cap. 9

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Harry Potter - The Kidnap
🎧Romantic Homicide - d4vd

Existe um limbo entre o começo e o fim de algo.

É um lugar sombrio, onde você se questiona o que poderia ter feito e o que vai fazer, o que errou no passado e o que pode errar no agora e mudar seu futuro. Nem tudo deveria se tratar sobre erros, talvez existam pessoas que coloquem seus acertos em jogo, mas definitivamente não sou eu.

Dediquei meu último ano de vida em algo covarde, mas efetivo: fugir. Eu saí de New York, tentando escapar de todas as ameaças que o mesmo grupo que acabou de colocar uma mordaça em mim costumava fazer. Eles não queriam só eu, mas eu sabia que o acesso que haviam conquistado era somente a mim, então resolvi me afastar de toda minha família e pessoas que importavam.

Eu achei que daria conta sozinho. Veja só minha situação agora, veja só nossa situação.

-Sua namorada desmaiou, o que acha disso? - Um dos homens se aproxima, era impossível dizer quem era porque eles sempre usavam máscaras e capuzes largos, mas eu os diferenciava pelo tom de voz, e esse era o número um na escala de tons firmes.

A voz dele era semelhante a uma porta velha se fechando, parecia um disco arranhado. Aproveito sua expressão de imponência e o fato de que está brincando com uma faca entre os dedos em um barco em alta velocidade e uso o ombro para fazê-lo cair. Eu sabia como desfazer um nó, e o que tentaram fazer nas cordas em meu pulso era péssimo, portanto não foi difícil retirar as amarras e ficar livre.

Começo a socar suas pernas assim que ele cai, para diminuir seu tempo de reação e impedir que levante. Seu braço enrosca em meu pescoço e sinto o frio da lâmina de sua faca cortar minha bochecha, percebo que o homem não havia deixado sua faça cair, e o resultado imediatamente vem: estou fodido.

Não deixo que isso me abale, continuo me debatendo loucamente, arranco a mordaça com uma das mãos livres e só assim percebo quanto sangue estou perdendo. Meu corpo só está refletindo o ódio, a frustração que minha mente sente e isso provavelmente faz com que eu ignore todas as sensações desagradáveis e  físicas. Toda a dor.

-Merda, esse escrotinho parece um vira-lata cheio de ódio! - Outro homem se aproxima, afastando aquele que estava atrelado em um emaranhado de membros meus.

Depois dessa frase, não me lembro de muita coisa, mas algo me atingiu na nuca. O tipo de golpe que vem para desnortear, apagar.

...

Dor. Dor e um pouco mais de dor.

Não lembro de sentir meu corpo tão esgotado e dolorido, nem mesmo quando caí de skate e quebrei a perna ou quando fiz uma cicatriz enorme nas costas surfando em uma praia onde as ondas quebravam em rochas pontiagudas me senti tão miseravelmente mal.

Recobro os sentidos devagar. Primeiro, percebo o chão frio e sólido embaixo de meu corpo, que tem um aspecto úmido. Depois, abro os olhos e reparo no teto, era um concreto bruto, cheio de infiltrações e rachaduras. Busco me sentar, captando a luz que perpassava uma única janela no pequeno barracão, ela tinha gradil - obviamente não queriam que ninguém fugisse.

Merda, pensar nisso me faz lembrar tudo que está acontecendo com minha vida.

-Não, Harry, você não está no inferno. - Ouço a voz de Ginny, do centro do cômodo, onde duas camas velhas ocupam o espaço, com colchões finos e cobertores puídos. - Até porque você e o satanás devem ser amigos, então não ia estar com essa cara de assustado.

The Kidnap - Hinny Onde histórias criam vida. Descubra agora