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-Simone Tebet-


_Eu sinto muita falta dela_ diz.

_Eu posso imaginar_ ela me olha, assente e baixa a cabeça.

Mais do que simplesmente imaginar a falta que ela sente da sua mãe, eu posso entender muito bem a dor que ela sinta, pois convivo com três dores da perda de pessoas as quais eu mais amava na vida e faria de tudo, então sei como esta loira se sinta durante todo esse tempo após a perda de sua mãe.

_Não gosto nem de imaginar uma vida agora sem o meu pai, seria demais para mim_ eu a olho.

Por quê tinha de existir algo para que eu não desse continuidade com o plano que trouxe comigo em minha mente desde o Rio de Janeiro? por quê essa mulher tinha que está no meu caminho, me impedindo de ser mais ágil no que vim fazer aqui? Soraya Thronicke se tornou uma barreira para eu não ir mais a fundo com aquilo que eu queria.

_Seria muito difícil não é?_ ela me olha.

_Com certeza, preciso dele tanto quanto preciso de ar para respirar_ após sua fala eu paro.

Ainda escuto a voz da loira se seguindo me dizendo mais algumas coisas, porém eu continuo parada no mesmo lugar, digerindo o que ela acabara de dizer à mim, como eu tiraria a vida de quem a ajuda viver? porra, ela tinha mesmo que está nesse caminho que eu quis seguir?

Eu vim do Rio de Janeiro, deixando tudo para trás, com um plano elaborado, para fazer justiça à morte do meu irmão, e me encontro diante de uma pedra no caminho que não é tão simples de tirar e dar seguimento, se ela não estivesse aqui, eu já teria acabado com tudo.

Eu já teria matado José Augusto, mandante do assassinato do meu único irmão, e voltado para onde nunca pensei em sair, sei que ele jamais pensou no sofrimento da família daquele que ele tirou a vida, mas eu penso em como ficará a pessoa sem ele aqui.

_Ei, me deixou ir falando sozinha_ ouço ela dizer, volto pra realidade.

_Perdão loira, fiquei com o pensamento distante_ digo.

_Algo que meu pai mandou você fazer?_ me olha.

Eu a olho e lhe encaro, olhar para essa mulher me faz lembrar de imediato do seu pai, ela é semelhante à ele, e isso me lembra do ódio que sinto por aquele que destruiu os sonhos do meu irmão, mas ela não tem culpa.

_Sim, acho que é melhor você voltar, eu vou seguir sozinha_ falo a ela.

_Achei que estivesse gostando da minha companhia_ ela fala.

_Eu estava, acredite, mas preciso voltar e cumprir com minhas obrigações_ explico.

_Eu não posso interferir, vou deixar você com seu trabalho, foi bom conversar com você_ ela fala.

A jovem loira se aproxima de mim, põe uma mão em meu ombro e se firma nas pontas dos pés para que assim, consiga deixar um beijo na minha bochecha, ela fica corada no outro segundo, dá ainda um sorriso tímido e se afasta de mim, seguindo seu caminho de volta para a fazenda.

Fico parada a olhando ir seguindo, agora com passos mais rápidos do que antes, o vento não tão forte faz com que seus cabelos loiros fiquem bagunçados, fecho meus olhos, se ela soubesse que é por conta dela mesma que não fiz ainda o viria fazer.

_Droga_ resmungo.

Chuto uma pedra que estava na minha frente e vai parar ao longe, era exatamente isso que eu queria fazer, dar um basta nessa situação que resolvi pegar para mim e pronto, fim de papo, serviço pronto, mas como eu disse antes, não é tão fácil como eu pensei.

A pistoleira Onde histórias criam vida. Descubra agora