dedicando meu tempo também: Fleur e Gui. Tento me convencer que aquela é uma direção que quase ninguém vai notar, e quando eles decidirem ir embora, também vão passar despercebidos.
Respiro fundo, a dor de cabeça parece aumentar, fecho os olhos e deixo de perceber o ambiente ao meu redor, meu terapeuta me disse que deveria fazer isso quando algo me amedrontasse. A partir destes segundos, só ouço o barulho das ondas e os murmúrios distantes dos votos sendo proferidos.

...

E de repente, o barulho das ondas quebrando na costa mistura-se aos gritos desesperados dos presentes, criando uma atmosfera de caos e desespero. Eu nem sei quando aqueles caras pararam a lancha e "invadiram" o lugar, quando volto a consciência só consigo sentir meu coração acelerar descontroladamente enquanto meus olhos captam os rostos apavorados dos outros convidados. As vozes dos homens encapuzados soam distorcidas e ameaçadoras, ecoando em meus ouvidos como um presságio sombrio.

Antes que eu possa ter qualquer reação, sinto mãos fortes agarrando meus braços e pernas, me imobilizando sem piedade. Minha mente grita para lutar, para resistir, mas o medo paralisa meus músculos, tornando-me uma presa fácil para aqueles que invadiram o momento de felicidade de minha família.

Sou arrastada para longe da festa, a areia quente queima meus pés descalços enquanto sou levada à força para a lancha que estava esperando nas águas agitadas. O som do mar se mistura com a voz de Harry, a única coisa que consigo realmente compreender era que havia mais alguém sendo levado, e era Potter.

-Me larga, porra! Que merda, quem vocês acham que são?

-Alguém com uma arma, seu playboy de merda.

-Quem somos? Não finja que não nós conhece, Potter.

-Seu maior pesadelo, talvez?

As muitas vozes parecem se unir e eu me sinto a pessoa mais fraca do universo naqueles segundos. Eu não consegui nem mesmo se defender, toda aquela situação me engoliu de modo a deixar espaço somente para dor, ansiedade.

Sinto minhas articulações arderem quando sou praticamente lançada dentro da dura superfície da lancha, que já se afasta da costa. Meu olhar encontra o de Harry enquanto ele continua travando uma luta desnecessária, pois não vamos vencer. Uma sensação de desamparo toma conta de mim, enquanto percebo que estou nas mãos de pessoas sem escrúpulos, sem saber o que o futuro reserva para mim.

Estou sendo sequestrada.
Estou sendo sequestrada junto do Harry.
Porra, eu vou morrer.