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-Soraya Thronicke-


_E lá vão eles mais uma vez_ sussurro para mim mesma.

Estou parada bem perto da minha janela, um novo dia já chegou e meu pai seguiu para sua lida, acompanhado dela, de Simone, seu braço direito como assim ele a dominou, agora ela já está um mês aqui na fazenda e alguns dias, mas aquela cisma ainda permanece dentro de mim.

_Queria arrancar isso do meu peito_ digo baixo.

Queria muito poder tirar isso de mim, pois de certa forma me incomoda, ter convivência com uma pessoa e sentir algo quando estou perto, seria só cisma que eu esteja sentindo dela mesma?

_Está doida Soraya?_ me repreendo.

Nunca tive nenhum tipo de relação mas posso dizer para qual lado eu jogo, não tenho dúvidas disso, ou tenho? não, não deve haver dúvida nenhuma comigo quanto a minha sexualidade, o que sinto por essa mulher não passa de uma cisma tola, e que com o tempo dela aqui trabalhando, irei me acostumar e esquecer isso.

_Sim, você vai esquecer_ falo.

_Começou a falar sozinha agora, menina sol?_ dou um salto pelo susto.

_Dona Marta só deve querer me matar de susto, tenho certeza_ a mais velha sorrir.

_Estava olhando os dois daí dessa janela?_ pergunta.

_Eu? que nada, tava olhando o dia lindo que está lá fora_ minto.

_Deixe disso menina, a dona Simone faz um bom trabalho para seu pai, e você sabe que ele gosta de pessoas competentes_ diz.

_Eu sei, mas precisa disso tudo? todo esse agrado, até comer com a gente ela come_ ando até minha mesa.

_Ciúmes do seu pai?_ a olho.

_É só uma cisma_ digo.

_Cisma com o quê? não vai me dizer que a menina pensa que seu pai e a Simone..._ eu sabia o que ela ia falar.

_Não dona Marta, isso é a última coisa que passa pela minha cabeça_ me sento.

_Então qual é a cisma que a menina está tendo?_ olho para a mais velha de novo.

_Eu não sei explicar dona Marta, isso é horrível, ficar cismada com alguém de repente_ levanto.

_Não devemos ignorar o que a gente sente minha filha, vai ver você tenha motivos para se sentir assim_ passo a mão no rosto.

_Que motivos eu teria para cismar tão de repente com essa mulher que se tornou apenas mais uma funcionária do meu pai?_ olho para dona Marta.

_Você nunca cismou a toa com as coisas, menina sol, nunca_ ela diz isso e sai.

Solto uma lufada de ar, dona Marta é uma das únicas pessoas que me conhece como ninguém, isso que ela falou é verdade, eu nunca cismei a toa com as coisas, quando eu via algo que me deixava incomodada e implicava, descobria logo depois do por quê eu ter agido de tal maneira.

_Se há algo que me faz cismar com ela, o que seria?_ pergunto para o nada.

Não posso acreditar que ela estaria aqui por exemplo a mando de algum inimigo do meu pai para que fizesse algo com ele, caso fosse, por quê ela perderia tanto tempo para executar o plano? se de fato existe um plano.

_Se ela tem a faca e o queijo na mão, por quê não agiu ainda?_ questiono.

Talvez porque não há nada que a fará agir diante de alguma coisa, talvez ela seja mesma apenas essa pistoleira, talvez ela chegou aqui por acaso, e talvez ela seja só essa boa funcionária para meu pai e ponto, fim de papo, e eu que tô fazendo todo esse rebuliço, quem sabe eu é que esteja errada sobre tudo.

A pistoleira Onde histórias criam vida. Descubra agora