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      QUANDO ALGUMA COISA COMEÇA a dar errado, parece que nada pode ser feito para reverter a situação, a não ser sentir uma ódio crescente e deixar tudo como está

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      QUANDO ALGUMA COISA COMEÇA a dar errado, parece que nada pode ser feito para reverter a situação, a não ser sentir uma ódio crescente e deixar tudo como está. E hoje foi justo o meu dia de experimentar isso na prática.

Eu estava no estacionamento no CT, lutando contra a frustração enquanto tentava descobrir o que estava errado com meu carro. O motor estava teimosamente mudo, e após várias tentativas frustradas de ligá-lo, minha paciência estava esgotada. O calor do meio-dia só parecia amplificar meu desespero. Com o cabelo preso em um coque desleixado e uma fina camada de suor escorrendo pelo rosto, eu estava a ponto de perder a cabeça.

——— Puta que pariu! ——— falo, dando um tapa no volante com raiva ——— Era só o que faltava hoje.

A tentativa de ligar para a assistência da empresa também não estava dando certo. A linha estava congestionada, e eu fui obrigada a ouvir uma gravação interminável de "aguarde um momento". Cada segundo que passava parecia uma eternidade. Eu precisava chegar à minha clínica, onde minha mãe estava administrando e precisava da minha presença por lá urgentemente. E se tem algo nessa vida, junto de outras cem coisas, que ela não suporta é atraso. Era um daqueles dias em que a pontualidade era caso de vida ou morte e, claramente, o carro estava decidido á cavar a minha própria cova.

——— Que droga, por que hoje? ——— resmunguei, tentando manter a calma enquanto procurava o número de um mecânico no telefone. Cada chamada não atendida parecia uma nova camada de frustração.

Foi então que ouvi uma voz familiar e irritante por perto. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas parecia que Gustavo tinha um talento especial para aparecer nos momentos mais inoportunos. Ele encostou no carro ao lado, com aquele sorriso provocativo que sempre fazia meu sangue ferver.

——— Olha quem decidiu aparecer pra atrapalhar ainda mais. ——— murmurei, sem me virar para olhá-lo.

——— E aí, Biazinha. ——— diz ——— Deu problema na nave?

——— O que você acha? ——— retruco, com um tom de sarcasmo que eu não fazia questão de disfarçar.

——— Parece que tem alguém precisando de ajuda. ——— fala, como se eu não estivesse ali.

——— Não me diga, ô Sherlock Holmes do interior de São Paulo. ——— ele riu com a frase.

Gustavo deu a volta e abriu o capô, olhando para o motor com uma expressão de alguém que está tentando se manter sério, mas claramente está se divertindo. Ele começou a mexer em alguns fios e olhou para mim com um ar de quem sabia o que estava fazendo.

——— Se você não quiser ficar esperando aqui a boa vontade da assistência, eu posso dar uma olhada. ——— disse ele.

Eu não tinha muitas opções e estava com o tempo contado. Aceitei a oferta com um suspiro, tentando não pensar que estava entregando a responsabilidade do meu carro para alguém que quase me fez partir dessa para uma melhor umas três vezes quando criança.

𝐈𝐌𝐏𝐑𝐄𝐕𝐈𝐒𝐓𝐎 | 𝖦𝗎𝗌𝗍𝖺𝗏𝗈 𝖲𝖼𝖺𝗋𝗉𝖺Onde histórias criam vida. Descubra agora