cap. 10

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Ginny Weasley - Um ano antes/Flashback
🎧Friends - Chase Atlantic

Mais uma vez, tive que me enfiar clandestinamente em uma das festa dos gêmeos. Apesar de ser irmã deles, nunca tinha convite para conhecer a tão famosa casa de festa dos Weasley's, que ficava em um bairro recluso de Nova York e nem mesmo eu entendia como Fred e George conseguiram negociar um imóvel sem chamar atenção da minha família - enquanto eu, não podia sair vez ou outra para qualquer lugar que fosse que já estava na mira de meus pais e com menos uma chance de tocar os negócios.

Independente disso, eu não ousaria reclamar, já bastava ter conseguido chegar aqui com ajuda de Hermione. Diferente de mim, Ron sempre a ajudava a estar aqui, portanto eu usava desse fato para me beneficiar.

-Ei, Gin, acho que aquele garoto quer algo comigo. - Luna grita em meu ouvido, tentando ser ouvida em meio a música alta e as luzes coloridas que faziam com que nosso foco se dispersasse a cada segundo.

-Que garoto? Eu não 'tô vendo ninguém olhando para cá. - Falo, revirando a sala toda com meus olhos. Tinha gente demais aqui para reconhecer olhares furtivos.

-Mas eu 'tô vendo, e agora ele está fazendo alguns sinais. Acho que quer me beijar, eu vou lá. - Mais alguns gritos e pronto, eu estou sozinha aqui.

Decidi ir em buscar de cerveja. Estávamos na sala, que no meio da completa muvuca de pessoas tinha dois sofás e o restante do espaço completamente liberado para os caras do som e as pessoas. Não sei como a cozinha desse lugar se encontrava e não tive coragem de subir para o segundo andar, apesar de não ser a primeira vez que venho furtivamente aqui, a casa está sempre com muitos jovens e seus hormônios completamente ativos. Só sei que Hermione e Ron tem um lugar só para eles lá encima.

De qualquer modo, meu destino é o hall de entrada, onde as bebidas ficavam dispostas em uma mesa anexada no canto da parede, com um pôster gigante com a cara de meus irmãos e a frase: "Se for beber, beba muito!".
Suspiro, meneando minha cabeça em negação devido a tamanha idiotice, enquanto pego um copo, só então reparo que Harry Potter está em minha frente, impedindo que eu faça isso.

-O filho prodígio dos Potter também sabe beber? - Questiono, e ele se vira bruscamente em minha direção, quase derramando cerveja em mim. Por um tris, ele se recupera.

Harry e eu não nos falamos desde que, bem, desde que crescemos. Éramos amigos quando crianças, amigos inseparáveis, mas a pré adolescência chegou e destruiu tudo como se não tivesse significado. É incrível como o tempo pode mudar as coisas.

-E aí, Ginny. O que te fez falar comigo? Achei que a gente tinha um botão programado pra falar só "Oi, tchau". - Ele diz e termina de encher seu copo, eu sorrio enquanto faço o mesmo no meu.

-Isso é porque você é o único que não está com as mãos na bunda de alguém e nem a boca em certo... locais. - Digo, encostando o corpo na beirada da mesa e bebendo um pouco da cerveja.

-O copo parece mais vantajoso que isso, sendo sincero. - Ele diz e quando vai continuar sua frase, um cara abre a porta e parece prestes a vomitar.

Sua mão livre rapidamente segura na minha e quando vejo, estou sendo levada para fora da casa. Aparentemente, Potter me salvou de ter os tênis sujos pelo vômito alheio.

-Onde você vai me levar? Sabe que definitivamente não vai ser na minha bunda onde vai colocar as mãos. - Digo, quando percebo que Harry está me levando um pouco além do que simplesmente fora de casa.

-No quintal, se você aceitar e não ficar repetindo as palavras "bunda" e "mãos" o tempo todo. - Soltando a minha mão, ele deixa de me guiar, mas eu ainda o sigo.

Não vou conseguir nada melhor aqui e eu não sai de casa querendo beijar alguém, meu objetivo era só desafiar meus irmãos, mesmo que eles nem sequer façam ideia de que cheguei até aqui. Então, Harry Potter parece uma opção relativamente boa.

Andamos até chegarmos em um balanço meio escondido pelos arbustos, sentamos ali e eu não sabia o que falar ou como conversar. Potter e eu escrevemos nossa histórias em linhas opostas, e nas minhas, ela se limitava a Miami. Nunca acreditei que pudéssemos ser amigos em Nova York, porque todos meus instintos me diziam que não podia ser a mesma pessoa aqui.

-Lembra quando ficávamos até tarde na varanda da sua casa em Miami, vendo as estrelas? - Potter questiona, se esforçando para puxar algum assunto.

-Lembro. O Ron ficava enxergando desenhos nas constelações que ninguém entendia, só ele. - Falo, olhando para o céu.

-É uma merda que tenhamos crescido tão rápido, as coisas eram mais fáceis. Particularmente, até hoje imagino que todos os meus problemas se resolvem quando vou para Miami. - Harry fala e eu não me surpreendo com suas opiniões, eu sabia que qualquer conversa com ele desenterraria o passado, inevitavelmente.

-Mas você sabe, não 'dá para fugir, aqui ou lá as coisas vão evoluir da mesma forma. Mas especialmente nesse lugar as coisas negativas parecem ser amplificadas, umas vinte vezes mais.

-Andou tendo problemas também?

-O de sempre. Meus pais me cobram demais por uma conduta, e isso não acontece com meus irmãos, fico meio frustrada.

-Que droga. Se isso te consola, eu estava ficando com a Cho e faz exatamente dez minutos que a vi sentada no colo de um cara aleatório.

-Olha só, tem alguém mais fodido do que eu. - Após goles simultâneos na cerveja, olhamos um para o outro.

O contato visual parece o suficiente para fazer com que uma ideia florescesse em minha mente. O tipo de ideia que não tem como dar um fim: ou você faz acontecer, ou você morre pensando como seria se tivesse feito.

O rosto de Harry parece se iluminar junto do meu, e ele se aproxima um pouco mais.

-Potter, você talvez pense que eu estou louca, mas acabei de pensar em algo que pode dar um fim em nossos maiores problemas. - Ele se afasta como não fosse exatamente isso que esperava, mas aguarda pacientemente que eu diga o que penso.

Só consigo imaginar que, se isso der certo, não vou mais precisar ficar a sombra dos meus irmãos.

The Kidnap - Hinny Onde histórias criam vida. Descubra agora