19| pêssego doce

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Capítulo 19:
pêssego, mais doce que o mel

***

FAZIA uma semana que Jungkook estava evitando Jimin. Desde a conversa que teve com Félix sobre a real natureza de seu futuro esposo, ele não sabia como iria olhar para Jimin e continuar a conviver com ele normalmente sem que a culpa o esmagasse.

Sentia um remorso tremendo pelo que aconteceu com o inovakiano, sem mencionar que o ódio que nutria pelos Park se enraizou ainda mais em seu coração. Como poderiam colocar tal maldição numa pessoa como Jimin? Como poderia alguém fazer isso como uma pessoa que é sua família, sangue do seu sangue?

Estava com os nervos à flor da pele, e não conseguia controlar seu próprio cheiro, nem acabar com sua ansiedade. Temia que seu descontrole afetasse Jimin, que precisava do ambiente mais pacífico e equilibrado o possível para se recuperar, então escolheu se afastar.

Félix estava tentando encontrar uma forma de se livrar da maldição, mas não era tão simples. O mais provável era que aquela maldição estivesse com Jimin desde a infância, e estava sendo alimentada desde então pelos sentimentos de milhares de pessoas que já morreram, de milhares de pessoas que se ressentiam dos Park, e sendo alimentada pelo próprio sofrimento de Jimin.

Era como tentar arrancar com as mãos uma árvore com centenas de anos.

— A opção mais fácil que nós temos no momento é transferir a magia de uma pessoa para outra. Isso causaria uma dor terrível nele, mas se tivéssemos sucesso, ele estaria livre. No entanto, não é uma prática comumente usada, e pode haver muitas sequelas. Já que desconhecemos a base da maldição, desfazer os sigilos mágicos seria quase impossível. Outro problema seria achar um hospedeiro, já que uma pessoa comum morreria recebendo tal carga de poder de uma única vez.

— Não podemos usar uma criatura mágica?

— Bem, é possível, mas precisaríamos de uma criatura mágica com porte o suficiente para lidar com tal poder, o que significa que tal animal seria potencialmente perigoso e poderia acabar enlouquecendo e nos atacando. E outra, também precisaríamos da permissão de Armitis.

Jungkook ouviu atentamente a explicação, o que lhe tirou as esperanças. Conseguir a permissão da deusa das criaturas para sacrificar um de seus animais era praticamente impossível. E embora não conhecesse Jimin a muito tempo, entendia o suficiente para saber que ele nunca aceitaria que outra pessoa ou animal sentisse a mesma dor que ele.

— Ele nunca iria aceitar isso.

Félix encolheu os ombros, se sentando em uma das poltronas do escritório do alfa sem pedir licença.

— Eu sei, mas estou te contando para que não me digam depois que fui negligente com as informações — o mago o analisou por um tempo, notando suas olheiras fundas e as rugas de preocupação marcadas em sua testa. Jungkook estava muito mal... — Se não encontrarmos uma solução, o que vai fazer?

— Vou encontrar o Park desgraçado que fez isso com Jimin, e vou usá-lo para acabar com a maldição — o olhar no rosto do moonfang era uma prova irrefutável de que ele cumpriria suas palavras, nem que para isso precisasse ir ao inferno cem vezes e voltar.

 — Bem, é possível, mas você precisaria aniquilar cada maldito Park vivo. Enquanto essa família existir, a maldição será perpetuada.

— Mas a força da maldição pode diminuir, certo? Se eu matá-los...

— Há uma possibilidade, mas a cura da maldição só começa com a cura de Jimin. Ele precisa entender sua real posição nessa história, e então se livrar do ressentimento. Você não está planejando começar uma guerra, não é?

A Camélia e o Lobo • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora