𝟬𝟰

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      NÃO DAVA PRA ACREDITAR quando soube que Beatriz estava de volta

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      NÃO DAVA PRA ACREDITAR quando soube que Beatriz estava de volta. A última vez que a vi, as coisas estavam estranhas, e a verdade é que a gente nunca se despediu direito. E, claro, eu nunca imaginei que ela reapareceria assim, do nada.

Deu um certo impacto entre nós jogadores, já que ninguém imaginava que o Artur iria sair. O cara gente boa demais e entrosado com todo mundo. O pessoal já estava comentando, claro. Não tinha como não comentar.
Porém lembrei do assunto que eu tinha puxado com ele sobre o time de Hortolândia e as coisas fizeram mais sentido. Foi onde eu joguei quando criança e me senti na necessidade de ajudar um pouco, indicando o médico mais profissional que conheço para dar uma forcinha.

Mas na real, foi um dia como qualquer outro, nada tão importante assim também. Acordei cedo, fui treinar e, de repente, lá estava ela: Beatriz, muito diferente do último dia que nos vimos em meados de 2012, quando me mudei para jogar no Rio.

Ela estava linda. Muito mesmo. Mas era a Beatriz, a que sempre teve aquele jeito de arrumar uma confusão, de fazer você lembrar que nada nunca é simples com ela. Sempre tivemos nossas implicações, mas, no fundo, foi uma das pessoas mais importantes para mim.

Eu tinha nove anos quando meus pais decidiram se separar. O motivo eu não sabia, mas coisa boa com certeza não devia ter sido. Como a minha mãe abriu mão da guarda, eu e a Gabriela ficamos morando com nosso pai. Ao longo dos anos a gente foi perdendo o contato com a nossa mãe, mais por opção dela no começo. Depois, foi quase um consenso e ninguém nunca mais se procurou. Na maior parte das coisas o meu pai conseguiu suprir, claro que não tudo, mas conseguiu em alguns quesitos.

A partir daí, eu e Gabriela praticamente começamos a morar na casa da Paula e do Artur, pais da Beatriz. Meu pai saía para trabalhar de manhã e só voltava a noite, então era o dia inteiro convivendo juntos. A Paula nunca teve problema em ter nós dois ali e sempre nos tratou como filhos dela, assim como Artur. Ela era amiga da minha mãe e nunca conseguiu entender o real motivo do sumiço, ninguém na verdade conseguiu. Mas não fez tanta importância depois de um certo tempo.

A questão sempre foi entre eu e a Beatriz. Nunca foi um problema ter duas pessoas a mais em casa, já que todo mundo sempre conviveu e era maneiro a "colônia de férias" de todos os dias. Mas nós nunca nos demos bem e isso refletia bastante nas nossas brigas. Lembro de ficar os dois de castigo olhando um para a cara do outro pedindo desculpas cem vezes. Claro que a gente perdia a conta várias vezes e tínhamos que começar do zero, aumentando ainda mais o ódio.

Mas, ironicamente, essas brigas só faziam com que a gente se aproximasse de uma forma estranha. No meio da confusão, sempre havia algo ali que nos unia, um sentimento de camaradagem que surgia e as formas de nos vingar dos adultos, como ela colocar alvejante nas roupas da mãe dela e eu esconder a chave do carro do meu pai de manhã antes dele sair para trabalhar.
No fim de tudo, os dois eram descobertos e sempre acabavam ficando o final de semana inteiro trancados em casa de castigo, vendo as crianças da rua brincando pela janela.

𝐈𝐌𝐏𝐑𝐄𝐕𝐈𝐒𝐓𝐎 | 𝖦𝗎𝗌𝗍𝖺𝗏𝗈 𝖲𝖼𝖺𝗋𝗉𝖺Onde histórias criam vida. Descubra agora