cap. 12

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Hermione Granger - The Kidnap
🎧BIRDS OF A FEATHER, Billie Eilish

As coisas em Miami estavam um caos.

Enquanto algumas pessoas choravam, gritavam e se esperneavam, eu tentei ficar calma. Noventa por cento das vezes em que enfrentei problemas em minha vida, sempre tentei me manter ciente e ponderar todas as opções que me levariam a uma resolução eficaz, estou certa de que nunca havia me preparado para ver meus amigos serem sequestrados, mas mesmo assim me esforcei para continuar racional.

Primeiro, me afastei das pessoas histéricas e consegui ficar perto da Luna. Tive que impedir os gêmeos de pegarem um jet sky e sairem como loucos atrás de uma lancha que muito provavelmente continha vinte caras com armas e muito bem preparados para malucos inconsequentes. Depois, tentei falar com Ron e convencê-lo a vir para minha casa de veraneio, junto de Fred, George e Luna, Dean recusou e Draco - como o insuportável que é, preferiu ir embora.

Agora, estávamos todos em minha sala de estar, inquietos e com medo.

-Isso não faz sentido, não faz sentido... - Ron repetia, com as mãos na cabeça.

Apesar de termos discutido pouco tempo atrás, esse tipo de situação indiscutivelmente deveria acabar com qualquer bobeira, e foi o que aconteceu. Mas, justamente por conhece-lo, eu sabia que de nada ia adiantar ficar sentada ao seu lado dando batidinhas consoladoras em suas costas.

Precisamos fazer algo, e foi o que eu tentei.

-Na verdade, faz sim. Nossas famílias são ricas, tem bens e todo tipo de coisas que esses filhos da puta podem querer! - George comenta, com raiva.

-A questão é: por que Ginny e Harry? - Fred questiona, se levantando do sofá onde estava sentado.

-Precisamos reunir informações e tentar descobrir todo tipo de coisa possível. - Luna diz, enquanto bebe um copo de água, se esforçando para manter a calma.

-Como? A gente não sabe merda nenhuma. - Ron responde.

-Na verdade, sabemos sim. - Falo, olhando para cada um deles. - Há alguns dias atrás, quando eu e a Luna fomos com a Ginny pegar nossos vestidos, um carro parecia nos perseguir.

-Isso é verdade. - Luna concorda. - Fui eu quem... bom, eu notei antes, era preto, um jeep, e não tinha como enxergar quem estava nele.

-Ginny conseguiu desviar, mas independente disso: tinha alguém perseguindo o carro do pai de vocês. - Falo, os observando.

-Mas durante esse último ano, isso foi tudo o que aconteceu? Uma perseguição nos últimos três dias? - Fred questiona.

-Vocês deveriam ter contado sobre a perseguição para alguém. - Ron corta seu irmão e nos repreende.

-Você conhece sua irmã, Ron, e ela não queria que contássemos para ninguém porque poderíamos tornar toda essa questão do casamento ainda mais estressante! - Luna diz, exasperada.

-Certo, deu para entender, e cala a boca Ron. - George comenta. - Bom, enfim, é só isso que vocês tem para contar? É só isso que aconteceu com a Ginny nos últimos meses, anos...

-Com a Ginny, sim.

Uma voz diferente de todas as outras que estavam se sobrepondo no ambiente fala. Lentamente, a imagem de Draco surge de trás de uma das pilastras que esperava o hall de entrada da sala de estar de minha casa.

Como ele havia entrado? E porque disse para mim que não iria vir aqui, que iria embora? Não faz o menor sentido e o clima dessa situação me faz suspeitar de qualquer mínima atitude, de qualquer um. Entretanto, decido ponderar as circunstâncias, e por estarmos sem prova alguma, até uma pessoa como Malfoy pode contribuir significativamente.

Se você souber reconhecer o que pode ser exagero ou mentira, qualquer idiota se torna útil.

