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-Soraya Thronicke-


_Isso não seria errado?_ pergunto.

Não obtenho respostas pois minha pergunta foi direcionada para meu próprio reflexo no espelho, eu não consigo responder, não posso dizer e denominar o que nessa vida é certo ou errado, quem sou eu pra julgar e bater o martelo e dizer que as coisas são de um jeito e pronto? pois bem, não sou ninguém.

_Mas não é errado amar_ falo.

Amar? eu falei isso mesmo? eu estou falando de amor, e quando eu falava de amor antes, sempre me vinha em mente a minha família, e agora ao falar essa palavra pequena, no momento atual o que as lembranças me trazem são a imagem de Simone, da mulher que soube me tocar antes mesmo de usar sãos mãos.

_Eu amo você? seria isso amor que estou sentindo?_ me encaro no espelho do banheiro.

Eu ainda estou enrolada na minha toalha cinza, na cabeça há outra toalha para enxugar meu cabelo mais rápido, elevo minha mão e acabo trazendo para meu rosto, com as pontas dos dedos eu raspo em meus lábios, os quais foram tocados pela primeira vez por aquela mulher, para a qual eu pedi que me beijasse, e ela quis aquilo tanto quanto eu tava querendo.

_Eu gostei_ digo baixinho.

Fecho meus olhos, a lembrança daquele domingo invade minha mente com força total que me faz suspirar, lembro de como fiquei entregue à ela embaixo daquele pé de macieira, embaixo de seu corpo sobre o meu ou eu em cima do seu, eu havia tido meu primeiro beijo com alguém que eu estou me apaixonando.

_Por uma mulher_ sussurro.

Por ser por quem é a pessoa que eu estou me vendo apaixonada me trás uma certa dor adiantada de um possível desprezo da única pessoa que eu amo e sei que me ama também com todas suas forças, o meu pai, o que ele iria achar de sua única filha mulher amando outra mulher?

_Isso é tão confuso, meu Deus_ digo.

Será confuso ou eu já estou me precipitando com o futuro novamente? só de imaginar eu contando isso à ele em voz alta me deixa assustada apenas por imaginar sua reação em saber de uma coisa dessas, relacionamento foi o tipo de assunto que eu nunca tive com ele, e com ninguém.

_Será que ela gostou tanto quanto eu, desse beijo?_ me pergunto.

Trago minha mão até meu seio, lembro de como senti os seios volumosos dela sobre os meus, do seu corpo colado ao meu, de seus toques suaves em mim, do respeito que ela teve comigo, da delicadeza do seu beijo, de sua paciência em ir no meu tempo naquele momento do beijo.

_Simone_ profiro seu nome baixinho.

Pego minha escova e começo a escovar os dentes, saio do banheiro minutos depois quando resolvo deixar de lado um pouco dos meus pensamentos adiantados, assim eu não sofro por antecipação como já me aconteceu tantas outras vezes por coisas bobas que eu pensava.

_Mas agora isso não é uma coisa boba_ falo.

_A menina deu de falar sozinha de novo agora foi?_ dou um pulo com a voz de dona Marta.

_A senhora ama me assustar, não é?_ lhe olho, a porta do meu quarto estava aberta.

_O que estava falando? quer conversar minha filha?_ ela continuava parada perto da porta.

_Entre Marta, não quero ninguém nos ouvindo_ falo.

_Quem além das paredes iria nos ouvir?_ lhe olho.

_Cadê meu pai?_ pergunto.

_Tá desde cedo por aquelas plantações_ sinto um aperto no peito quando ela diz isso.

A pistoleira Onde histórias criam vida. Descubra agora