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-Simone Tebet-


Eu não sabia o quão fácil seria encontrar o mandante da morte do meu irmão Eduardo, tudo para que ficassem com as terras dele, que havia lutado tanto para conseguir, perdeu assim, em um piscar de olhos, mas eu prometi a ele que iria me vingar quem fez isso.

_Minha sorte é essa carta_ falo só para mim.

A carta a qual me refiro foi mandada pelo meu irmão um dia antes do seu assassinato, suas palavras escritas a tinta preta me contam em detalhes o que passou a acontecer na vida dele quando iniciou sua vida na fazenda, eu lembro que ele estava muito animado, me ligava quase todos os dias para contar sobre as sementes que já tinha comprado.

_E tudo acabou em um piscar de olhos_ murmuro.

Não, não acabou em um piscar de olhos, acabaram com ele rapidamente para tomarem suas terras, porra, meu irmão era somente a única pessoa que eu tinha, não vivíamos mais juntos desde que nossos pais morreram pois cada um de nós resolveu seguir caminhos diferentes.

Ele quis construir sua vida no campo, e eu sempre gostei da cidade, procurei estudar, me formar e trabalhar, logo que eu soube do que lhe aconteceu, larguei tudo no Rio de Janeiro e vim para cá, e logo me deparei com ele, seu José Augusto, à procura de um pistoleiro, e olha eu aqui.

_Foi tão fácil_ dou um sorriso.

A minha vinda para o Mato Grosso do Sul foi somente para dar fim naquele que acabou com um pedaço de mim, Eduardo era meu irmão mais velho, era o único que eu tinha de sangue perto de mim, e aí vem um infeliz desse e leva a vida do meu irmão embora assim sem mais nem menos.

_Só para ficar com uma droga de terra_ nego comigo mesma.

Preciso estudar tudo aqui nessa fazenda onde vou fazer moradia, mas eu tenho prazo para executar o meu plano, e depois de feito, deixo tudo para trás novamente e volto para a minha cidade atual, voltarei a viver minha vida tranquila pois já terei vingado a morte do Eduardo.

_Tudo por você, irmão Edu_ digo e olho na direção do céu.

Penso no que ele poderia estar fazendo agora lá em sua fazenda, quem sabe o que ele iria plantar já começasse a dar resultados, sei que ele me encheria de fotos, era bom ver sua felicidade, e difícil é manter convivência com aquele que acabou com os sonhos da pessoa que foi meu único porto seguro depois dos meus pais.

_Precisa ter muito sangue frio_ resmungo.

Eu ia passando por perto da fazenda Vieira Thronicke quando avistei aquele carro branco ir parando já na entrada da mesma, por quê não ir logo acabar com ele? eu pensei, poderia muito bem, era só mirar a arma e feito, hoje ele estaria sendo enterrado.

_Droga_ taco um travesseiro na parede.

Desci do cavalo o qual dei meu jeito de conseguir, fui me fingindo de boa pessoa para ele até estarmos frente a frente, lógico que ele não me conhece, só disse meu primeiro nome e me apresentei como pistoleira, muitos fazendeiros tem casos de problemas de brigas com seus rivais, e isso atraiu a atenção dele.

_Idiota_ falo.

Após se interessar por minhas habilidades, como assim ele falou, o mesmo quis presenciar de perto, tirei então a arma que trouxe comigo e mirei na direção de uma lata distante de nós, eu poderia ter mirado para ele e apertar o gatilho, mas não o fiz, farei isso no tempo certo.

Apertei o gatilho com tando ódio que só vi a lata voar longe após o tiro, José me olhou admirado, fez elogios, disse o quanto eu era boa e que era de uma pessoa assim que ele procurava, mal sabendo que está bem do lado da mulher que o odeia por ter tirado a vida do irmão dela.

A pistoleira Onde histórias criam vida. Descubra agora