𝐈𝐌𝐏𝐑𝐄𝐕𝐈𝐒𝐓𝐎 | 𝖦𝗎𝗌𝗍𝖺𝗏𝗈 𝖲𝖼𝖺𝗋𝗉𝖺

𝟮𝟬

      𝗢 𝗔𝗠𝗕𝗜𝗘𝗡𝗧𝗘 𝗛𝗢𝗦𝗣𝗜𝗧𝗔𝗟𝗔𝗥 𝗡𝗨𝗡𝗖𝗔 𝗠𝗘 𝗧𝗥𝗢𝗨𝗫𝗘 𝗖𝗢𝗡𝗙𝗢𝗥𝗧𝗢. O cheiro de desinfetante, as paredes claras e as pessoas indo e vindo em suas rotinas médicas sempre me deixaram inquieta. Sentada na recepção, meu olhar vagueia entre as cadeiras de plástico enfileiradas, a televisão pendurada na parede que transmite alguma reportagem qualquer, e os rostos desconhecidos ao redor. Meu estômago está embrulhado de nervosismo, e o leve tremor nas minhas mãos não colabora com a minha tentativa de parecer tranquila.

—— Fica tranquila, Bia. Daqui a pouco sai o resultado. ——— a voz de Helena é suave, mas ao mesmo tempo firme. Ela tinha conseguido uma forma de acelerar o processo do exame de sangue, o que deveria ser um alívio... Mas não era.

—— Eu sei, eu sei... Mas não dá pra relaxar assim. ——— respondi, tentando sorrir, mas o nervosismo não me deixava.

—— Relaxa, Bia. Vai ser positivo, 'tô sentindo. ——— Cadu estava sentado do meu lado, girando o celular nos dedos, claramente nervoso também —— A médica morreu lá dentro? Que demora.

—— Amor, ela já 'tá ansiosa o suficiente, não ajuda. ——— Helena disse, enquanto me olhava com preocupação.

—— Cadê a médica, então? Tem quase uma hora que ela sumiu. ——— levantou um dedo, parecendo indignado.

Suspirei, tentando acalmar meu coração que parecia querer sair pela boca.

—— Cadu, 'tá tudo bem. Eu já fiz o exame. ——— mostrei o curativo no braço, onde a agulha tinha entrado —— Foi tranquilo, a médica foi ótima. Agora é só esperar, mas... Sei lá, não 'tô acostumada com isso. Acho que 'tô me apegando à ansiedade.

Helena apertou minha mão, sempre calma, sempre presente. Ela, claro, trabalhava no hospital, mas naquele momento, era mais que uma médica: era minha irmã, alguém que sabia exatamente o que eu estava passando.

—— Sei que é difícil, mas vai dar tudo certo. Letícia vai cuidar de você. Ela é uma excelente médica, e, além disso, é minha amiga. ——— sorriu de leve, como se quisesse aliviar o peso da situação.