-Como assim? E o que diabos você está fazendo aqui, Draco? - Fred pergunta, se aproximando dele de maneira ameaçadora.

Draco leva suas mãos para o alto, soando irônico, e desvia o corpo de Fred até que possa se sentar em um canto vazio do enorme sofá branco.

-Eu estava saindo, indo embora, mas aí os policiais começaram a chegar, com eles os jornalistas, que diga-se de passagem, todos são sujeitinhos nojentos! E eu pensei...

-Seja mais breve, imbecil. - George se revolta.

-Se me tratar desse jeito estúpido mais uma vez, vão ficar sem saber de porra nenhuma. - Draco soa afetado, e arrumando seu cabelo loiro demais, evidenciando ainda mais sua mesquice. - Bom, seus pais estavam discutindo algumas coisas e um cara da nossa idade estava parecendo um espírito obsessor encima do Sr. Potter, falando que conhecia o Harry, que queria saber o que tinha acontecido...

-Então tem um cara de Miami, aqui dentro, falando que conhece o Potter? Como acha que isso pode nos ajudar? - Questiono, sem rodeios.

-Bom, é só ligar os pontos, Harry se mudou para cá e ninguém sabe muito bem o motivo, aí do nada aparece um cara daqui e diz que conhece ele e que quer ficar por dentro de absolutamente tudo. Esquisito, no mínimo. - Draco termina seu discurso com um olhar que exalava superioridade e algo como "Vocês podem até me desprezar, mas não tem como negar minha utilidade ".

-Acho que esses caras que os sequestraram querem grana, muita grana, e vão barganhar o resgate, mas sinto que Potter ter saído de Nova York está completamente ligado a isso tudo. - Fred diz, tirando sua gravata. - Talvez ele também estivesse sendo perseguido, mas esse cara de quem você falou pode estar sendo um tipo de impostor, e só está aqui para levar informações para os outros...

-Independente disso, precisamos conhecê-lo antes, e a partir disso tirar conclusões melhores. - Luna fala e se levanta. - Fred e George, vocês podem ficar perto do seu pai e do James para analisar todas as questões técnicas disso, pois qualquer informação já é muito para nós, e Ron, você pode tentar conhecer esse garoto, tirar alguma coisa dele. Eu e Hermione podemos ficar junto de Lilian, buscando saber alguma razão para que Harry tenha se mudado. E você, Draco, faça o que sabe fazer melhor: seja enxerido e inconveniente, e acabe descobrindo mais algumas coisas.

-Não entendi. Enxerido e inconveniente é para ser um elogio diante dessa situação? - Draco pergunta.

-Você entendeu muito bem, seboso. - Fred adiciona. - Agora, vamos lá, eu e George vamos ver como as coisas estão saindo.

Eles se despedem e saem, admiro o autocontrole que estão tentando demonstrar, deve ser difícil não sair gritando, afinal se trata da irmã deles. Minha amiga, minha melhor amiga, e o meu melhor amigo. Que merda.

Draco vai embora, logo em seguida, Luna diz que vai ir ver como está a mãe de Harry e restam apenas eu e Ron na sala.

-Minha irmã, porra, e o Harry. Eu sei que eles não vão morrer, eu sinto isso, mas e se? E se eles fizerem algo com eles? Podem até não matar, mas não significa que vão estar em uma suíte cinco estrelas... - Ron se permite descarregar suas frustrações e se senta, finalmente, com suas mãos apoiando o topo da cabeça.

-Eu não sei como reagir, Ron, eu costumo sempre consertar as coisas, mas dessa vez eu não...Não consigo.

-Não precisamos consertar tudo, só não, não sai daqui, entende?

Meneio a cabeça em um sim, e o abraço. Ficamos ali por tanto tempo que provavelmente havíamos deixado muitas coisas acontecerem, mas não importava, pelo menos eu sentia que tinha alguém. E isso era o suficiente, por agora.

The Kidnap - Hinny Onde histórias criam vida. Descubra agora