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-Simone Tebet-


_Droga_ resmungo.

Em um dia eu me vejo seguindo uma direção certa na minha vida, voltando para os trilhos, sendo feliz e começando a construir uma família, e no outro dia, me vejo de forma completamente derrotada, sofrendo e com medo de perder a mulher que amo como jamais pensei em amar alguém, e isso é culpa minha, toda minha, fiz tudo errado quando eu deveria ter feito o certo.

O que eu deveria mesmo fazer? ir embora sem matar José Augusto e pronto, ou ficar, e contar para a Soraya sobre minha vingança? eu fiquei, mas isso não me fez contar quando tive as diversas oportunidades, talvez, só talvez ela me entendesse, mas não descobriria daquela forma terrível que descobriu, e por culpa disso ela está aqui nessa cama de hospital.

_Simone?_ escuto José me chamar.

Olho na sua direção, o homem parece agora sereno, não aparenta estresse como aparentou horas atrás e não tiro sua razão, pois se devia ao fato de eu ter enganado sua filha e não ter lhe contado a verdade, eu sei que fui uma covarde.

_Diga seu José_ me levanto.

_Me acompanhe_ então sai andando.

Muitas coisas se passam em minha cabeça agora, eu não tive mais notícias da sol porém continuei aqui no hospital, não sei como está nosso filho, e se toda essa emoção que ela sentiu com a descoberta afetou o bebê e ela possa ter perdido? eu não iria me perdoar nunca se eu tivesse causado a perda do meu próprio filho.

O que se passa também é que ele possa me mandar embora da fazenda sem nem ter direito de falar com a Soraya, se isso acontecesse, significaria que eu ficaria longe dela e do filho que ainda vai chegar, como eu poderia viver longe de quem mais amo nesse mundo agora?

_Tem notícias dela? eu preciso saber_ digo.

_Por quê mentiu?_ ele perguntou e não respondeu.

_Como eu poderia chegar lá e contar o que realmente fui fazer em sua fazenda?_ o encaro.

_Minha filha está sofrendo, você sabia disso? essa mentira destruiu ela Simone, tem noção?_ me olha.

_Eu tenho, e acredite ou não, eu quis contar, eu iria contar à ela e daria a oportunidade de se afastar de mim de uma só vez_ falo.

_Mas não contou, preferiu continuar usando a minha filha até enfiar um filho nela_ diz irritado.

_Eu sei dos meus erros José, mas saiba, Soraya foi a única causa de eu não ter acabado com você quando pude_ nos olhamos.

_A Soraya?_ assinto.

_Quando cheguei e vi todo aquele amor dela pelo senhor, vi como seria difícil, e então a gente se apaixonou, e tudo ficou mais difícil para eu não te matar_ sou sincera.

_Seria melhor ter feito isso do quê ter destruído ela com essa mentira_ diz.

_O senhor não é nenhum santo, matou o meu irmão para ficar com as terras dele, do meu único irmão, sem nenhum tipo de peso na consciência_ resolvo tocar então no assunto.

Quando ele chegou no quarto da sol começamos uma breve discussão, mas a Soraya então passou mal, deixamos todo e qualquer desafeto de lado para socorrer ela, ao chegarmos e ela dá entrada no hospital, fui impedida de ir vê-la, estou há horas aguardando por uma notícia dela e do bebê, José Augusto pediu com certeza que nenhum médico ou enfermeira me dissesse algo.

_Eu me apaixonei por sua filha, isso não é mentira, e quando percebi isso, desisti de fazer o que ia fazer, pois ela precisa do senhor_ falo.

_Por quê não foi embora então? seria bem melhor, assim ela não estaria sofrendo desse jeito_ me fala.

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