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-Simone Tebet-


Eu me encontrava andando em círculos dentro do quarto, a demora está me irritando, descobri recentemente a gravidez de Soraya e já estou preocupada com o bebê por conta das emoções que ela pode sentir com essa situação que está acontecendo entre ela e o seu pai, logo ali no escritório dele.

_Preciso ir lá_ falo.

Mas penso também antes de sair, esse é um momento entre pai e filha, e eu não poderia interferir, apesar de querer entrar naquele escritório, pegar aquela loira e partir agora mesmo para o Rio de Janeiro, o lugar onde poderíamos viver em paz e bem, mas não poderia também simplesmente levá-la sem saber se ela desejaria ir.

_Que agonia meu Deus_ murmuro.

Chego a sair do quarto e ir até a porta do escritório, ouço algo cair lá dentro e um soluço logo em seguida, Soraya está chorando, o que ele estaria fazendo com ela? não saber o que tá acontecendo tá me deixando doida já, e se eu arrombasse essa porta?

_Simone?_ ouço a voz de Marta.

Eu olho para a mais velha que está ali de pé, a mesma me chama e vou até ela, lhe acompanho até a cozinha, me sento, mas levanto logo de novo porque estou mais inquieta do que nunca.

_Aguarde você ser chamada, ou ela te procurar_ diz.

_Estão demorando muito, e eu ouvi alguma coisa caindo lá dentro_ falo.

_Não acho que seu José tenha a coragem de fazer algo tão ruim com a filha, ele nunca levantou a mão para ela_ me fala.

_É, mas diante dessa situação, muita coisa é possível, tudo pode acontecer_ tomo um gole de água.

Eu já ia descer para ir dar continuidade na lida, mas ela insistiu e eu não saí logo de seu quarto como ia sair, se eu fosse mais firme nas palavras talvez eu não estaria nessa agonia toda que estou agora, tudo que me resta é esperar, e quando decido sair para a varanda, a porta do escritório se abre.

Vejo Soraya aparecer ali, lágrimas escorrem por seu rosto, ela tenta vir até mim mas o pai não deixa, encaro os dois, ele manda ela subir, mas ela não faz logo isso, fica ali sobre um dos degraus, porém, mesmo relutante ela acaba indo, mas assim que José me chama, ela desce as escadas de novo correndo até nós.

_Não pai, não faz nada com ela_ pediu chorosa.

_Eu mandei você subir Soraya_ falou sério.

_Seu José, vamos conversar_ eu falo.

_Vamos, vamos conversar sim_ diz ele.

_Pai, por favor_ olho para ela.

_Me acompanhe Simone_ o homem fala e passa por mim.

_Pai, por favor pai_ ela grita de novo.

_Para o quarto Soraya, já mandei_ José diz de forma mais séria.

_Simone_ ela me chama.

Eu paro antes mesmo de ter saído da sala, a forma que ela me chamou doeu em mim, aqueles olhos cheios de lágrimas, o rosto inchado, os lábios vermelhos, ela deu um passo para tentar vir até mim e o pai se colocou na minha frente.

_Pro quarto Soraya_ fala ele, e é o que lhe resta fazer.

E o que me resta é lhe acompanhar, eu vi sua arma marcando bem atrás, o casaco cobria mas marcava, eu ou ele iria morrer, e do jeito que estou, cheia de ódio ainda, sou capaz de cometer agora o que eu disse que iria fazer.

A pistoleira Onde histórias criam vida. Descubra agora