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-Soraya Thronicke-


_Foi aqui, você lembra?_ pergunto à ela.

_Tem como esquecer?_ ela me olha.

_Sei lá, as vezes as pessoas esquecem_ digo.

_Eu não sou essas pessoas_ me diz.

_Então você lembra dos outros beijos que já deu em outras pessoas?_ acabo perguntando.

_Vai começar?_ pergunta séria e com uma frieza incômoda.

Eu ia dizer algo mas escolhi ficar calada, e logo me arrependo de ter feito tal pergunta, não sei porque sou assim, estávamos tendo uma tarde tranquila aqui debaixo da macieira, a qual estivemos juntas uma vez e aconteceu o meu primeiro beijo com ela, foi mágico aquele momento para mim assim como nossa primeira vez.

Notei que fiquei calada até demais, estava envergonhada da pergunta que eu lhe fiz, por quê fui puxar o seu passado para esse nosso presente? só faço merda, essa é a verdade, estávamos indo bem até então, ela parou daquela confusão dela e assim eu também não fiquei mais confusa, mas sei lá, fico pensando muito.

Antes que eu diga algo para quebrar o clima decido ainda continuar calada e pensar no que eu pensava ontem quando estava com ela, pois esses pensamentos só vem quando estou ao seu lado, pois quando estamos juntas eu penso no que meu pai iria achar disso, ele teria vergonha de mim?

_Ficou muda_ ela murmura.

_Melhor assim para não falar merda de novo_ digo.

O silêncio voltou, ela nem disse nada e eu não fiz questão também, e o clima agora ficou completamente chato, mas por culpa minha, reconheço isso, posso ter minhas implicâncias, até fazer birra, mas tenho reconhecimento das coisas certas e erradas que venho a fazer.

_Melhor eu voltar, iria tentar uma receita que vi na internet_ falo e me sento.

_Tudo bem_ ela diz.

Achei que ela não iria me deixar ir tão facilmente assim, sei que errei, mas esperava ela me chamar para conversar sobre esse meu erro, e eu estava pronta para pedir desculpas, mas depois do seu simples "tudo bem", resolvi não dizer mais nada, logo me levantei, ela faz o mesmo e segue até o cavalo para desamarrar o mesmo.

_Vou levar você_ ela diz de lá.

_Não precisa_ digo, guardando as coisas na bolsa.

_Deixe de birra, vamos_ insiste de novo.

_Já ocupei metade de sua tarde que poderia estar trabalhando, não vou atrapalhar mais_ pego meu óculos do chão.

_Soraya, deixe disso_ coloco minha bota.

_Fique aí, continue seu trabalho_ pego a toalha quadriculada do chão.

_Estou mandando você subir, vamos_ eu lhe olho.

_Você não é minha mulher para mandar em mim_ eu falo.

_Não sou ainda_ nos olhamos.

_É bom que continue não sendo, assim é melhor pra você se livrar da confusão que eu sou_ me virei e segui caminho.

Ainda escutei ela me chamar, mas não dei ouvidos para voltar e fui andando, sozinha assim como eu havia vindo mais cedo, como assim eu tinha combinado com ela de vir ficar ao seu lado um pouco nessa tarde de quarta feira, mas era melhor eu ter ficado em casa estudando, evitaria voltar machucada para casa.

A pistoleira Onde histórias criam vida. Descubra agora