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-Simone Tebet-


Eu estava inquieta naquela cama desconfortável, me remexia, virava para um lado, virava para o outro, ficava de peito pra cima, uma grande agonia que eu estava sentindo, logo me peguei sonhando com meu irmão, eu estava indo até sua fazenda, andávamos a cavalo, Eduardo estava sorridente.

"Venha ver como está minhas plantações"

Ele me chamou, mudamos então o rumo da direção à fazenda e seguimos para a outra área, fomos indo para a plantação que ele tinha acabado de falar, e quando chegamos, senti felicidade e orgulho ao ver.

"Estou orgulhosa"

Falei a ele e vi seu grande sorriso, seus olhos brilhantes me mostravam a alegria que ele tava sentindo, voltei a olhar para toda aquela plantação de café, mas aos poucos o sorriso que tínhamos no rosto foi sumindo quando escutamos algo se aproximando.

Eduardo olhou para trás de mim, ficou assustado, e agora eu via medo em seus olhos e não mais aquela alegria de minutos atrás, me virei, havia três homens montados em seus respectivos cavalos, cada um com suas armas.

"Simone, fuja daqui"

Ouvi meu irmão me pedi, eu não queria fazer isso, mas com certa força ele me empurrou quando uma arma foi apontada na minha direção, em menos de um minuto ele dessa vez se colocou na minha frente e escutei o disparo.

Aqueles homens então fugiram dali, meu irmão já estava jogado no chão ensanguentado, eu me desesperei, da mesma forma como fiquei desesperada quando recebi a ligação e soube de sua morte, haviam tirado a vida dele, e eu não pude fazer nada, então eu despertei.

_Estou falhando meu irmão_ falei.

Continuei sentada na cama, tirei o lençol e joguei para o lado, ainda estava um pouco ofegante e suava, e essa era a minha verdade, eu estava falhando, eu não tava conseguindo fazer o que eu prometi ainda lá no Rio, Eduardo deve está decepcionado comigo, eu tenho certeza, e acho que até meus pais também.

_Eu sempre fui essa fracassada mesmo_ murmuro.

Decidi levantar, andei até o banheiro e joguei uma água gelada no rosto, me encarei no espelho, me xinguei mentalmente, neguei para mim mesma e baixei a cabeça, o que eu estava fazendo ainda aqui nesse lugar se eu não tô conseguindo ir adiante com aquilo que eu planejei?

_A melhor coisa que eu posso fazer, é ir embora_ digo.

Com a raiva que tomou conta de mim, saí feito fera de dentro do banheiro e fui até o pequeno guarda roupa, tirei a minha mochila dali e atirei para cima da cama, fui pegando as roupas e colocando tudo dentro da bolsa, cheguei a colocar tudo e puxar o fecho, fechei os olhos e suspirei, ainda é madrugada, ninguém vai ver mesmo, assim será melhor.

_Mas o que é isso?_ pergunto baixo quando ouço algo cair na cozinha.

Deixo a mochila de lado e saio do quarto, ainda estou de blusa regata e calça moletom, fui andando pelo corredor até chegar na cozinha, a mesma estava escura, mas vi quem estava ali, mas precisamente agachada no chão, liguei a luz e vi os cacos de vidro espalhados no piso, vejo sangue.

_Céus, o que aconteceu?_ ando até ela.

_Parece que eu me machuquei_ ela diz.

_Deixa eu te ajudar com isso_ falo.

_Ai Simone, calma, ai_ eu percebo que ela está chorando.

_Está chorando por isso? foi só um corte de leve, tenho certeza_ ela me olha.

A pistoleira Onde histórias criam vida. Descubra agora